27.10.09

Debate sobre o Bio-Poder, antecedida com a projecção do filme Hunger, de Steve McQueen, na livraria-bar Gato Vadio ( dia 31 de Out. às 22h.)


Debate sobre o Bio-Poder, antecedida com a projecção do filme Hunger, de Steve McQueen, na livraria-bar Gato Vadio ( dia 31 de Out. às 22h.)


Apresentação e coordenação da sessão a cargo de Rossana Mendes
Sábado, dia 31 de Outubro, 22h

Rua do rosário, 281 – Porto
telefone: 22 2026016
email:
gatovadio.livraria@gmail.com

http://gatovadiolivraria.blogspot.com/



Vencedor já de inúmero prémios, entre os quais o Caméra d'or em Cannes e Melhor Realizador Estreante nos British Independent Film Awards, “Hunger” é uma experiência visceral, graficamente violento, de uma beleza visual tão desarmante quanto o conteúdo traumático que retrata, um olhar claustrofóbico e arrojado, sem concessões.

O foco de “Hunger” é o relato (mais emocional que factual) dos últimos tempos de vida de Bobby Sands, um activista do IRA que foi preso aos 27 anos por posse de arma e condenado a 14 anos de prisão. Em 1981, iniciou uma greve de fome com o objectivo de melhorar as condições para os prisioneiros do IRA, entre as quais recuperar o estatuto de presos políticos, poderem livremente agrupar-se com outros prisioneiros, terem direito a visitas semanais e envio/recepção de correio e não serem forçados a usar a farda de reclusos. Ao final de 66 dias, a greve de fome reclamou-lhe a vida.

Apesar de ser este o centro e sentido do filme, Sands só surge como protagonista a meio da história. Antes disso, acompanhamos alguns detalhes do quotidiano de um guarda prisional (Stuart Graham), um homem cuja decência parece ficar fechada do lado de fora do estabelecimento prisional Maze em Belfast. Aí acaba de dar entrada um novo recluso, Davey (Brian Milligan), colocado numa cela mínima onde já se encontra Gerry (Liam McMahon), que veste na pele o empenhado no protesto de sujidade ("Blanket and No-Wash Protest") que teve início em 1976.

McQueen faz-nos sentir os odores fétidos dos dejectos, faz-nos escutar o rufar ensurdecedor dos bastões da polícia de intervenção nos escudos, para logo nos fazer sentir na carne as pancadas sobre os presos, quando os arranca brutalmente das celas para os lavar e revistar, violando-os sem misericórdia. McQueen move-se no limite do suportável, ao mesmo tempo que a câmara de Sean Bobbitt capta o abjecto e o belo, confundindo-os numa mesma “tela”. E, de repente, dou por mim a pensar em Guantanamo... O ser humano contra si mesmo. No meio destes guardas, McQueen tem a cuidado de observar um com atenção, acompanhando o seu choro escondido, numa explosão de humanidade. E com uma simples imagem, consegue captar a complexidade do conflito entre a responsabilidade individual e a responsabilidade colectiva.

É então que suavemente e sem alarido, o que quer dizer com violência e sangue, somos apresentados a um Bobby Sands (Michael Fassbender) de límpido e resoluto. O filme, que até aí tinha sido parco em diálogos, privilegiando o aspecto visual, é “interrompido” por um take único de 20 minutos de uma densa conversa entre Sands e um padre (Liam Cunningham). Depois da montagem ritmada que o antecedeu, este é o tempo de respiro e contextualização, do que passou e do que está para vir. Sands está disposto a usar o corpo como a última fortaleza, comprometendo-se com a sua causa como mártir, mas não como vítima. Este diálogo parece continuar muitos outros anteriores, e os dois discutem religião, família e nacionalismo. Apesar do entendimento e respeito mútuo, a recusa do padre em aceitar a greve da fome como uma arma, reduzindo-a a um simples suicídio, abre entre eles um fosso inultrapassável. Este tempo e este espaço, filmado a contra luz, é absorvente e esgotante, ao mesmo tempo.

A terceira parte de “Hunger” centra-se na degradação física de Sands, cujo impacto é tão forte como a resistência do seu espírito é inabalável. E McQueen não pestaneja um único segundo, mostrando-nos tudo sem pudor (temo em pensar naquilo que fica por ver).

McQueen não está interessado nos crimes que Sands terá cometido em nome da causa republicana. Aliás, num outro pequeno detalhe o IRA (Irish Republican Army) é posto num contraponto de equilíbrio com o seu equivalente unionista, o UDA (Ulster Defence Association). Apesar dos apontamentos em voice over de discursos de Margareth Thatcher, “Hunger” não é um filme político, o que interessa a McQueen é a motivação de Sands, a determinação de acreditar em algo até às últimas consequências.

Michael Fassbender entrega-se a este papel da mesma forma que Sands: com um compromisso total. A sua interpretação vai muito além da perda de peso, é sobretudo o seu olhar lúcido e crente que nos ataca e nos comove. Também Liam Cunningham e Stuart Graham estão particularmente fortes, este último misturando iguais doses de inquietude e resignação. É dele o gesto mais pesadamente simbólico deste filme.

A cuidada a encenação deste filme não está desligada da colaboração do dramaturgo irlandês Enda Walsh na escrita do argumento. E se “Hunger” não é de todo um documento histórico, é sem dúvida um documento emocional vestido de imagens poéticas e belíssimas composições. Insuportavelmente bonito.
( texto retirado de
http://cinerama.blogs.sapo.pt/ )

Sessões de cineclube e outras actividades em Viana do Castelo por iniciativa da associação AO NORTE

AO NORTE - Associação de Produção e Animação Audiovisual promove sessões de cineclubismo nos próximos dias 29 e 30 de Outubro, para além de uma exposição e lançamento de um livro de BD:


Dia 29 de Outubro no cinema verde viana ( sempre às quintas-feiras pelas 21h45)

Dia 29 - DUPLO AMOR, de James Gray
(Two Lovers, EUA, 2009, 110', M/12)

Dia 30 de Outubro, lançamento do livro de BD número # 05 da Colecção O Filme da Minha Vida, FITZ…, de Filipe Abranches, inspirado no filme Fitzcaraldo, de Werner Herzog.
14:00h Exibição do filme no Auditório GDCTENVC
17:15h Inauguração de exposição dos desenhos originais, lançamento do livro e encontro com Filipe Abranches.

Dia 30 no Auditório do Grupo Desportivo e cultural dos Trabalhadores dos ENVC
LARGO DAS ALMAS > SEXTAS-FEIRAS > 21h45
ENTRADA LIVRE

Projecção do filme AMARCORD, de Federico Fellini
(Amarcord, Itália/ França, 1973, 118', M/12)


A AO NORTE – Associação de Produção e Animação Audiovisual foi fundada em Dezembro de 1994 e é uma associação sem fins lucrativos. Tem por fim a produção e a divulgação audiovisual, bem como a cooperação para o desenvolvimento, na área do ensino, educação e cultura, designadamente através da divulgação das realidades dos países em vias de desenvolvimento junto da opinião pública.

A sua actividade estrutura-se em três vertentes principais: a divulgação de cinema, a produção de documentários e a formação.

AO NORTE
Associação de Produção e Animação Audiovisual
Praça D. Maria II, 113, R/C
4900-489 Viana do Castelo
Portugal

Tel./ Fax (00351) 258 821 619

ao-norte@nortenet.pt


http://www.ao-norte.com/index.htm

Galeria Santa Clara em Coimbra: leitura de contos de autores clássicos russos; colóquio sobre Gógol (dia 31 Out.), e outras actividades


Galeria Santa Clara
Rua António Augusto Gonçalves, 67
3040-241 Santa Clara
Tel 239441657,
Coimbra, Portugal


A Galeria Santa Clara existe desde Junho de 1993 e é uma “empresa social”.A receita da sua actividade deve permitir que ela se mantenha e possa assumir os seus compromissos para com as pessoas que aqui desenvolvem algum tipo de actividade e para com as empresas a quem solicita produtos ou serviços.
O nosso objectivo é aproximar a arte das pessoas e contribuir para o enriquecimento da comunidade.Achamos fundamental fazer coisas para os que nos rodeiam mas também com os que nos rodeiam.A casa onde funciona a Galeria Santa Clara tem uma cave que funciona como auditório, um rez-do-chão com 3 salas diferentes, um primeiro andar e uma esplanada com parte coberta e parte descoberta, virada para a cidade e para as ruínas do Convento Velho de Santa Clara.As parcerias com outras instituições, públicas ou privadas, associações, autarquias, escolas ou empresas, são fundamentais, quer em projectos próprios quer em projectos externos.
Preocupamo-nos com os nossos vizinhos e tentamos integrá-los nas nossas iniciativas.A colaboração e apoio dos amigos interessados e o “amor à camisola” das pessoas que trabalham connosco são uma boa ajuda.Sendo as expressões artísticas variadas e interligadas, promovemos exposições, instalações, vídeo, cinema, concertos, realizando mostras de trabalho de jovens artistas a par de outros já reconhecidos.
Pequenos contos de grandes clássicos - Leitura de contos curtos de autores clássicos russos por Rui Manuel Amaral - dia 31Out - sáb - 22H


"Conversas completas de Nikolai Gógol" - Nina Guerra e Filipe Guerra em torno de Nikolai Gógol e dos clássicos russos - 31 Out. – sáb - 18H


Nikolai Gógol nasceu a 20 de Março de 1809 na província de Poltava (Ucrânia), no seio de uma família de médios proprietários rurais. Partiu jovem para Petersburgo, a fim de fazer carreira. Passou grande parte da sua vida em viagens pelo estrangeiro e pela Rússia. Depois de uma lenta agonia, morreu a 4 de Março de 1852, num estado de ascese e em grande sofrimento.É autor de várias obras-primas da literatura universal, entre as quais “Almas Mortas”, “O Inspector-Geral”, “Tarás Bulba”, “O Nariz”, “O Capote” ou “O Retrato”, todas elas traduzidas para português por Nina Guerra e Filipe Guerra.A barriga é a heroína das suas histórias, o nariz é o herói. (…) Ninguém ingurgitara uma tão grande quantidade de macarrões ou comera um tão grande número de tortas de cereja [ao longo da vida] como este homem franzino. (…) O seu grande nariz pontiagudo era dum tal comprimento e duma tal mobilidade que na sua juventude ele era capaz (pois tinha talentos de contorcionista amador) de fazer com que a ponta e o lábio inferior se tocassem numa careta de gula. (…) O que é um facto é que o comprido e sensível nariz de Gógol descobriu novos odores na literatura (que conduziam a um novo frisson). Como diz o provérbio russo “o homem que tem o nariz mais comprido vê mais longe”; e Gógol via com as narinas.Vladimir Nabokov, Nikolai Gógol, pp. 12-15, Assírio & Alvim, 2007 (tradução de Carlos Leite).

Festa de Homenagem a José Carvalho, militante revolucionário assassinado há 20 anos por um bando nazi (30 de Out. às 21h30)


Vinte anos depois do assassinato, a APSR organiza uma festa/concerto de homenagem a José Carvalho, com seis bandas rock e um vídeo evocativo do Zé da Messa. O encontro é na sexta-feira, 30 de Outubro, às 21h30 na Caixa Económica Operária, em Lisboa.


No dia 28 de Outubro de 1989, um bando nazi de cabeças-rapadas assassinava José Carvalho à porta da sede do PSR, onde decorria um concerto antimilitarista.


José Carvalho - o "Zé da Messa", como era conhecido por todos - fez parte da Comissão de Trabalhadores da Messa, a empresa de máquinas de escrever que em tempos foi o maior empregador no concelho de Sintra, com mais de mil e quinhentos trabalhadores. Em 1985 fechou portas, deixando centenas de pessoas com salários em atraso. Nos anos seguintes, o Zé da Messa foi um dos activistas que organizaram a luta pelos direitos destes trabalhadores.

Dirigente do PSR desde o fim dos anos 70, José Carvalho foi um dos impulsionadores do trabalho antimilitarista do partido, após ter participado nos SUV - Soldados Unidos Vencerão, um movimento de militares pela democracia nos quartéis constituído em 1975. Doze anos mais tarde, foi um dos responsáveis pela organização dos concertos do bar das Palmeiras, que envolveu dezenas de bandas rock contra o serviço militar obrigatório. Foi num destes concertos que viria a ser assassinado pela extrema-direita.

Vinte anos depois, a Associação Política Socialista Revolucionária organiza uma festa/concerto de homenagem a José Carvalho, com seis bandas rock e um vídeo evocativo do Zé da Messa.

A festa/concerto terá lugar no dia 30 de Outubro, na Caixa Económica Operária, em Lisboa, a partir das 21h30, com as bandas Albert Fish, Ex-Votos, Dalailume, Revolta, Gazua e Peste & Sida.