31.3.11

Há 35 anos atrás os fascistas assassinavam o Padre Max e a Maria de Lurdes, que serão evocados numa iniciativa no próximo dia 2 de Abril em Vila Real

Realiza-se no próximo dia 2 de Abril, uma iniciativa evocativa de Maximino Barbosa de Sousa, mais conhecido como Padre Max.


às 12 horas - Concentração à entrada do cemitério (junto ao Quartel) e uma breve intervenção.

às 15 horas - Sessão no Hotel Mira-Corgo (Avª 1º de Maio nº 76) evocativa de Maximino Barbosa de Sousa - com depoimentos de antigos alunos do Pe. Max e pequenas intervenções/testemunhos.


A iniciativa é levado a efeito por uma comissão organizadora de amigos/as, associações como a AUDP e a Pe. Maximino (com sede em S. Pedro da Cova-Gondomar), bem como o Bloco de Esquerda.

Recorde-se que Maximino Barbosa de Sousa (conhecido por Padre Max) tinha 32 anos, e Maria de Lurdes Pereira 19. O primeiro, era padre, professor do liceu e candidato independente a deputado nas listas da União Democrática Popular (UDP). A segunda, uma aluna e apoiante do candidato. No dia 2 de Abril de 1976, o carro em que ambos viajavam – na localidade de Cumieira para Vila Real – foi alvo de um ataque bombista, matando-os.


Depois de várias peripécias judiciais os alegados autores do assassinato, conhecidos membros do movimento fascista MDLP, responsável junto com o ELP, de uma criminosa campanha contra-revolucionaria em 1975 e 1976, foram ilibados pelos tribunais, apesar de todas as evidências.


Trinta cinco anos depois o padre que aceitou ser candidato para “fazer chegar a sua voz aos mais humildes” aguarda Justiça na campa 1240 do cemitério de Santa Iria, em Vila Real.

Cordão humano à volta da estação ferroviária de Vila Real em defesa do Linha do Corgo ( dia 2 de Abril, às 15h.)

Movimento Cívico Pela Linha do Corgo realizará no próximo dia 2 de Abril, sábado, às 15.00 horas um evento apartidário em defesa da requalificação da Linha do Corgo. A acção consistirá num Cordão Humano à volta da estação de caminhos de ferro de Vila Real.


Esta iniciativa está a ser promovida através da rede social Facebook, e através da plataforma na internet do MCLC em http://linhaferroviariadocorgo.wordpress.com/ A iniciativa serve também para celebrar os 105 anos da inauguração da Linha do Corgo através de uma acção de protesto contra o atraso na reabertura do troço Régua – Vila Real e a favor da reabertura do troço Vila Real – Chaves.

Para além da conjuntura actual de crise económico-social, agravada no Interior pela falta de acessos e de mobilidade, os quais são componentes fulcrais para o desenvolvimento e competitividade de qualquer região, a sociedade actual não se pode mais dar ao luxo de ser tão dependente de um meio de locomoção tão dispendioso e poluidor como o automóvel.


No entanto, é com profundo alarme que o MCLC e outras entidades ligadas ao universo ferroviário português constatam que, nos últimos 20 anos, Portugal foi o ÚNICO país da Europa Ocidental a perder passageiros na ferrovia, enquanto que em países como a Espanha esse número mais que duplicou em igual período de tempo.


Para além disto, é com firmeza que o MCLC condena a consignação de mais 17Km de ecopista no canal da Linha do Corgo, no município de Vila Pouca de Aguiar. É incompreensível como a moda irreflectida das ecopistas em leitos ferroviários grassou pelo país, quando se repetem as provas de que este equipamento para além de caro (na Linha do Sabor chega a custar 125.000 EUR/Km, fora a renda anual de 10.000 EUR devida à REFER pela autarquia de Torre de Moncorvo), tem um retorno económico-social diminuto ou mesmo nulo. A sua atractividade turística é no mínimo duvidosa, para além de que as suas zonas de implantação são mal servidas de acessos e de oferta de mobilidade à população, tendo como resultado que os cicloturistas deixam pouco rendimento na região, e que à população local muitos outros equipamentos fazem bem mais falta.


No que ao mau serviço à população diz respeito, disso não restem dúvidas: Imaginemos um carro a ir da estação da Régua à de Chaves e regresso, via A24 (87Km), a gastar uma média de 6,5 litros aos 100Km, com o combustível a 1,50 EUR, e o valor da portagem em 7,20 EUR (Régua – Chaves). Imaginemos agora a mesma viagem, mas de comboio pela Linha do Corgo (97Km), através do pagamento de um bilhete inteiro (7 EUR, tarifa Regional, aproximadamente) ou através de uma assinatura mensal de estudante (185,65 EUR, aproximadamente):

1. Num mês, o comboio é mais barato que o carro em 347,30 EUR via bilhete inteiro, e em 441,65 EUR com uma assinatura mensal de estudante.

2. Num ano, a diferença é de 4.514,90 EUR via bilhete inteiro, e de 5.927,10 EUR com uma assinatura mensal de estudante.


Comparação agora com uma viagem num autocarro de uma das empresas que efectuam o percurso Régua – Chaves actualmente (Nota: a empresa escolhida só faz 2 viagens por dia neste trajecto, e demora 1h40m a fazê-lo, a um preço de 8 EUR. A Linha do Corgo, com o troço Régua – Vila Real a 40Km/h e Vila Real – Chaves a 70Km/h levaria, com paragens de 3 minutos em Vila Real, Vila Pouca de Aguiar e Chaves, 1h48m):

1. Num mês, o comboio seria mais barato em 40 EUR para bilhete inteiro, e em 134,35 EUR em assinatura mensal de estudante.

2. Num ano, a diferença análoga seria de 520 EUR e 1.932,20, respectivamente.


Assumimos que as deslocações da maior parte dos pensionistas do município de Vila Pouca de Aguiar não contemplarão a locomoção a pé ou de bicicleta, das suas habitações à sede de concelho, pela ecopista. No entanto, as diferenças acima explanadas só por si dariam para estes cidadãos viverem com um pouco mais de dignidade e qualidade de vida.


Movimento Cívico pela Linha do Corgo (MCLC)

Vila Real, 23 de Março de 2011