22.10.09

Estado foi condenado pelo Tribunal Europeu dos Direitos Humanos pelo facto de um tribunal português ter punido criminalmente o autor de uma sátira




O Tribunal Europeu dos Direitos Humanos condenou ontem o Estado Português por um dos seus tribunais ter considerado difamatório o boneco que um habitante de Mortágua fez circular pelas ruas, no Carnaval de 2004, e que representava o autarca local.

O cidadão condenado, Ricardo Silva, acabou por ser punido com três anos de prisão pelo Tribunal de Santa Comba Dão e a indemnizar o Presidente da Câmara de Mortágua, Afonso Abrantes, mas os juízes europeus consideraram agora que "o episódio da sátira carnavalesca não era difamatório", condenando o Estado a pagar-lhe quase dez mil euros por danos morais e custas.

Os factos remontam ao Carnaval de 2004, quando Ricardo Silva andou por Mortágua numa carrinha, em cuja dianteira estava um painel com a frase "Empreendimentos SET-NARBA" (Abrantes lido ao contrário) e na traseira um boneco parecido com o autarca. No cimo da carrinha, pendurado num pau, estava um saco azul.

Fonte: jornal Público

Polícia do Estado de Roraima (Brasil) é a principal suspeita pela morte do Professor Chrystian Paiva, historiador, poeta,anarquista e activista social




Segundo informações acabadas de chegar do Brasil morreu o professor Chrystian Paiva, historiador, poeta, músico, activista social e sindical anarquista. A morte deu-se em circunstâncias muito estranhas e tudo indica que se tratou de mais um assassinato perpetrado por agentes policiais do Estado de Roraima, um dos Estado brasileiro onde se regista uma das mais altas taxas de mortalidade por homicídio em todo o Brasil .

A versão da polícia é de que ele se suicidou!!!
Mas a sua companheira, Adriana Gomes, e mais uma sua amiga que os acompanha na viagem desmentem a versão policial.

Recorde-se que Chrystian apoiava o Movimento de Organização dos Trabalhadores em Educação (MOTE). (consultar http://greveprofessoresrr.blog.terra.com.br/ , que mantinha um link para o nosso blogue, Pimenta Negra).

Além da luta na educação e dos professores, Chrystian também estavam envolvido no movimento contra a implantação da indústria da cana-de-açúcar em Roraima, pela Biocapital, empresa paulista recém-instalada naquele estado e que deseja montar a maior fábrica de etanol da região amazónica.
Na floresta amazónica, terra cobiçada por grandes interesses obscuros e inescrupulosos dos fazendeiros, empresas e políticos , há anos o poder promove a violência, reprime e assassina, indígenas, populares, trabalhadores sem terra, ecologistas, todos e todas que lutam incansavelmente pela Vida Plena. Há anos o capital explora e destrói a Natureza, a diversidade da Vida naquela região.



Reproduzimos a seguir o texto integral da Adriana Gomes, companheira de Chrystian Paiva, onde relata as circunstâncias em que ocorreu a morte e o presumível assassinato do professor Chrystian Paiva


Meu nome é Adriana Gomes, sou Professora efetiva do Estado de Roraima, e era companheira do historiador formado pela Universidade de São Paulo (USP), professor, poeta, escritor, musico, compositor e anarquista Chrystian Paiva. Desde fevereiro de 2009, durante os quase dois anos que esteve no Estado de Roraima lutamos juntos no Sindicato dos Professores (SINTERR).

No dia 17 de outubro, sábado, saímos com uma amiga libertária que veio do estado de São Paulo nos visitar, e fomos ao balneário Caçarí que fica um pouco isolado na cidade de Boa Vista, capital do Estado de Roraima. Tínhamos uma arma utilizada para nos defendermos, levamos para o passeio dentro de uma mochila, o estado é isolado e o poder está nas mãos dos latifundiários, as relações são coronelistas, e esses coronéis fazem suas próprias leis, eles são a lei, então usávamos a arma como precaução e auto-defesa. Passamos a noite do dia 17 e quando amanheceu, domingo (18), percebemos que havíamos trancado a chave dentro do carro e começamos a pedir ajuda. Enquanto esperávamos ajuda conversávamos com várias pessoas e o Chrystian estava bem, aproximadamente às 10h me afastei alguns metros do local e deitei embaixo de uma árvore a fim de descansar e dormi.

Aproximadamente às 11h, o Chrystian foi bruscamente abordado por uma guarnição da Polícia Militar, sob o comando do Subtenente Machado, e sem nenhum indício anterior que tivesse intenção de cometer suicídio em um balneário movimentado, em plena luz do dia. A polícia em sua versão disse que o mesmo cometeu suicídio. As testemunhas são controversas, Chrystian era destro e a bala que perfurou a sua cabeça entrou do lado esquerdo, a mão esquerda estava machucada, assim como estava com hematomas e arranhões no rosto. Tudo leva a crer que não teve como se defender, e se tivesse como se defender com uma arma de fogo não atiraria na própria cabeça na frente de policiais militares. Não acreditamos na versão oficial da imprensa e da polícia de que Chrystian tenha cometido suicídio.

O Professor Chrystian era anarquista aguerrido, com quase dois anos residindo em Roraima mobilizou os professores do Estado para lutar contra as más condições da Educação, o coronelismo autoritário implantado pelo Estado nas escolas e a política pelega do Sindicato dos Professores.

Passávamos noites juntos com ele enviando e-mails, criamos o MOTE (http://greveprofessoresrr.blog.terra.com.br/ ), e como todo bom anarquista era apaixonado pelos seus ideais e ação direta. Colecionava um grande histórico de lutas de repercussão nacional e internacional empreendida no estado onde nasceu, São Paulo, e era punk desde os 12 anos. Ficamos indignados em saber que um companheiro de luta tão importante para o movimento tenha sido vítima de uma ação de policiais truculentos, e queremos vingança.

Vamos lutar o mais que pudermos para responsabilizar os verdadeiros culpados, pedimos a ajuda de todos os amigos e companheiros de luta para divulgação regional, nacional e internacional do ocorrido.

Adriana Gomes (Professora formada na Universidade Federal de Roraima (UFRR), especialista em História Regional)
Quarta-feira, 21 de outubro de 2009, Boa Vista, Roraima, Brasil


(adaptação de notícia da ANA, agências de notícias anarquista)

Petição para os hipermercados acabarem com a comercialização de espécies de peixe de profundidade (iniciativa da Greenpeace)



Ajuda-nos a proteger um dos últimos refúgios da vida marinha do planeta!

Assina a petição aos supermercados para pôr fim à comercialização de espécies de peixe de profundidade.

Os habitats do mar profundo alojam criaturas misteriosas, frágeis e de crescimento extremamente lento. Escandalosamente, fora do nosso alcance físico e visual, navios de pesca industrial de meia dúzia de países, entre eles Portugal, estão a destruir a uma velocidade estonteante estes oásis das profundezas, por um retorno económico irrisório a nível global.
A pesca de profundidade é uma actividade inerentemente destrutiva, insustentável e ainda ineficiente. Muitas das espécies capturadas nem são utilizadas para consumo e são devolvidas ao mar já sem vida ou moribundas, enquanto os seus habitats foram irremediavelmente danificados pelo equipamento usado.
Pede aos supermercados classificados a vermelho no 2º Ranking da Greenpeace que assumam as suas responsabilidades e garantam que não vendem espécies capturadas a grande profundidade em alto mar.


PETIÇÃO


Exmos Senhores,

Como cidadão e consumidor estou preocupado com a devastação desenfreada dos ecossistemas vulneráveis do mar profundo pela pesca insustentável, levada a cabo por uma dúzia de países em que Portugal se inclui. Apesar de promessas neste sentido, as águas internacionais continuam sem uma gestão e regulamentação eficazes e as frotas industriais em alto mar estão literalmente a arrasar o fundo dos oceanos. O valor comercial desta pesca é insignificante no sector dos produtos do mar, enquanto que milhões de pessoas em todo o mundo dependem de oceanos saudáveis.

Acredito que os grandes retalhistas, enquanto principais distribuidores de produtos do mar, têm um papel fulcral a desempenhar para garantir a preservação dos habitats profundos e espécies associadas.

As espécies de grande profundidade são extremamente vulneráveis à pesca intensiva e são capturadas com métodos altamente destrutivos para os ecossistemas no fundo dos oceanos.

Venho, por isso, pedir que os vossos supermercados deixem de comercializar estas espécies, com especial destaque para o Tamboril, Peixe Espada preto, Marlonga negra, Alabote da Gronelândia, Peixes vermelhos e Tubarões de profundidade.
A nível mundial, muitos supermercados já deixaram de comercializar estas espécies e gostaria de ver os vossos supermercados a ingressar neste grupo, liderando a preservação dos oceanos. Quero ter a certeza de que, quando compro peixe nos vossos supermercados, este não é proveniente de métodos de pesca insustentáveis.

Com os meus melhores cumprimentos,



Assinar a PETIÇÃO:

O que eu penso das praxes (inquérito a várias pessoas pelo M.A.T.A., Movimento Anti-Tradição Académica)

O MATA - Movimento Anti-"Tradição Académica" começou no início deste mês a pedir a várias personalidades, ligadas ou não à universidade, que dessem a sua opinião sobre as praxes.

Podem ler e comentar no blog do MATA os primeiros 5 textos.

Muitos mais se seguirão. Por isso continuem a espreitar.

O que eu penso sobre as praxes

-
Miguel Castro Caldas
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Teresa Cadete
-
Jorge Silva Melo
-
Miguel Vale de Almeida
-
Miguel Cardina

M.A.T.A. - movimento anti "tradição académica"

mata.info@gmail.com

http://www.blogdomata.blogspot.com/




«O que eu penso das praxes», por Jorge Silva Melo


Este é o terceiro de muitos textos pedidos pelo MATA a personalidades ligadas ou não à universidade, com o tema «O que eu penso sobre as praxes». Na coluna lateral podem ver a lista dos textos que já publicámos (até agora, da autoria de Miguel Castro Caldas e de Teresa R. Cadete).

Jorge Silva Melo (n. 1948) é actor, encenador, dramaturgo, cineasta, tradutor, ensaísta. Fez parte do Grupo de Teatro de Letras da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Estudou cinema na London Film School e teatro em Berlim e em Milão, como bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian. Fundou e dirigiu, com Luís Miguel Cintra, o Teatro da Cornucópia (1973-1979). Em 1995 fundou os Artistas Unidos. Escreve também para jornais e revistas. Ver mais aqui.



O QUE EU PENSO DAS PRAXES

1. que é uma total cretinice;
2. que é uma total estupidez;
3. que é um total disparate;
4. que é uma total javardice;
5. que é uma total idiotice;
6. que é uma total patetice;
7. que é uma total falta de gosto;
8. que é um total desrespeito;
9. que é uma total imbecilidade;
10. que é uma prática totalitária.


É o que eu penso e ninguém me contradiz.

Jorge Silva Melo

Documentários e debate sobre a Gripe A, a vacina e a sua problemática social (na livraria-bar Gato Vadio, dia 23 de Out. às 22h.)

(nota: a DATA CORRECTA É DIA 23 DE OUTUBRO)


Documentários e Debate sobre a Gripe A H1N1, a vacina e a sua problemática social

Sexta-feira, dia 23 de Outubro, 22h

Livraria-bar Gato Vadio,
Rua do rosário 281
Porto
http://gatovadiolivraria.blogspot.com/

Este é o nosso plano de contingência: nenhum cidadão deve decidir tomar a vacina da Gripe A H1N1 sem antes ouvir as vozes de médicos e investigadores que a colocam em causa. Ou seja, sem antes ter acesso a informação técnica e científica credível, consistente e crítica, que enriqueça uma decisão consciente. Esforço minoritário face à informação oficial – desta vez, e grosso modo, acompanhada pela epidemia acrítica dos media de referência – e que, na prática, se consubstancia no direito do cidadão ao contraditório, à possibilidade de olhar para o outro lado da história.

A responsabilidade mais uma vez de cumprir com um serviço público – vadio e de pequena escala – pesa-nos nos ombros. A contra-informação que se gerou em redor da problemática da Gripe A H1N1 nem sempre terá sido pedagógica, isenta e producente. Não queremos por isso correr o risco de provocar um caso de alarmismo na contra-cultura citadina.

Desta forma, do programa de vídeos que exibiremos antes do debate e que poderão consultar abaixo constam notas e referências sobre os autores/envolvidos nos documentários que serão passados.

O debate contará com a presença confirmada de Médicos (Epidemiologistas e de Clínica Geral) e investigadores científicos.



Programa da Sessão (dia 23/10 às 22h.):

Documentários:

1.

O Dr. Kent Holtorf é entrevistado na Fox News sobre os sintomas e o tratamento do H1N1 (a Gripe Suína ou Gripe A). O Dr. Holtorf é um especialista em doenças infecciosas e a sua opinião sobre a vacina que chegou agora ao mercado em Outubro (de 2009) é no mínimo alarmante.

Ver:
http://www.youtube.com/watch?v=sLoL_-rFYNQ



2.

“Campanas por la Gripe A”, vídeo com a médica e investigadora Teresa Forcades.

Os dados e os factos que são trazidos a lume colocam em causa a forma como a vacina da Gripe A H1N1 foi produzida, questionam a própria virulência da Gripe A, abordam as recentes alterações por parte da Organização Mundial de Saúde que permitiram declarar a pandemia em 2009, quando o estado actual da gripe, o número de casos infectados e a taxa de mortalidade que provoca, não permitiria a declaração de pandemia com os regulamentos de 2008.



Notas:

Teresa Forcades (1966,Barcelona), é uma monja beneditina, médica e teóloga, conhecida pelas suas posições feministas e pelas suas manifestações críticas contra a gestão da Pandemia de Gripe A H1N1, designadamente contra as instituições sanitárias e as empresas farmacêuticas que produzem a vacina da Gripe A.

Licenciada em Medicina pela Universidade de Barcelona em 1990; especialidade em Medicina Interna nos EUA em 1995. Título de Master Divinitas pela Universidade de Harvard em 1997. Doutoramento em Saúde Pública na Universidade de Barcelona em 2004.

Ver:

http://vimeo.com/6790193

OU AQUI:

http://inphobe.blogspot.com/2009/10/campanas-por-la-gripe.html

OU AQUI:

http://www.youtube.com/watch?v=sEPYv6hkaTM&feature=related

3.

“GRYPA, EPIDEMIA, PANDEMIA”

Documentário com o investigador polaco Piotr Bein sobre as implicações políticas da problemática da Gripe A H1N1 e os interesses das farmacêuticas que produzem a vacina contra a chamada “gripe suína”.

(Tradução simultânea assegurada.)

Notas:

Dr. Piotr Bein holds a masters degree from the Technical University of Denmark and a doctorate in applied decision and risk analysis from the University of British Columbia. A member of the Institute for Risk Research, University of Waterloo, he served as a consultee on a recent report from the European Committee on Radiation Risk. His 30-year career of a licensed civil engineer, risk analyst, ecological economist, and researcher of socio-economic impacts of atmospheric change switched to an interest in information warfare after NATO attack on Yugoslavia. (Bein foi um dos investigadores que mais relutantemente denunciou o uso de urânio empobrecido nos Balcãs, designadamente na Bósnia e no Kosovo, polémica que ocupou também as páginas dos jornais portugueses em 2001 por causa da presença de soldados portugueses nas missões militares na Bósnia do pós-guerra).

The Institute for Risk Research (IRR) was established in 1982 to conduct research on risk management and to establish a knowledge base to assist Canadian governments, public organizations and industry in risk management decisions and policies. Research and development on measures of safety, risk management of dangerous goods, safety of blood systems, etc., provision of membership services for risk experts in Canada, risk publications and educational programs have all contributed to the mission.

Piotr Bein

Transportation Systems Consultant

Email:
piotr.bein@umag.net

Expertise: Decision analysis of civil engineering systems under uncertainty and risk; modeling and assessment of natural and man-made hazards to civil engineering works, and risks arising in transportation of people and goods.

Site do Institute for Risk Research (IRR)

http://www.irr-neram.ca/about/irr

O Hipnotizador ( texto de Boaventura Sousa Santos sobre Barack Obama)

A hipnose é um estado psíquico, induzido artificialmente, em que o hipnotizado, numa condição semelhante à de transe, fica altamente sujeito à influência do hipnotizador. O estado de concentração hipnótica filtra a informação de modo a que ela coincida com as diretivas recebidas. Estas, por sua vez, podem trazer à consciência do hipnotizado memórias por ele suprimidas. A hipnose pode conduzir a atos destrutivos para o próprio ou para outros e, passado o seu efeito, o contacto com a realidade pode ser penoso. O mundo (não todo, mas uma boa parte) vive hoje em estado de hipnose e o hipnotizador é Barack Obama (BO). A hipnose consiste numa mudança radical de percepção sobre o que se passa no mundo sem que na realidade haja razões para sustentar tal mudança. Em que consiste a mudança e donde provêm os poderes hipnóticos de Obama? O que se passará quando o estado de hipnose desvanecer?

A mudança de percepção ocorre em diferentes áreas. A crise financeira global. Mudança: as medidas corajosas de BO para regular o sistema financeiro e assumir o controle de empresas importantes fez com que a crise fosse ultrapassada e a economia retomasse o seu curso. Realidade: BO injectou montantes astronômicos de dinheiro dos contribuintes nos bancos e empresas à beira do colapso sem assumir o controle da sua gestão; não introduziu até agora nenhuma regulação no sistema financeiro; prova disso é o regresso do capitalismo de casino à Wall Street com o banco Goldman Sachs a registar lucros fabulosos obtidos através dos mesmos processos especulativos que levaram à crise, enquanto o desemprego continua a aumentar e os americanos continuam a perder as suas casas por não poderem pagar as hipotecas.

O regresso do multilateralismo. Mudança: BO cortou com o unilateralismo de Bush e os tratados internacionais voltaram a ser respeitados pelos EUA. Realidade: as recentes negociações de Bangkok, que deveriam levar ao reforço do frágil Protocolo de Kyoto sobre as mudanças climáticas, conduziram, por pressão dos EUA, ao resultado oposto com a agravante de terem atenuado as responsabilidades globais dos países desenvolvidos, os grandes responsáveis pela degradação ambiental; os EUA, que não assinaram a Declaração de Durban contra o racismo, auspiciada pela ONU em 2001, voltaram a retirar o seu apoio à declaração sobre a revisão da declaração de Durban elaborada na reunião da ONU de Abril passado em Genebra, arrastando consigo vários países europeus; os EUA desautorizaram o corajoso relatório do Juiz Goldstone sobre os crimes de guerra cometidos por Israel e o Hamas durante a invasão israelense da faixa de Gaza no Inverno de 2008, e, juntamente com Israel, pressionaram a Autoridade Palestiniana a fazer o mesmo.

O fim das guerras. Mudança: BO estendeu a mão da fraternidade e do respeito ao mundo islâmico e vai pôr fim às guerras do Oriente Médio. Realidade: sem dúvida, houve mudança de retórica, mas Guantánamo ainda não encerrou; os generais dizem que a ocupação do Iraque continuará por muitos anos (ainda que os soldados sejam substituídos por mercenários); os pobres camponeses afegãos continuam a ser mortos “por engano” por bombardeiros covardemente não tripulados e as mortes estendem-se já ao Paquistão com consequências imprevisíveis; a burla da ameaça nuclear iraniana continua a ser propalada como verdade; no passado dia 10 de Setembro, BO renovou o estado de emergência, declarado inicialmente por Bush em 2001, sob o pretexto da continuada ameaça terrorista, atribuindo ao Estado poderes que suprimem direitos democráticos dos cidadãos.

As bases militares na Colômbia. Mudança: sem precedentes, BO criticou o golpe de Estado nas Honduras, o que dá garantias de que as sete bases militares a instalar na Colômbia são exclusivamente destinadas à luta contra a droga. Realidade: BO criticou o golpe mas não lhe pôs termo nem retirou o seu embaixador; o alcance dos aviões a estacionar na Colômbia revelam que os verdadeiros objetivos das bases são 1) mostrar ao Brasil que, como potencial regional, não pode rivalizar com o EUA, 2) controlar o acesso aos recursos naturais da região, nomeadamente da Amazônia, 3) dissuadir os governos progressistas da região a terem veleidades socialistas mesmo que democráticas.

Donde provém o poder hipnótico de BO? Da insidiosa presença do colonialismo na constituição político-cultural do mundo. O Presidente negro de tão importante país dá aos fautores históricos do racismo no mundo contemporâneo o conforto de poderem espiar sem esforço a sua culpa histórica, e dá às vítimas do racismo a ilusão credível de que o fim das suas humilhações está próximo.

E o que passará depois da hipnose? BO está preparando-se meticulosamente para governar durante oito anos, fará algumas reformas que melhorarão a vida dos americanos, ainda que ficando muito aquém das promessas (como no caso da reforma do sistema de saúde) e sem nunca pôr em causa a vigência do Estado de mercado; evitará a todo custo “mexer” no conflito Israel/Palestina; manterá a América Latina sob apertado controle; agradará em tudo a China, tal o medo que ela deixe de financiar o american way of life; deixará o Irã onde está e, se puder, sairá do Afeganistão; tudo isto num contexto de crescente declínio econômico dos EUA em parte camuflado pelo aumento das despesas militares algumas delas orientadas para o controlo de conflitos internos.

Boaventura de Sousa Santos é sociólogo e professor catedrático da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (Portugal).

Manifesto de professores: A escola não pode esperar mais

O actual modelo de avaliação de professores e a divisão arbitrária da carreira em duas categorias criaram o caos nas escolas. A burocracia, a desconfiança e o autoritarismo jogam contra a melhoria das aprendizagens e contra a dedicação total dos professores aos seus alunos. Quem perde é a escola pública de qualidade.

Este ambiente crispado e negativo promete agudizar-se nas próximas semanas. Com efeito, até ao dia 31 de Outubro, se até lá nada for feito, as escolas estão obrigadas por lei a fixar o calendário da avaliação docente para o ano lectivo que agora começou. Pior ainda, sucedem-se os Directores que teimam em recusar avaliar os docentes que não entregaram os objectivos individuais, aumentando a instabilidade e a revolta.

Independentemente das alternativas que importa construir de forma ponderada, é urgente que a Assembleia da República decida sem demoras parar já com as principais medidas que desestabilizaram a Educação, sob pena de arrastar o conflito em cada escola e nas ruas.

Porque a escola não pode esperar mais, os subscritores deste manifesto apelam à Assembleia da República que assuma como uma prioridade pública a suspensão imediata do actual modelo de avaliação de professores, a revogação de todas as penalizações para os que não entregaram os objectivos individuais e o fim da divisão da carreira docente. Sem perder mais tempo.

Não podemos esperar mais. A Educação também não.

Subscrevem:

Os blogues: A Educação do Meu Umbigo (Paulo Guinote), ProfAvaliação (Ramiro Marques), Correntes (Paulo Prudêncio), (Re)Flexões (Francisco Santos), Outròólhar (Miguel Pinto), O Estado da Educação (Mário Carneiro), O Cartel (Goretti Moreira), Octávio V Gonçalves (Octávio Gonçalves), Educação SA (Reitor)

Os movimentos: APEDE (Associação de Professores em Defesa do Ensino), MUP (Movimento Mobilização e Unidade dos Professores), PROmova (Movimento de Valorização dos Professores), MEP (Movimento Escola Pública
)

Apresentação do livro »Queimai o Dinheiro» de A.Pedro Ribeiro na Biblioteca José Régio, de Vila do Conde ( 23 de Out. às 21h30)


O livro "Queimai o Dinheiro" (Corpos Editora) de A. Pedro Ribeiro vai ser apresentado na Biblioteca José Régio, em Vila do Conde, na próxima sexta, dia 23, pelas 21,30 h. A apresentação do livro vai estar a cargo do escritor Valter Hugo Mãe.


Queimai o Dinheiro" é uma mescla de poesias e prosas que falam do dinheiro elevado a deus supremo, do homem reduzido às operações da bolsa e do mercado mas também do amor e da liberdade como últimos redutos da subversão.


A. Pedro Ribeiro nasceu no Porto em Maio de 1968 e reside actualmente em Vilar do Pinheiro (Vila do Conde). Além de "Queimai o Dinheiro", publicou os livros de poesia "Um Poeta a Mijar" (Corpos, 2007), "Saloon" (Edições Mortas, 2007), "Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro" (Objecto Cardíaco, 2006), "Sexo, Noitadas e Rock n' Roll" (2003), "Á Mesa do Homem Só" (Silêncio da Gaveta, 2001) e "Gritos. Murmúrios" (com Rui Soares, 1988). Participou em várias revistas ou colectâneas como "Portuguesia", "Aguasfurtadas", "Bíblia", "Sinismo" ou "Conexão Maringá" (Brasil) e foi fundador da revista literária "Aguasfurtadas".