25.5.10

Capitalistas atacam os trabalhadores: salários baixam na Grécia, Portugal e Espanha


Capitalistas atacam os trabalhadores.: salários baixam na Grécia, Portugal e Espanha

Com a actual crise mundial, que se manifestou em 2008 inicialmente nos EUA e que agora se aprofunda na União Europeia, fica claro que o capitalismo não é capaz mais de manter as condições já precárias em que vivem os trabalhadores neste sistema de produção, até mesmo nos países mais privilegiados por uma acumulação anterior.

Nos EUA, na Inglaterra e na Europa em geral, graças à anterior super-exploração colonial dos trabalhadores da América Latina, África e Ásia, conseguiam-se sustentar uma série de vantagens para boa parte da sua classe trabalhadora. Isto fazia com que largas camadas dos trabalhadores desses países se adaptassem ao sistema capitalista e dessem sustentação aos partidos reformistas, trabalhistas ou social-democratas, aliados dos patrões.

Basta observar alguns factos recentes que mostram o rumo desesperado que toma conta da classe trabalhadora à escala mundial. Nos EUA, na economia mais rica do planeta, de 2008 para cá, desapareceram nada menos que 8 milhões de empregos. A chamada breve "recuperação”que foi anunciada como se a crise já houvesse passado, conseguiu criar apenas 500 mil empregos. E antes que o falso optimismo conseguisse crescer e convencer alguém, já se manifestaram as consequências europeias da crise norte-americana que parecem mais devastadoras ainda.

Se no caso norte-americano assistimos à falência apenas de uma série de bancos, na verdade, diversos Estados dos EUA possuem dívidas que já são consideradas gravíssimas, não tendo tomado maiores dimensões graças ao apoio provisório do governo Federal que não permite a decretação de falências estatais. Mas, diversos Estados e cidades norte-americanas assistiram as suas fábricas sendo fechadas sistematicamente, criando zonas semi-desérticas povoadas por desempregados.

Porém, por outro lado, o que vem ocorrendo na Europa? Estados como a Grécia, Portugal, Irlanda, Itália e Espanha mostram-se em situações gravíssimas, com dívidas enormes em relação à totalidade do que esses países produzem, o seu PIB (Produto Interno Bruto). No caso da Europa, existe a União Europeia, que seria uma espécie de nação européia única composta hoje por 27 Estados membros. Trata-se de um sonho que começou a ser elaborado um pouco após a Segunda Grande Guerra, em 1951, que visava, pouco a pouco, superar os Estados Nacionais e, sobretudo, os conflitos nacionalistas económicos-políticos catastróficos que levaram à morte de pelo menos 30 milhões de pessoas, claro que, em geral, vindas da classe operária.

No entanto, como se retornássemos no tempo, longe de uma verdadeira solidariedade, vemos a União Europeia reproduzir dentro de si os conflitos pré-Segunda Guerra. Os países com forças produtivas mais desenvolvidas foram massacrando as economias mais frágeis, quebrando os seus sistemas produtivos graças à abertura dos mercados e, agora, aqueles que estão à beira da falência são socorridos parcialmente, mas, ao mesmo tempo, ameaçados de expulsão caso não obedeçam a programas de severa “austeridade”.

Evidentemente, a chamada “austeridade” exigida pelos países mais poderosos recai directamente sobre a classe trabalhadora dos países semi-falidos. Em troca das ajudas que serão concedidas, Grécia, Portugal e Espanha, assim como os outros, terão que fazer cortes nas aplicações orçamentárias destinadas a finalidades sociais. Além disso, claro, entre as medidas exigidas, as principais são sempre reduzir aposentadorias e baixar os salários, fora que com os cortes orçamentários vem sempre o aumento do desemprego.

Na última semana de Maio , destacam-se as medidas a serem tomadas pela Espanha. A situação da Espanha, como se sabe, já é gravíssima, com um desemprego que chega a 20%, um déficit fiscal de 11,2 % e uma dívida pública de 53,2 %, ambos em relação ao PIB produzido durante o ano de 2009. Ora, estando nessas condições péssimas, tinha uma previsão de crescimento de apenas 1,8% em 2010, índice totalmente insuficiente para sair da crise. Porém, com as medidas que o país foi obrigado a tomar, o PIB deve crescer ainda menos este ano, prevendo-se somente o índice de 1,3%.

Entre as medidas propostas já aprovadas na Espanha estão a redução de 5% nos salários do funcionalismo, congelamento em 2011, suspensão de reajustes nas aposentadorias, fim das aposentadorias parciais e outras medidas directamente voltadas contra os trabalhadores. Curiosamente, o governo dito “socialista” do primeiro ministro Rodriguez Zapatero, pressionado pelo sector mais à esquerda do seu partido, diz que pretende aprovar também um novo imposto para quem possui ganhos anuais acima de 1 milhão de euros, mas, esta proposta não foi ainda confirmada, sendo adiada provisoriamente.

Como já ocorreu e continua a ocorrer na Grécia, os protestos dos trabalhadores começaram a tomar conta das ruas da Espanha e tendem a se generalizar por toda a Europa. Mesmo os países credores que realizam os empréstimos, tais como a Alemanha, sofrem grandes pressões da população e dos trabalhadores, pois, afinal os empréstimos nada mais são do que mais-valia extraída também do suor da classe trabalhadora dos países exploradores.

Diante dessas situações que vivem os trabalhadores europeus e norte-americanos, mais do que nunca é possível objectivamente a construção da unidade mundial da classe trabalhadora. Ao contrário do que ocorria há algumas décadas atrás, quando sectores da classe operária mundial possuíam maiores diferenças em seus níveis de vida, hoje os problemas se aproximam e a uniformidade programática se universaliza mais concretamente.

Os ataques que os companheiros norte-americanos, portugueses, gregos, espanhóis hoje recebem nos seus salários, nos seus direitos mínimos, na sua garantia a um emprego digno, são os mesmos ataques sistemáticos que os trabalhadores brasileiros e latino-americanos já conhecem há muito tempo. Objectivamente, hoje, mais do que nunca, é possível a construção da unidade mundial dos trabalhadores de todo o mundo em defesa dos seus salários e em defesa dos seus empregos.

http://www.movimentonn.org/

Desemprego aumenta mas apoio aos desempregados diminuiu em Portugal ( texto do economista Eugénio Rosa)

DESEMPREGO AUMENTA MAS APOIO AOS DESEMPREGADOS DIMINUIU, DESTRUIÇÃO DE EMPREGO CONTINUA, E NOS ÚLTIMOS 4 MESES FORAM ELIMINADOS 185.705 DESEMPREGADOS DOS FICHEIROS DOS CENTROS DE EMPREGO QUE O IEFP CONTINUA A RECUSAR EXPLICAR

Fonte:
AQUI


RESUMO DESTE ESTUDO

Segundo o INE, o desemprego oficial e o efectivo continuam a aumentar em Portugal de uma forma significativa. No 1º Trim.2010, o numero oficial de desempregados atingiu 592,2 mil, e a taxa oficial de desemprego alcançou 10,6%. Mas o numero efectivo de desempregados, também calculada com base em dados publicados pelo INE, atingiu 729,3 mil desempregados, e a taxa de desemprego efectiva subiu para 13%, o valor mais elevado verificado depois do 25 de Abril.

Sócrates, durante a entrevista que deu à RTP em 18.5.2010, procurando desvalorizar a gravidade do problema social que aqueles números revelam, afirmando que o desemprego registado (desempregados inscritos nos Centros de Emprego) tinha diminuído em Abril de 2010 (-986), o que mostrava, segundo ele, que a situação não era assim tão grave. No entanto, por ignorância ou para enganar os portugueses, esqueceu-se de dizer o seguinte: em 1 de Janeiro de 2010 existiam inscritos nos Centros de Emprego, segundo o IEFP, 524.674 desempregados.

Entre 1 de Janeiro e 30 de Abril de 2010, inscreveram-se nos Centros de Emprego mais 252.806 novos desempregados. Durante o mesmo período, os Centros de Emprego só conseguiram arranjar emprego para 21.007 desempregados. Se somarmos aos que estavam inscritos nos Centros de Emprego em 1.1.2010 – 524.674 – os que se inscreveram durante os primeiros 4 meses de 2010 – 252.806 – obtém-se 777.480. E se a este total retirarmos todos os que os Centros de Emprego arranjaram emprego – 21.007 – ainda ficam 756.473 . No entanto, o numero de desempregados registados nos Centros de Emprego que o IEFP divulgou em 30 de Abril de 2010 foi apenas de 570.768. É evidente que o IEFP para obter este total, utilizado pelo 1º ministro na entrevista à RTP, teve de eliminar dos seus ficheiros 185.705 desempregados. E a situação é grave porque o IEFP procura ocultar tal facto, assim como também a falta de consistência dos números que divulga para avaliar o desemprego, continuando a recusar divulgar, na Informação Mensal que publica, as razões da “limpeza” que todos os meses faz nos ficheiros de desempregados.

O desemprego tanto oficial como efectivo está a aumentar bastante. Apesar disso, o apoio aos desempregados está a diminuir em Portugal. Segundo dados divulgados pela Segurança Social, que é a entidade que paga o subsidio de desemprego, o numero de desempregados a receber subsidio de desemprego diminuiu entre o 4ºTrim.2009 e o 1º Trim. 2010, pois passou de 360,2 mil para 359,9 mil. Mas entre Fevereiro e Março de 2010, diminuiu de 373,2 mil para 359,9 mil.

Como consequência, a taxa de cobertura do subsidio de desemprego em Portugal desceu, entre o 4ºTrim2009 e o 1ºTrim2010, de 63,9% para 60,8% (se se considerar o desemprego oficial) e de 51,2% para 49,3% (se se considerar o desemprego efectivo). Como tudo isto já não fosse
suficiente, o governo pretende alterar a lei do subsidio de desemprego, para reduzir ainda mais o número de desempregados que ainda recebem o subsidio de desemprego, com o falso argumento de que os desempregados não querem trabalhar.

Mas como se pode dizer isso, e afirmar que não é difícil arranjar emprego em Portugal, quando se continua a destruir a um ritmo elevado o pouco emprego existente, como revelam também os dados do INE. Entre o 2º Trim.2008 e o 1. Trimestre de 2010, foram destruídos em Portugal 219,4 mil postos de trabalho. Apesar desta tão elevada destruição de emprego, o que torna cada vez mais difícil arranjar trabalho em Portugal, o governo, dando satisfação às exigências do patronato, que pretende ter mão de obra ainda mais barata, com salários de miséria e sem respeito por qualquer horário de trabalho, para perpetuar o modelo de baixos salários e aumentar a exploração dos trabalhadores, aprovou uma proposta de lei, que vai agora para a Assembleia da República, que estabelece que o subsidio de desemprego não poderá ser superior a 75% do salário liquido que o trabalhador recebia no período anterior ao despedimento (este salário liquido é calculado, de acordo com a proposta do governo, deduzindo ao salário ilíquido os 11% para a Segurança Social mais a taxa de retenção de IRS), sendo depois, o desempregado obrigado a aceitar qualquer emprego desde que uma entidade patronal ofereça um salário ilíquido que seja superior ao subsidio de desemprego mais 10% (recorde-se que o subsidio de desemprego é inferior a 75% do salário liquido recebido pelo trabalhador no emprego anterior) .

E isto durante o primeiro ano, porque ao fim de 12 meses de desemprego o trabalhador é obrigado a aceitar o emprego desde que o salário ilíquido oferecido seja igual ao valor do subsidio de desemprego, em qualquer actividade, podendo ser numa profissão que nunca teve, sob pena de perder o direito ao subsidiode desemprego. É este um dos resultados do “tango” Sócrates /Passos Coelho