27.9.09

Contra o militarismo e a guerra, contra a NATO (1ª reunião preparatória em 30 de Setembro no SPGL, em Lisboa)




Em finais de 2010 vai realizar-se em Portugal uma cimeira da NATO e está a desenhar-se na Europa uma vasta rede de organizações contra o militarismo e a guerra, para os quais a NATO tem oferecido um contributo destacado. A designação da campanha internacional que se irá desenvolver é: “No to War, No to NATO”.
O facto de a cimeira se realizar em Portugal coloca a quem aqui reside um desafio especial e uma obrigação particular de participação no movimento anti-NATO.


1ª REUNIÃO PREPARATÓRIA
30 SETEMBRO - 18h00
SPGL (R. Fialho de Almeida, nº 3, LISBOA)

No sentido de colaborar activamente nas realizações que se irão desenvolver, em Portugal e não só, contra a NATO, um grupo de cidadãos decidiu proceder à divulgação de um projecto de constituição de uma rede de pessoas e organizações com o objectivo cívico referido em título.

Para a prossecução daquele objectivo, propõem-se as seguintes premissas de adesão e participação:

Constitui questão decisiva da actuação do grupo, a criação, apoio e divulgação de acções não-violentas contra o militarismo, a guerra e a NATO;
Como movimento vocacionado para unir pessoas, grupos e organizações com o objectivo preciso acima referido, entende-se como elemento central o carácter não-partidário deste movimento, não se excluindo, naturalmente, a adesão de pessoas com filiação partidária;
Todas as decisões, após debate envolvendo todos os aderentes, serão tomadas, tanto quanto possível, por consenso.

Dirigimos-lhe esta mensagem para o convidar a participar na primeira reunião de trabalho, a realizar no dia 30 de Setembro, pelas 18:00, em Lisboa, no SPGL (Rua Fialho de Almeida, nº 3, Lisboa (Metro S. Sebastião).

Temos informações para partilhar e propostas a fazer, bem como recolher as dos outros
participantes e avançar para colocar no terreno acções concretas, com uma coordenação conjunta.

O Colectivo Luta Social e o GAIA integram desde já na Rede Europeia Contra o Militarismo e Guerra: «No to War, Shut Down NATO» e estarão presentes na primeira reunião internacional em Berlim. [
PROGRAMA-CONVOCATÓRIA]

Para efeitos de dimensionamento do espaço de realização da reunião, agradecemos a confirmação da vossa disponibilidade, respondendo a esta mensagem, enviando um e-mail para
natonao@gaia.org.pt






Invitation to the international working conference “No to War - No to NATO”
16th to 18th of October 2009

Location: Abgeordnetenhaus von Berlin, Niederkirchnerstr. 3-5, 10117 Berlin / NABU, Charitestrasse 3, 10117 Berlin

The Afghanistan Meeting on Friday will take place in Abgeordnetenhaus.
The Conference will take place at NABU (Naturschutzbund). The time does not change!

PROGRAM

Friday, October 16th 2009


3 – 6 pm Meeting of the International Afghanistan Network
Discussion about the political situation in the region and possible common activities against the war
Opening: Reiner Braun
Introduction: Joseph Gerson, USA


7 – 9 pm International public meeting to Afghanistan (needs to be discussed and decided in the German peace movement)
Saturday, October 17th and Sunday, October 18th 2009
International working conference “No to war - No to NATO”

10.30 am Meeting of the ICC


12.30 - 2 pm Start of the Conference
Welcome by Arielle Denis, Reiner Braun
• Plenary:
Lecture: NATO, Obama and the Crisis
Speaker: Elmar Altvater, Germany
Commentary: Joseph Gerson, USA
Moderation: Arielle Denis


2 – 2.15 pm Short Break


2.15 – 3 pm Plenary:
. Evaluation of the peace politics and actions from the Strasbourg Anti NATO protest up to now (including NATO/EU relations, Nato enlargement to the East including missile shields, NATO/UN agreement, EU elections, Pakistan, NATO strategy debate, eg.)
5-minute-introductions: Monty Schädel (Germany), Arielle Denis (France), Andreas Speck (WRI), Kate Hudson (GB), Petros Constantinou (Greece), Cynthia Cockburn (GB), Temur Pipia (Georgia), Jordy Calvo (Spain)
3 – 5 pm Plenary:
• Open Discussion
Moderation: Hannelore Tölke


5 – 5.30 pm Break


5.30– 8 pm Plenary:
• Discussion of the political basis of our anti NATO network and the anti NATO campaign of 2010-2012
• Discussion about our NATO campaign: thoughts for future common goals and actions
• Discussion of our position on violence at future actions
Introduction speech: First ideas for political basis and the campaign
Speaker: Reiner Braun
• First discussion
Moderation: Kate Hudson


8 – 8.30 pm Establishment of the working groups for the next day (list of working groups: see Sunday)
Procedure to establish the working groups:
The final decisions on the working groups will be made on Saturday at 8pm. All working groups with more than three interested people will take place. We ask all of you to help - if
you are interested - in preparing and sharing one of these working groups. The preparation
of the working groups should be an ongoing process.


8.30 pm Party

Sunday, October 18th 2009


8.30 – 11.00 am Working groups:
Possible workings groups could be (final decision on Saturday evening)
1. From now to the NATO summit 2010
2. The “future NATO” (global NATO, NATO relations to Russia, etc)
3. NATO/EU, NATO/UN relations
4. Afghanistan/Pakistan and a possible campaign
5. Israel-Palestine
6. Nuclear weapons and NPT
7. Feminist militaristic critics
8. Structure of the network: political basis, coalition building, enlargement (other and further working groups are possible)


11.3 – 1.30 pm Plenary (will be prepared by: Reiner Braun, Arielle Denis, Joseph Gerson, Kate Hudson, Annie McStravick, Andreas Speck, Hannelore Tölke): i.e.
• Summary of conclusions and decisions
• Short report of Lisbon Treaty Referendum Campaign Ireland
• Decisions about organisational structures
• Decision about time and location of the next meeting


2 - 4 pm Meeting of the new “Committee”
4 – 7 pm NPT 2010 Preparatory Meeting
Aim of the meeting is to exchange information of the international and national preparations for the NPT Conference in May 2010. Furthermore the meeting aims at preparing in structure and content the international preparatory meeting in Washington, November 2009.

Organisational Notes:
1. Registration: please send an email to: kongress@ialana.de
2. Contribution: 25 Euro, 5 Euro (reduced)
3. We will organize English – French and German simultaneous translation on Saturday and Sunday in the Plenaries.
4. The Afghanistan working meeting on Friday afternoon will be in English, the evening meeting in German and English depending on the speakers.
5. Accommodation: some private accommodation is available. Please send your requests for private accommodation to lucatio@gmx.net. Otherwise please book your own accommodation.
The following (cheap) hotels/ hostels are close to the location of the conference:
www.mikonhotels.de
www.gaestehaus-berlin-mitte.de
www.baxpax.de
www.hotel-berlin.tv
6. Changes in the program are possible.
7. We will send a second, detailed program in mid September.
Please feel free to send this invitation to colleagues, friends, and interested organizations.
Invitation to the Conference “No to War – No to NATO” developed by: Reiner Braun, Arielle Denis, Kate Hudson, Annie McStravick, Andreas Speck, Hannelore Tölke

Consultar também a página de WRI (War Resisters International):
http://wri-irg.org

ABBADON (peça de teatro desde 28 de Setembro a 18 de Outubro, às 22h.30 na Casa Viva, no Porto)


Criação, direcção e texto: Hugo Calhim Cristóvão
Criação, actuação e desenhos: Paula Cepeda Rodrigues
Assistência e colaboração: Joana von Mayer Trindade
M./18
duração: 1h e 1/4
lotação: 11 seres humanos
entrada sujeita a marcação:
através dos nºs. 96 5843240 96 6859193
e pelo email
nuisiszobop@gmail.com
(diariamente, até às 20h00)

Para texto de apresentação e mais informações ver :

http://nuisiszobop.blogspot.com


Nota : pede-se reserva com antecedência



Abbadon inicia de novo a 28 de Setembro ( Porto)e três semanas em apresentação, intervalo de dois ou três dias durante esse período. Questões de Buchenwald : a entrada continua gratuita, sendo que quem puder ou quiser pode deixar o cartão de crédito mais o código no final, ou uma contribuição que achar justa, ou nada o que é perfeitamente aceitável, ou escrever um texto sobre, lavar o chão, baixar as calças, ou qualquer outra actividade que lhe seja reconfortante, tudo menos sentir-se obrigado a retribuir o que quer que seja, é gratuito.


Quem , por exemplo, tiver um fetiche sexual por ser assaltado queira comunicar e escolher a arma para a ameaça, não se esqueçendo depois de tirar os documentos da carteira. Cuidado igualmente em não deixar dinheiro em demasia no interior da dita. Afinal de contas teatro é uma festa, as opções são inúmeras. Mais questões de Buchenwald: não houve nenhum compromisso na realização deste "trabalho", não há nada a dever a ninguém a não ser a nós mesmos, muito pelo contrário , e a festa é "privada" aberta a testemunhas.


Assim sendo, a entrada para criaturas e actores do Teatro Nacional e Teca, ou circuitos similares se me permite a assembleia se faz favor, parece que não concordam, oligarcas, é de 500 euros por cabeça como imprescindivel donativo. Caso alguma dessas criaturas tenha a infeliz ideia de vir empestar com a sua presença, o que iria roubar lugares a gente boa. O melhor é não deixar entrar de todo, mais simples, disse eu, mas nem toda a gente pensa como eu.


Chegamos a acordo nos 500 euros após ponderação. Nos afins existem outros incluídos. Podem-se abrir excepções, mas caso a caso, e muito bem justificadas, foi proposto e aceite em deliberação conjunta ( eu discordei). O tecanacional poderá sofrer de síndroma de downing, paralisia cerebral, autismo incapacitante ou ter uma família de cinquenta filhos doentes a seu cargo. Situações deste tipo atenuariam a baixeza do seu ganha-pão, argumentaram os oligarcas, perdão, os restantes membros na reunião de irmãos e irmãs.


Os muito novinhos, inconscientes, pode ser igualmente uma questão de dependência drogada de cenouras, informaram-me apelando à minha consciência de cidadão. Oferecemos-lhes uma cenoura e mandamos dizer que a apresentação é no bairro S.João de Deus ás cinco da manhã, que devem ir a comer a cenoura e vestidos de policias , digo eu, procurando conciliar as posições com serenidade e sensatez como é meu hábito. Ainda não sabem, dizem-me a mim, o suborno é uma práctica ilegal dizem-me, são toxicó-cenouró dependentes.


Concluímos e concordamos ( não com o meu voto)que se zurrarem durante meia-hora o mais alto possível a saltar ao pé-coxinho, Hiiiiiii muito agudo, Hóóóóóó muito grave, de um modo convincente, recorrendo a improvisações faladas sobre as suas memórias de burro nos primeiros dois minutos em zurrar livre ( chama-se um "etude" os gajos trabalham muito isso quando fazem Tchekov e Shakespeare ou derivações disse eu, o meu avô já fazia isso para estimular a Gervásia Chaparra na lavoura disseram-me a mim, não é nada um etude disseram-me a mim, eu suspirei, muito triste ) para depois expansivamente zurrarem à desgarrada a sua concepção e entendimento pessoal do Hiiiiiiiiii ! Hóóóóóóóóóóo! .


Mas só os mais autenticamente burros e exibicionistas serão aceites para um desconto de 50 por cento ( dez por cento berrei eu em desespero, ignoraram-me). Terão de comparecer uma hora antes para se poder aquilatar do seu Zurrar (doze horas disse eu, e em jejum, só pelo prazer de chatear, fui de novo ignorado)


Estrategicamente podem os acima referidos, como preparação, analisar e ler previamente à volta da mesa, contextualização e dramaturgia do personagem, os seguintes textos como suporte ( indicações minhas finalmente ouvidas e aceites como sensatas porque construtivas, elogiaram-me, eu bufei )




O Burro de Ouro, de Apuleio- Papel do Burro a Sonhar.


D.Quixote de La Mancha - Papel do Burro do Sancho Pança.


A Reforma Agrária em Portugal, uma análise sociológica - Papel da Mula da Cooperativa.


Isto foi a solução de recurso engendrada pela maioria.


( Ficou registado em acta que discordo da prova por me parecer excessivamente naturalista para o grupo alvo e que me considero uma minoria perseguida e descriminada nos meus direitos, chamei-lhes racistas, ditadores, nazis, e sem vergonhas do, palavra censurada, que vos, palavra censurada )


Para seres humanos é gratuito, resumindo.
Regra geral, os actores e demais pessoas estão na sua maioria incluídos neste grupo, não haverá problemas.
De resto, manos e manas, são as ultimas apresentações no Porto, e as penúltimas de todas .
Espero que estejam cá. Aqui segue o convite.


Solicito particularmente a presença do representante da empresa "AMOR É IN", roscas e chaves de parafusos Lda


Mais, tive de desligar o microfone escondido no leitor de CD que pedi pelo correio, enfiá-lo na banheira e ligar o chuveiro. Acho que avariou. Era telecomandado e lia a várias vozes. Penso que a polifonia em curto circuito soa mais agradável. Que é que isto tem a ver com o assunto ? Nada. Outra vez os oligarcas. E depois, mas qual é o problema? Desde quando é que uma pessoa se deve cingir a um assunto e a uma forma estabelecida de o propor ? Porque é que não posso perguntar ao mundo a razão da inexistência de penicos quadrados ? Não, não, não, não vamos nada jogar aos dados, no máximo aceito rolar os penicos mas só se forem quadrados e atenção que quem dá os copos são vocês. Toca a tirar a rolha do champanhe e a espumar o tecto. Era o que faltava, outra vez os dados. A dádiva é outra, ora bem. Chega de brincadeira.


Dizem-me ao ouvido que devo introduzir um pouco o texto, e a peça, e quando discordo, esmurram-me a orelha.
Acabo de levar uma cepa. Sou agredido, maravilha.


Comecemos pelo nome, cuja relação com o texto e com a peça é poética, não é linear. É apenas um inicio. Abbadon é o anjo, ou demónio, as opiniões divergem consoante a perspectiva, do abismo. Muitas vezes esse abismo esteve nos ensaios e todos os envolvidos num momento ou noutro se perderam. Vimo-nos a transbordar processos que nada tinham de sensato. Obrigaram-me a dizer esta ultima frase, onde é que está a acta ? Mas, quase sempre, acabamos a rir. Ou a chorar. E por aqui chega. Sempre houve generosidade. Bastantes vezes " Inferno". Olá Rimbaud. Mas não é sobre isto. Será sobre "cavar" ? Olá Paul Celan. Talvez. É sobre o Amor. Algo como " meus senhores, vocês vivem mal" ?


Sobre a génese. Eu criei o texto, criei o modo como se ergueu em actos ou como se tornou teatro, criei o seu nascimento para vida. A direcção. A Paula criou os desenhos, e cria A Vida ponto final. É a Vida ponto final. A criação ultima, daquilo que irão ou não ver, portanto, é dos dois, de algo entre os dois, com os dois. Porque qualquer encenador que assuma como sua a criação, ou o espectáculo quando acontece, ou que aceite individualmente os louros, é um sacana de um mentiroso. O habitual " um espectáculo de" . Se receber mais que os actores é um criminoso. Quase sempre. 99,9 por cento sempre.


Gostava de deixar aqui um pequeno pedido: façam-lhes a vida negra. O teatro, quando acontece, é vosso. Não há hierarquia. Há saberes precisos, processos precisos, diferenças precisas. Com dar e receber no concreto, não na letra. Também no salário, também nas condições exteriores. Façam-lhes a vida negra. Recusem-se a ser o brinquedo, a peça na engrenagem. Quando ouvirem expressões como " o meu espectáculo, o meu espectáculo é isto ou aquilo, o trabalho de não sei quem é isto ou aquilo", quando ouvirem várias vezes o "meu, o meu, o meu, o meu, o meu, o meu", destruam-nos. Comam-nos vivos, e despejem-nos em penicos quadrados. Façam-nos sofrer. Cuidado com a treta às custas do vosso material, do experimenta lá a ver se fica , improvisa para mim, vamos ver o que se aproveita para o "nosso" trabalho. Matem -nos. Façam-nos descer até ao nível do chão do palco . Pisem-nos até que sejam pó, até que escorram em papa. Façam-lhes a vida negra. Se o permitirem, porque convém para subir na carreira, ou porque precisam de fazer contratos, ou por questões de nome ou reputação, ou se a vossa vontade for estar do outro lado a vampirizar para o "meu", então: morram. E morram depressa.

Claro que isto implica perder o espírito de putas que é muitas vezes a regra.

Termino com agradecimentos, ou melhor abraços, a algumas pessoas que não estão na ficha técnica, mas que ajudaram, umas vezes por estarem presentes nalguns momentos do processo ou algo de similar, noutros casos simplesmente por existirem para o diálogo e para a biografia.

Por razões primeiras um abraço forte a Mariana Amorim ( sempre ) e a Pedro Salvador.

Pelas segundas a Ramon Vazquez, Gilberto de Lascariz, Isabel Calhim, Luís Rodrigues, Carlos Gouveia Melo, José Rocha Paiva, Frederico Mira George, Vasudeva Reddy, Sónia Barbosa.

Uma palavra final para a Casa Viva : não deve ser por acaso que o unico local onde fomos acolhidos com toda a disponibilidade tenha tão incluida a anarquia na sua natureza.

Vosso,

É só teatro, é só uma festa.

Hugo Calhim Cristóvão.

Tribunal condena Universidade Lusíada ( comunicado do Movimento anti-tradição académica)


Tribunal considera Direcção de Universidade responsável pelos acontecimentos em torno da morte de Diogo Macedo

Ontem o Tribunal Cível de Famalicão reconheceu a responsabilidade da Universidade Lusíada de Famalicão nos acontecimentos em torno da morte de Diogo Macedo.

Em Outubro de 2001 Diogo Macedo, estudante do 4º ano de Arquitectura e membro da tuna, morreu devido a lesões cérebro-medulares, após acontecimentos ainda por esclarecer na noite em que aparentemente tinha decidido abandonar a tuna por não suportar mais as praxes a que era submetido. Inicialmente a morte tinha sido considerada acidental, mas as suspeitas de um médico do Hospital de S. João fizeram com que mais averiguações fossem efectuadas, tendo a autópsia demonstrado múltiplas escoriações corporais, além da fractura de uma vértebra cervical contraída por agressão e que teria sido a causa da morte.

Na sequência destes factos, dois elementos da tuna foram constituídos arguidos. Contudo, o processo foi arquivado em 2004 por falta de provas, uma vez que seria “impossível imputar à acção de qualquer pessoa concreta a produção das lesões”. Inexplicavelmente, apesar de estarem perto de 20 pessoas nas mesmas instalações que Diogo, nenhuma destas se recordava dos acontecimentos. Após a morte reuniram-se de urgência para alegadamente gizar versões, oportunamente criando uma amnésia colectiva que se apoderou dos “amigos” e “colegas” de Diogo, impedindo-os de fornecerem qualquer pormenor. Numa sessão de tribunal em que as testemunhas estavam a ser ouvidas, o próprio juiz reconheceu o "muro de silêncio" que tinha sido criado. Uma única versão conjunta de nada.

Depois do processo-crime, segue-se o processo cível. A mãe de Diogo Macedo pede uma indemnização de 210 mil euros à Fundação Minerva, que detém a Universidade Lusíada. O tribunal deu como provada a morte, em consequência de lesões provocadas. Este e outros dados levaram o Tribunal Cível de Famalicão a dar como provada a morte do estudante, em consequência de uma pancada, alegadamente, desferida durante a praxe. Estamos agora em Junho de 2009, oito anos após a morte de Diogo Macedo.

Ontem assistimos a uma decisão semelhante à de outros Tribunais relativamente a casos de praxe, numa tendência crescente de responsabilização das faculdades sobre as praxes que nelas se passam. O Tribunal de Vila Nova de Famalicão considerou que a Universidade Lusíada de Famalicão (ULF), não controlou nem evitou as praxes académicas, sendo obrigada a pagar uma indemnização de 90 mil euros à família de Diogo. O Tribunal considerou provado que “Nunca a ré (universidade) teve algum controlo efectivo sobre esse tipo de praxes violentas e humilhantes. Não temos notícia que alguma vez tenha proibido a violência mencionada, aliás os factos apurados mostram a ausência de intervenção”, tendo ainda acrescentado que "Existe uma clara interdependência” com a ULF “que lhe cede espaço, subsidio e publicidade, em troca de evidente publicidade e charme académico que esse tipo de grupos traz à sua academia”.

Este caso merece várias considerações:

- Estranhamente, apenas 3 anos depois da morte de Diogo Macedo os acontecimentos foram tornados públicos, em grande parte devido a uma Grande Reportagem da autoria de Felicia Cabrita. Esta jornalista, numa semana de investigação no local, descobriu mais do que as polícias em três anos – isto, apesar da direcção da Lusíada ter ameaçado de expulsão qualquer aluno que lhe prestasse declarações! Por outro lado, os relatos da mãe deixam claro que a escola sempre soube o que aconteceu; inclusivamente, tentou sempre silenciar as suas tentativas para descobrir as causas da morte do seu filho. Ao que parece, o poder da Universidade Lusíada conseguiu silenciar as vozes que poderiam esclarecer as circunstâncias em que este aluno morreu.

- Nesta tuna (e em todas as outras tunas universitárias), a democracia é inexistente, assim como as regras básicas de respeito pela expressão individual. O relacionamento é totalmente condicionado por uma hierarquia absolutamente rígida. Quem as integra obedece a uma autêntica estrutura de castas com claro prejuízo para quem está "mais abaixo" na cadeia. Este era o caso do Diogo, que apesar de já a integrar há 4 anos continuava a ser "caloiro" e alvo de animosidade, a qual esteve na origem da sua decisão de abandonar o grupo.

- À semelhança do que se passa noutras instituições do Ensino Superior, é evidente a conivência entre Direcções e grupos de estudantes que têm como base a hierarquização, submissão e proliferação de comportamentos repressores e inerentemente violentos. Isto exige uma reflexão por parte da Sociedade e das Instituições sobre aquilo que são e sobre o que pretendem oferecer aos seus alunos. Não podemos perpetuar estas "tradições" imaginárias que se apoderaram do vazio cultural e intelectual que tem caracterizado as escolas nestes últimos anos.

- Este caso extravasa os contornos praxísticos, a gravidade é a de um homicídio. Homicídio que ocorreu no contexto da praxe, numa tuna, entre estudantes, nas instalações de uma Faculdade do Ensino Superior. Estes factos obrigam-nos a pensar na arbitrariedade da "tradição". A "tradição" não pode cobrir de impunidade actos como este, os muros têm de ser derrubados e permitir que a verdade venha ao de cima.

27 de Setembro de 2009

M.A.T.A. - Movimento Anti-"Tradição Académica"

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