9.10.10

Nato = Morte eram as palavras de uma faixa exibida hoje no alto da Torre dos Clérigos no Porto


No dia 9 de outubro 2010 a PAGAN - Plataforma Anti-Guerra Anti-NATO, em resposta ao apelo internacional para exigir o cessar-fogo no Afganistão, e nove anos depois do início dessa guerra, colocou uma faixa na torre dos clérigos onde se lia NATO=MORTE


Torre dos Clérigos exibe repúdio pela guerra no Afeganistão

NATO = MORTE foi a mensagem lançada esta tarde na torre mais emblemática do Porto, numa faixa que pretendeu mostrar repúdio pela guerra que a NATO promove há nove anos no Afeganistão.

Nove anos depois do início duma guerra imoral e ilegal mesmo à luz dos seus próprios estatutos, a NATO vem a Lisboa, nos dias 19 e 20 de Novembro, definir o novo Conceito Estratégico, ou seja, assinar a passagem a letra de lei da morte do carácter defensivo da aliança militar.

Lisboa, assistirá, assim, ao parto burocrático da NATO como guarda avançada dos vencedores do capitalismo, com carta branca para assassinar sempre que os seus interesses estejam em perigo.

Nove anos depois do início desta nova NATO que em Novembro se pretende ratificar, não quisemos deixar de responder ao apelo internacional para um dia de acção global pelo cessar-fogo no Afeganistão.

PAGAN - Plataforma Anti-Guerra, Anti-Nato
http://antinatoportugal.wordpress.com/




Porque somos contra a NATO

A NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte) foi criada em 1949 como uma organização militar para a defesa colectiva em relação à União Soviética Esse papel é sublinhado no artigo 5 do tratado e afirma que o ataque armado a um dos membros é considerado como um ataque a todos os membros.

A NATO foi fundada pelos EUA, Canadá e 10 estados europeus, incluindo Portugal. Juntaram- se, depois, Grécia, Turquia e Alemanha Ocidental. Quando esta última aderiu, em 1955, a União Soviética e os países de Leste reagiram, formando o Pacto de Varsóvia.
Para os EUA, a Europa funcionava como defesa avançada, fora do continente americano. A União Soviética fazia o mesmo com a Europa de Leste. Com o fim da guerra-fria, em 1989, e o posterior desmantelamento da URSS, o inimigo comum desaparecia. Desde essa altura, a NATO, que deveria desaparecer com o inimigo, tem-se legitimado através duma série de vagas ameaças potenciais.

Nos anos 90, com a guerra civil na Jugoslávia, a NATO encontrou um novo papel: operações humanitárias. Em 2001, o 11 de Setembro deu-lhe outra razão para existir: a “guerra contra o terrorismo”. Hoje, para além de manter a Europa como posto de defesa avançado, os EUA conseguem, através da NATO, ter o continente europeu como plataforma para incursões no Médio Oriente, Ásia Central e África, a partir das suas bases militares e da utilização de infraestruturas para o transporte das suas tropas.

Para a Europa, a importância da NATO ainda assenta, para alguns estados membros, no seu papel de defesa colectiva e, para outros, é o instrumento através do qual eles podem ter um papel mais preponderante na cena política mundial. Outros ainda vêem a Aliança Atlântica como forma de influenciar a política dos EUA e delimitarasuatendênciaparaounilateralismo.
Na realidade, o que a NATO significa, para nós, europeus, é que, neste momento, estamos em guerra. As bombas não estão a cair na Europa.

Estão a cair a vários quilómetros de distância, no Iraque e no Afeganistão. No entanto, a guerra começa aqui: a Europa serve como rampa de lançamento para intervenções militares em todo o mundo. Sem a utilização da logística das suas bases europeias, os EUA nunca conseguiriam ter invadido o Iraque. A NATO não é uma alternativa ao unilateralismo dos EUA. É o que o torna possível.

A NATO é responsável por dois terços dos gastos militares mundiais. Os seus potenciais inimigos têm registos bastante mais modestos: 6,3% (China) e 3,9% (Rússia). E os inimigos flutuantes, dos quais devemos ter medo a cada dia, ainda são mais comedidos: 0,5% (Irão).

Na Cimeira de Lisboa, em Novembro próximo, deverá ser assumida uma visão de futuro que passa por uma NATO com objectivos globais e com membros de todo o mundo, o que, a acontecer, a transformará numa aliança militar mundial. Ou seja, se houver um conflito no Pacífico, a Europa está automaticamente envolvida.

Lisboa será palco de outras decisões e, tudo indica, que os objectivos da aliança serão alargados, de forma a incluir a segurança energética. Isto significa que a NATO passará a estar disponível para utilizar a força militar, onde quer que seja, desde que considere, por exemplo, que o abastecimento de petróleo ou gás possa estar em perigo.

A possibilidade de serem utilizadas tropas para repor a ordem pública em caso de levantamentos populares, para impedir a entrada de refugiados e para substituir as forças civis de imposição da ordem onde quer que queiram, nomeadamente em território europeu, deverá ser outro assunto da Cimeira de Lisboa.