29.9.09

Inauguração da Casa da Achada /centro Mário Dionísio é hoje: segue-se a Semana de Abertura (de 29 de Setembro a 5 de Outubro)



A Casa da Achada – Centro Mário Dionísio vai finalmente abrir as portas hoje, dia 29 de Setembro. Durante uma semana (29 Set. – 5 Out.) haverá conversas, leituras, música, o lançamento de três edições, filmes, oficinas para os mais novos, convívio. É uma boa oportunidade para quem ainda não conhece o Centro o vir visitar pela primeira vez. O programa da Semana de Abertura pode ser consultado
aqui.

O Centro Mário Dionísio, fundado em 29 de Setembro de 2008, exactamente há um ano, situa-se na Rua da Achada, na zona da Mouraria, mesmo por trás da Igreja de São Cristóvão. Tem um Centro de Documentação onde está a ser tratado o espólio literário, parte do espólio artístico e o arquivo pessoal de Mário Dionísio, além da biblioteca privada de Mário Dionísio e de Maria Letícia Clemente da Silva. É um local de investigação, de estudo e de consulta.A Zona Pública, onde pode ser visto o espólio artístico (obras de Mário Dionísio e de outros autores), será um local de exposição, leitura, cinema, cursos, oficinas, sessões e convívio. Terá ainda uma biblioteca de características populares.
A página electrónica do Centro Mário Dionísio tem uma vasta informação e documentação sobre o poeta, romancista, pintor, pedagogo e teórico de arte Mário Dionísio (1916-1993) e sobre as actividades do Centro, e está em permanente actualização.


Associação Casa da Achada - Centro Mário Dionísio
Rua da Achada, nº 11 r/c - 1100-004 Lisboa
tel: 21 8877090
Programa da Semana de Abertura
( clicar sobre a imagem para ler em detalhe)



ABERTURA DA CASA DA ACHADA-CENTRO MÁRIO DONÍSIO

29 de Setembro a 5 de Outubro

PROGRAMA

ter 29 set • 18H – 23H sessão inaugural

Leitura por Luís Miguel Cintra de «Pinto…», poema de Mário Dionísio (Memória dum pintor desconhecido, 1965) • «A Memória da Casa» (vídeo de Regina Guimarães, 7 min,, sobre a casa onde Mário Dionísio viveu) • Puxar pela memória – depoimentos curtíssimos de quem quiser falar de Mário Dionísio • Apresentação da Casa da Achada-Centro Mário Dionísio por Eduarda Dionísio • Apresentação do primeiro volume da Colecção Mário Dionísio: Entre Palavras e Cores – alguns dispersos (1937-1990) por Cristina Almeida Ribeiro (coordenadora da antologia co-editada com os Livros Cotovia) e do segundo volume Mário Dionísio – pintor por Rui-Mário Gonçalves (autor do álbum) • Visita à exposição de pintura de Mário Dionísio guiada por Regina Guimarães (com leitura de alguns textos seus sobre quadros de Mário Dionísio).

Será servida uma refeição ligeira.

qua 30 set • 18H a paleta e o mundo – uma longa conversa

Leitura da conclusão de A Paleta e o Mundo por Jorge Silva Melo • Conversas de leitores do tempo em que a obra foi escrita (Carlos Veiga Pereira, Raul Gomes, Eduarda Dionísio e outros) e de leitores de agora (Ma­riana Pinto dos Santos, Miguel Castro Caldas, Pedro Rodrigues) • Apresen­tação do Ciclo A Paleta e o Mundo por Vítor Silva Tavares.

qua 30 set • 21H30 cinema

O Mistério Picasso de Georges Henri Ciouzot (1956), 80 min, legendado em português, apresentado por Rui-Mário Gonçalves.

qui 1 out • 18H livros e livros na biblioteca

«Esta Biblioteca é minha» – apresentação da Biblioteca da Achada por Natércia Coimbra e apresentação do Clube de Leitura da Achada por Filomena Marona Beja • Lançamento de Um Cesto de Cerejas – conversas, memórias, uma vida de Francisco Castro Rodrigues, editado pela Casa da Achada – Centro Mário Dionísio, com a participação do Autor, de Eduarda Dionísio e de algumas das pessoas referidas na obra (Luisa Irene Dias Amado, Fernando Pulido Valente, Nuno Teotónio Pereira e outros).

sex 2 out • 18H mário dionísio e a educação

Palestra de Rui Canário: Mário Dionísio e a educação – criar e viver. Seguida de debate.

sex 2 out • 21H30 sarau com leituras e canções

Leitura de textos de Mário Dionísio por Antonino Solmer, F. Pedro Oliveira, Inês Nogueira, João Rodrigues, Margarida Guia, Sofia Marques • Poemas de Mário Dionísio musicados e cantados por Pedro e Diana • Primeira actu­ação do Coro da Achada • Música popular italiana por I Giomi Cantati (Piadena e Calvatone) e cantores de Brescia.

sab 3 out • 11H oficina de vídeo para os mais novos

Enquadrar – oficina orientada por Regina Guimarães

sab 3 out • 15H o que eu andei pràqui chegar -1

À volta do realismo – intervenção de Peter Kammerer sobre os problemas do realismo • Projecção de i colore della bassa, último documentário de Giuseppe Morandi e Gianfranco Azzali, com a participação dos autores.

sab 3 out • 21H30 cinema

Inicio do 1o ciclo de cinema da Casa da Achada-Centro Mário Dionísio (Neo-reallsmo italiano): La Terra Trema de Luchino Visconti (1948), 165 min, legendado em português, apresentado por Grazlella Galvani, Giuseppe Morandi e Gianfranco Azzali.

dom 4 out • 11H oficina de voz para os mais novos

Falar, gritar, cantar – oficina orientada por Margarida Guia

dom 4 out • 15H o que eu andei pràqui chegar – 2

Projecção do vídeo de Regina Guimarães A História dum mural (a história da maquete de Mário Dionísio para o café La Gare, em Lisboa) • Visita ao mural com desenho de Mário Dionísio pintado no Largo dos Trigueiros • Visita ao Bairro da Mouraria, com leituras de textos e a participação de Gabriela Dias, Associação Renovar a Mouraria e Margarida Guia (leituras na rua).

seg 5 out • 10H 30 exposição de bandeiras

Exposição de 46 projectos de bandeiras republicanas (1910) e de Centros Republicanos com réplicas impressas em pano no Largo da Achada, explicada por Pitum Keil do Amaral.

seg 5 out • 11 H oficina de pintura para os mais novos

Bandeiras e não bandeiras – oficina orientada por Carla Mota.

seg 5 out • 16H repúblicas

O que é uma República – tertúlia com António Reis, João B. Serra, Filomena Marona Beja e outros • Encerramento da semana: Cantos no Largo da Achada – Cantos republicanos Italianos por I Giorni Cantati (Calvatone e Piadena) e Cantos com História peio Coro da Achada, com a participação de elementos do Coro Si Bemol et 14/2 (Paris)

Mário Dionísio, escritor e pintor, e a Casa da Achada situada na Mouraria, em Lisboa


A Casa da Achada fica em Lisboa, na Mouraria, bairro histórico, pobre e degradado, no sopé da colina do Castelo, na fronteira com a zona da Baixa.

Foi comprada pela família de Mário Dionísio para nela instalar o Centro Mário Dionísio, alojando aí o seu espólio literário e artístico e o seu arquivo pessoal, além da sua biblioteca, de forma a que estes materiais possam ser utilizados, depois de catalogados e/ou digitalizados, e sejam o ponto de partida para actividades culturais permanentes, que farão da Casa da Achada um espaço cultural do bairro e da cidade, entendido como local de convívio, debate e de aprendizagens do que não é fácil aprender.

Está em formação uma biblioteca pública e um serviço de audiovisuais. Exposições de pintura – uma permanente e outras temporárias -, ciclos de cinema, encontros e pequenos espectáculos constam do programa de actividades. É uma associação sem fins lucrativos – à qual documentos, livros, quadros foram cedidos pela família de Mário Dionísio para conservação, tratamento e disponibilização pública – que está a gerir o espaço e a programar as actividades. Os perto de 60 fundadores, de idades muito variadas, são familiares e amigos de Mário Dionísio, ex-alunos, pessoas que escreveram sobre a sua obra ou que simplesmente a conhecem e que estão interessados em pertencer a um colectivo que divulgue e que a torne útil.

Esta associação chama-se Casa da Achada – Centro Mário Dionísio. Espera por apoios institucionais que não chegaram ainda. Só eles poderão garantir o funcionamento da Casa da Achada a tempo inteiro. Mas entretanto começou a organizar o trabalho e a promover algumas iniciativas públicas.

A parte do Centro de Documentação está remodelada e acessível mediante contacto com a Direcção. Um conjunto de voluntários, sócios e não sócios da Associação, iniciou a catalogação da biblioteca. A zona pública está em obras, que durarão três meses. A inauguração do conjunto está prevista para Setembro ou Outubro deste ano.

No sentido de garantir o seu imediato funcionamento e a divulgação deste projecto, realizou-se (Nov. 08), um leilão de obras de arte oferecidas por mais de trinta artistas. Até agora, realizaram-se algumas pequenas actividades, pelo meio das obras e na rua: no último dia do ano de 2008, uma sessão de desenho para as crianças do bairro, que se chamou «Ano Novo, Vida Nova»; uma tarde em que se mostrou a sócios e colaboradores o que estava feito, além de um vídeo de Regina Guimarães sobre a casa onde Mário Dionísio e donde vieram os materiais já disponíveis, e se explicou a quem estava o que era e viria a ser o Centro de Documentação (Fev. 09); um fim de semana, destinado à população da Mouraria, em que o Centro se apresentou, com leituras de textos de Mário Dionísio, canções com letras suas, documentários e a pintura de um mural a partir de uma maquete de Mário Dionísio que nunca tinha sido realizada. A história deste mural, prestes a ser destruído (talvez esta semana?), está contada aqui pelo nosso colaborador Miguel Castro Caldas (Mar. 09).

A grande razão do nascimento da Casa da Achada – Centro Mário Dionísio é a vontade de contrariar o esquecimento a que Mário Dionísio tem sido votado, como aliás tantos outros. Do que ele viveu, defendeu e descobriu, cujo conhecimento ajudaria a intervir hoje, sobretudo no campo cultural.

«Este Centro não vai ser nem a Culturgest, nem o Centro Cultural (ou Comercial) de Belém. Não vai ser uma instituição dessas solenes» – disse Vítor Silva Tavares, editor da &etc e elemento da direcção, na altura do leilão organizado por sócios da Casa da Achada. «Não vamos fazer disto nenhum templo da cultura e da arte, mas sim um centro animado e aberto a iniciativas das quais algumas delas nem podemos fazer ideia, contamos com as pessoas».
Biografia breve

Mário Dionísio nasceu em Lisboa em 1916 e morreu, também em Lisboa, onde sempre viveu, em 1993.

Escritor (de poemas, de contos e de um só romance), crítico literário e de artes plásticas, ensaísta, colaborador de muitos e muitos jornais, pintor, professor (do ensino secundário e do superior depois do 25 de Abril), pedagogo, Mário Dionísio teve um papel importante na implantação da corrente neo-realista nas décadas 40 e 50, tendo sido protagonista de várias polémicas, pondo em causa a separação que habitualmente se faz entre «forma» e «conteúdo».

Militante do PC no início dos anos 40, abandona em 1952 o PC, que diz que o «expulsou» quando ele já tinha saído. Nunca mais se filiou num partido. Continuou sempre a intervir, pela vida fora, sobretudo no campo da cultura e da pedagogia, campos que não distinguia da política. Depois do 25 de Abril, por duas vezes recusou ser Ministro da Cultura.

Organizador das Exposições Gerais de Artes Plásticas, de oposição ao regime salazarista, expositor desde a 2ª Exposição Geral de Artes Plásticas, em 1947, onde lhe foi apreendido um quadro pela PIDE, fez a sua primeira exposição individual de pintura aos 73 anos.

Mário Dionísio foi casado com Maria Letícia Clemente da Silva, sua companheira de sempre, professora do ensino secundário, expulsa do ensino durante 8 anos no tempo de Salazar. O arquivo pessoal de Mário Dionísio é inseparável do de Maria Letícia, que também está depositado na Casa da Achada. E a biblioteca que lá se encontra é dos dois.



A
lgumas obras de Mário Dionísio:

POESIA - Poemas, 1941. As solicitações e emboscadas, 1945. O riso dissonante, 1950. Memória dum pintor desconhecido, 1965. Poesia incompleta - 1936-1965, 1966. Le feu qui dort, 1967. Terceira Idade, 1982. PROSA - O dia cinzento, 1944. O dia cinzento e outros contos, 1967. Não há morte nem princípio, 1969. Monólogo a duas vozes – Histórias, 1986. Autobiografia, 1987. A morte é para os outros, 1988. ENSAIO - Ficha 14, 1944. O drama de Vicente Van Gogh, 1953. A Paleta e o Mundo, vol I, 1956, vol II, 1962. Introdução à Pintura, 1963. Conflito e Unidade da Arte Contemporânea, 1958. ENTREVISTAS - Encontros em Paris, 1951.

Texto de Eduarda Dionísio em

Início da Marcha Mundial pela Paz e a Não-Violência ( 2 de Outubro na Ass. A Cadeira de Van Gogh)



http://www.marchamundialpt.org/


1 de Outubro às 21h30 - projecção do filme A Valsa com Bashir

2 de Outubro

17h30 - Mini-Marcha pela Paz

21h30 - Debate «Da guerra justa à renúncia da guerra»

22h30 - programa cultural


Associação A Cadeira de Van Gogh
Rua Morgado de Mateus 41, Porto