18.4.09

African Screens - ciclo sobre os novos cinemas de África prossegue este fim-de-semana no São Jorge

As sessões realizam-se no cinema S.Jorge ( na Av. da Liberdade, Lisboa). A ENTRADA É LIVRE

Os cinemas africanos contemporâneos assumem hoje o papel que a literatura africana tinha nos anos 1960. Tal como os escritos de Chinua Achebe, Ngugi Wa Thiongo e Wole Soyinka relatavam os movimentos da descolonização e a utopia da independência, os actuais cineastas africanos preocupam-se com os desejos pós-coloniais inseridos em regimes políticos, culturais e económicos impostos pela globalização.

O que é fascinante neste novo cinema de África é a capacidade dos seus cineastas em dar voz aos africanos, de forma a poderem comunicar para além das suas fronteiras nacionais e com públicos de outras esferas. Os filmes revelam-nos diferentes pontos de vista sobre temas globais como o fim da utopia nacionalista em África, o impacto dos ajustamentos estruturais, migrações, guerras, políticas de identidade e assuntos relacionados com a saúde e o ambiente.

A primeira intenção deste programa de filmes africanos é chamar a atenção para os novos caminhos e visões criativas do cinema africano. O nosso argumento é de que hoje estão a emergir de África novos posicionamentos críticos e novas linguagens cinematográficas, muitas vezes em competição ou mesmo em conflito umas com as outras, cuja visibilidade tem sido posta em causa pela visão monolítica e politicamente correcta da definição de cinema africano veiculada pelas casas de cultura e pelos festivais do Ocidente.

Com a nossa abordagem curatorial esperamos revelar a diversidade de linguagens do cinema africano e as diferentes visões políticas e criativas que estão por detrás dos seus filmes.
Acreditamos que a melhor forma de revelar essa diversidade – de Djibril Diop Mambety e John Akomfrah a Abderrhamane Sissako, de Balufu Bakupa Kayinda a Jean-Pierre Bekolo, ou mesmo com os vídeos de Nollywood – é através de uma visão que enfatize não apenas a diferença entre o cinema africano e o cinema ocidental, mas também a multiplicidade de linguagens e de empenhamentos políticos em África.

O programa foi dividido em quarto partes/quatro fins-de-semana:
1°: 27, 28, e 29 de Março:Cinema Africano, Pós-colonialismo e políticas estéticas (Parte I)

2°: 17, 18, 19 de Abril:África ao Microscópio

3°: 8,9 e 10 de Maio:Nollywood, o Nascimento de um Cinema IndígenaCinema Africano, Pós-Colonialismo e Estratégias Estéticas de Representação (Parte II)

4°: 15, 16, e 17 de Maio:NEGRITUDE

A primeira secção, intitulada “Cinema Africano: Pós-Colonialismo e Políticas Estéticas de Representação”, debruça-se sobre os modos de representação que usam estéticas pós-coloniais como veículo de expressão. Nota-se aqui uma descolagem em relação à estética nacionalista e anti-imperialista que estávamos habituados a ver no cinema de Sembene Ousmane. Como os próprios filmes revelam – “Il va Pleuvoir sur Conakry”, “Les Saignantes”, “Drum”, etc. – a utopia nacionalista dá lugar ao afro-pessimismo, com os cineastas a procurarem uma nova utopia unificadora na era da globalização.

Na segunda secção, “África ao Microscópio”, continuamos a perseguir essa nova utopia através da exibição de filmes de realizadores africanos e estrangeiros. E quando pretendemos dar ênfase ao contributo europeu para o desenvolvimento dos novos cinemas africanos, também programamos filmes, antigos e recentes, que advogam uma posição liberal e que atribuem a culpa dos problemas africanos às mudanças impostas pelo Ocidente.

Na terceira secção dá-se realce ao novo fenómeno da indústria do vídeo na Nigéria conhecido como Nollywood e aos documentários africanos, enquanto o quarto e último módulo lida com a estética do movimento da Negritude no cinema senegalês e noutros contextos africanos.

Ao programa de exibição de filmes associamos quatro painéis de discussão com realizadores, investigadores, produtores e profissionais da indústria do cinema: o primeiro sobre cinema africano e pós-colonialismo, o segundo sobre o cinema da diáspora, um terceiro sobre o apoio europeu e a influência da televisão e o quarto sobre a Negritude.

A nossa intenção é tentar produzir uma teoria coerente dos objectivos dos novos cinemas africanos, podendo mesmo mencionar o surgimento de um novo paradigma no cinema africano, tornado possível com a emergência nos últimos 20 anos de novas estruturas de produção de filmes e vídeos, em particular na Nigéria. A verdade é que a diversidade de cinemas africanos que existe hoje não se compara com a realidade de há 25 anos atrás, quando grande parte da produção só era possível através do apoio francês. As mudanças de política do financiamento europeu que entretanto se foram concretizando também nos permitem especular para além da
oferta monolítica de filmes africanos normalmente providenciada pelos festivais e centros culturais europeus. No fundo, nenhum investigador sério pode permitir-se continuar a ignorar o sucesso cinematográfico e industrial dos vídeos de Nollywood.

Curadoria: Manthia Diawara (New York University) Lydie Diakhaté (Ghana Real Life Documentary Festival)


http://www.africacont.org/



PROGRAMA PARA ESTE FIM DE SEMANA

18 Abril (Sábado)

Sala 2
15:00 THIS IS MY AFRICA
(Esta é a Minha África)
R: Zina Saro-Wiwa
(48’, Nigéria/Reino Unido, 2008)
«Feche os olhos e pense em África. O que vê?» Esta pergunta foi feita a 20 pessoas, entre as quais o artista Yinka Shonibare e o realizador John Akomfrah. Um curso intensivo em identidade/identidades africanas: «Queria fazer um filme que usasse memórias privadas para desafiar e contrabalançar aquilo que se diz publicamente de África, que quase sempre é negativo e redutor».

Sala 3
16:00 UNE AFFAIRE DE NÈGRES
(Negócio de Negros)
R: Osvalde Lewat-Hallade
(90’, Camarões/França, 2007)
Um filme comovente sobre os Camarões dos anos 1990, quando a polícia perdeu o controlo na sua luta contra o crime. Centenas de pessoas desapareceram. “Une Affaire de Nègres” combina entrevistas chocantes com observações sensatas de pessoas magoadas que se questionam como pode a justiça prevalecer numa sociedade brutalizada.


Sala 3
18.00 NELISITA: NARRATIVAS NYANEKA
R: Ruy Duarte de Carvalho
(90’, Angola, 1982)
A partir de narrativas do povo Nyaneka, o autor cria uma ficção onde o povo actua e encena as próprias lendas.

Sala 2
20.00 Introdução: Kamel Chérif / France Bonnet e Manthia Diawara / Lydie Diakhaté
LES CAPRICES DE MARIANNE V (Caprichos Franceses)
R: Kamel Chérif / France Bonnet
(57’, França, 2008)
O realizador questiona os caprichos de Marianne (a mulher símbolo da
república francesa). Por que se recusou um canal de televisão francês a passar o seu filme “Signe d'appartenance” (2004), que ganhou um prémio em Veneza e é sobre um rapaz que tratou de fazer a sua própria circuncisão? Uma investigação autobiográfica sobre o verdadeiro conteúdo dos princípios igualitários franceses.


Sala 3
22:00 EZRA
R: Newton Aduaka
(110’, Nigéria/França, 2006)
Em 2002, na Serra Leoa, Ezra foi uma criança-soldado. Agora ele enfrenta um tribunal da ONU sobre um massacre que houve na sua aldeia. O álcool e a droga fizeram com que perdesse a memória e a sua irmã faz-lhe uma terrível acusação… Este filme é interpretado por actores amadores e conta a história de Ezra, similar à história das cerca de 120.000 crianças-soldado existentes em África. Venceu o prémio de melhor filme no festival internacional de Durban, África do Sul (2007).


19 Abril (Domingo)

Sala 3
18.00 Introdução: Claire Andrade Watkins e Manthia
Diawara / Lydie Diakhaté
SOME KIND OF FUNNY PORTO RICAN?: A CAPE VERDEAN AMERICAN STORY (Será um porto-riquenho esquisito? História de um cabo-verdiano americano)
R: Claire Andrade Watkins
(83’, EUA, 2006)
Um retrato da história dos imigrantes radicados na zona de Fox Point, em Providence, no estado de Rhode Island, onde três gerações de cabo-verdianos foram removidos à força para permitir a realização de projectos de urbanização entre finais dos anos 60 e princípios de 1970.

Sala 2
20:00 EN ATTENDANT LES HOMMES (À Espera dos Homens)
R: Katy Lena Ndiaye
(56’, Senegal/França, 2007)
Nos limites do deserto do Sahara, as sociedades são dominadas pelas tradições e pela religião. No
entanto, três mulheres não se sentem de todo predestinadas a esperar pelo seu homem.

Sala 3
22:00 HEREMAKONO
(À Espera da Felicidade)
R: Abderrahmane Sissako
(95’, Mauritânia/França, 2002)
Nouadhibou é uma pequena aldeia na costa da Mauritânia. Entre os edifícios esbranquiçados
e cantigas melancólicas que atravessaram gerações, a vida acontece enquanto se espera uma
hipotética felicidade… Antes de emigrar para a Europa, o jovem Abdallah visita a sua mãe. Incapaz de falar a língua local, o melancólico jovem de 17 anos sente-se um estranho no seu próprio país. Ele evita as festas e os costumes da aldeia e os tecidos coloridos tradicionais interessam-lhe menos do que a última moda europeia. No entanto, Abdallah observa esse universo tocante que lhe é desconhecido: as tristezas da sensual Nana; o karaoke romântico dos emigrantes chineses; a frustração do velho habilidoso Maata com as falhas de electricidade; e o
olhar curioso do jovem órfão Khatra, capaz de evocar esperança e carinho.

Ontem foi o Dia Internacional das Lutas Camponesas

Durante a Segunda Conferência da Via Campesina, em Tlaxcala, México, foi instituído o dia 17 de Abril como o Dia Internacional da Luta Camponesa, em memória aos 19 camponeses sem terra que foram assassinados no Brasil neste dia, no ano de 1996.

Em celebração a este dia, a Via Campesina e seus aliados organizaram actividades e eventos em todo o mundo para exigir:

Que as negociações da OMC não recomecem.
Que parem os Acordos de Livre Comércio (TLC) e Acordos Económicos de Sociedade (EPA, na sigla em inglês) em alimentos e agricultura.
Que acabe o modelo colonial de monocultura.
Oposição às políticas do Banco Mundial de terra e desenvolvimento rural.

Repúdio à dominação das economias mais poderosas em prejuízo das mais fracas e vulneráveis
Foram organizadas várias acções como debates públicos, oficinas, seminários, eventos culturais, e manifestações sobre a soberanía alimentar como alternativa ao modelo neoliberal, ao mesmo tempo que se convidaram académicos e movimentos sociais para participar nessas iniciativas .
A Via Campesina convocou também os movimentos e organizações sociais a realizar acções diretas, mobilizações, feiras rurais, palestras e conferências, actividades culturais, publicações de livros, divulgação de vídeos e documentários, festivais de música, entre outras manifestações, com a finalidade de homenagear a luta pela terra e os direitos dos camponeses.

A Via Campesina ressalta que, todos os anos, centenas de camponeses (as) são presos, oprimidos, intimidados e assassinados por realizarem sua luta pela vida.
Segundo o movimento camponês internacional, quase a metade de população mundial é constituída por camponeses (as) e pequenos agricultores, que produzem alimentos essenciais para a vida das pessoas: "A agricultura não é somente mais uma actividade económica, mas também significa vida, cultura e dignidade para todos nós".

A Via Campesina afirma que as famílias rurais pobres representam 75% da população que sofre fome endémica. Alerta ainda que os índices de analfabetismo aumentam nas áreas rurais e que o atendimento médico e os serviços públicos estão sendo precarizados: "Mulheres e crianças são os mais afectados e a discriminação contra as mulheres impõe uma dupla carga sobre seus ombros".

Os camponeses denunciam que a violação de seus direitos humanos tem crescido dramaticamente com a liberalização da agricultura, o que força os camponeses a produzir para a exportação e a entrar em um modelo de produção industrial. Eles acusam as instituições internacionais como a Organização Mundial do Comércio (OMC), o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, além dos Tratados de Livre Comércio, de obrigarem os camponeses a seguir esse caminho.

Para a Via Campesina, os mecanismos e as leis em defesa dos direitos dos camponeses ainda são limitados. A entidade diz que a Carta do Camponês, produzida pela ONU em 1979, não tem sido capaz de proteger os pequenos agricultores das políticas internacionais neoliberais. Cita também outros documentos, como a Convenção 169 da OIT, a Cláusula 8-J da Convenção sobre Biodiversidade, o ponto 14.60 da Agenda 21 e o Protocolo de Cartagena, que não foram suficientes para assegurar seus direitos.

www.viacampesina.org

Consultar ainda os textos já publicados neste blogue:
AQUI, AQUI



CARAJÁS: 13 ANOS DE IMPUNIDADE


Massacre de Eldorado de Carajás completa 13 anos sem desfecho


Em 17 de abril de 1996 policiais militares promoveram o Massacre de Eldorado de Carajás, que ganhou repercussão internacional e deixou marca na história do país, ao lado do Massacre do Carandiru (1992) e da Chacina da Candelária (1993), como uma das acções policiais mais violentas do Brasil. Em 2002, o presidente FHC instituiu essa data como o Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária.

Passados 13 anos do massacre no Pará, permanecem soltos os 155 policiais que mataram 19 trabalhadores rurais, deixaram centenas de feridos e 69 mutilados. Entre os 144 incriminados, apenas dois foram condenados depois de três conturbados julgamentos: o coronel Mário Collares Pantoja e o major José Maria Pereira de Oliveira. Ambos aguardam em liberdade a análise do recurso da sentença, que está sob avaliação da ministra Laurita Vaz, do STJ (Superior Tribunal de Justiça).

Nesta semana, o MST monta dois acampamento no estado, para cobrar a condenação dos responsáveis pelo massacre e apoio às famílias sobreviventes, com encerramento das atividades no dia 17. Na Curva do S, em Eldorado de Carajás, 500 trabalhadores rurais participam das atividades do Acampamento da Juventude, desde o dia 10/4. Em Belém, 600 pessoas estão mobilizadas desde o dia 14/4.

"Estamos mobilizados para denunciar que depois de tanto tempo do massacre ninguém foi preso e as famílias ainda não foram indenizadas. Cobramos a indenização de todas as famílias e atendimento médico aos sobreviventes. Defendemos também um novo julgamento para impedir que a morte de 19 companheiros fique impune. Além disso, exigimos a Reforma Agrária para acabar com a violência contra os trabalhadores rurais", explica o integrante da coodenação nacional do MST, Ulisses Manaças.

Em 2007, os trabalhadores Sem Terra conseguiram uma vitória parcial, com a indenização de 23 famílias que foram vítimas do massacre pela governadora Ana Júlia. No entanto, no ano passado o governo estadual promoveu soldados que participaram do Massacre. O Movimento cobra a indenização do total de 79 famílias, além da regularização do atendimento médico multidisciplinar aos feridos durante o massacre, que ficaram com balas alojadas pelo corpo.

“A gente lamenta essa mentalidade de grande parte dos juristas, que acha que a pessoa deve recorrer eternamente, pela chamada presunção de inocência. Esse processo acaba gerando impunidade total e absoluta” afirma o promotor de Justiça do caso, Marco Aurélio Nascimento.

O advogado Carlos Guedes, que acompanhou o caso desde abril de 1996 até o último julgamento, em maio de 2002, acredita que a Justiça ainda não resolveu o caso. Guedes também alerta que existem dois tipos de responsabilidades em relação ao massacre que a Justiça tem de levar em consideração: as responsabilidades criminal e política.

“Se todos os que foram denunciados, desde o coronel Pantoja até o último soldado, tivessem sido condenados, isso por si só seria insuficiente. Outras pessoas tiveram participação decisiva no massacre, como o governador (Almir Gabriel), o comandante geral da Polícia Militar e o secretário de Segurança Pública (Paulo Sette Câmara). Estes sequer foram envolvidos no caso”, contesta o advogado.

Na opinião dos sobreviventes do massacre e dos advogados do MST, a justiça ainda não veio. As pessoas mutiladas, assim como as 13 viúvas que tiveram seus maridos executados naquele dia, ainda não receberam indenizações. Tanto para o coordenador nacional do MST no Pará, Charles Trocate, quanto para os mutilados do massacre, o Estado foi o culpado pelo incidente.

“A cultura da violência gera a cultura da impunidade. Carajás evidenciou um problema em proporções maiores, mas o Estado não foi capaz de criar instrumentos que corrigissem isso. Primeiro se negou julgar e condenar o governador, o secretário de Justiça e o comandante geral da PM. Segundo, nestes 13 anos, não foi produzida nenhuma condenação porque é o Estado que está no banco dos réus”, afirmou Trocate.

O 17 de abril foi marcado como dia internacional da luta das lutas dos camponeses, em homenagem à luta pela terra pelos camponeses de Carajás e de todas as partes do mundo. Todos os anos, a Via Campesina realiza mobilizações nesse período do ano para cobrar o julgamento dos responsáveis pela violência no campo e pela realização da Reforma Agrária.



Cronologia do processo dos envolvidos no Massacre de Eldorado de Carajás:

Junho de 1996 - Início do maior processo em número de réus da história criminal brasileira, envolvendo 155 policiais militares. Em 10 anos, o processo ultrapassou as 10 mil páginas.

16 de agosto de 1999 - Primeira sessão do Tribunal do Júri para julgamento dos réus em Belém, presidida pelo juiz Ronaldo Valle. Foram absolvidos três oficiais julgados - coronel Mário Colares Pantoja, major José Maria Pereira de Oliveira e capitão Raimundo José Almendra Lameira. Foram três dias de sessão com cerceamento dos poderes da acusação, impedimento da utilização em plenário de documentos juntados no prazo legal, permissão de manifestações públicas de jurados criticando a tese da acusação e defendendo pontos de vista apresentados pela defesa.

Abril de 2000 - O Tribunal de Justiça do Estado do Pará determinou a anulação do julgamento, decisão mantida em um segundo julgamento, em outubro de 2000. Antevendo a anulação do julgamento, o juiz Ronaldo Valle solicitou o afastamento do caso. Dos 18 juízes criminais da Comarca de Belém, 17 informaram ao Presidente do Tribunal de Justiça que não aceitariam presidir o julgamento, alegando, na maioria dos casos, simpatia pelos policiais militares e aversão ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e aos trabalhadores rurais.

Abril de 2001 - Nomeada uma nova juíza para o caso, Eva do Amaral Coelho, que designou o dia 18 de junho de 2001 como data para o novo julgamento dos três oficiais. Alguns dias antes do início da sessão, a juíza determinou a retirada do processo da principal prova da acusação, um minucioso parecer técnico da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com imagens digitais que comprovavam que os responsáveis pelos primeiros disparos foram os policiais militares. O MST reagiu e a juíza reviu sua posição, suspendendo o julgamento sem marcar nova data.

14 de maio a 10 de junho de 2002 - O julgamento foi retomado. Após cinco sessões, entre os 144 acusados julgados, 142 foram absolvidos (soldados e 1 oficial) e dois condenados (coronel Pantoja e major Oliveira), com o benefício de recorrer da decisão em liberdade. Em decorrência dos benefícios estendidos aos dois únicos condenados, as testemunhas de acusação não compareceram mais ao julgamento, em função de ameaças de morte e por não acreditar na seriedade do julgamento. Durante vinte dias, jornais do Estado do Pará publicaram detalhes sobre intimidações e ameaças de morte que estariam recebendo as principais testemunhas da acusação, principalmente Raimundo Araújo dos Anjos e Valderes Tavares. Nada foi feito em relação à proteção e salvaguarda de tais testemunhas. O MST não aceitou participar de um julgamento onde não estivessem sequer garantidas a segurança e a tranqüilidade das pessoas fundamentais para a acusação.

Novembro de 2004 - A 2ª Câmara do Tribunal de Justiça do Pará julga numa só sessão todos os recursos da defesa e da acusação e mantém a decisão dos dois julgamentos realizados pelo Tribunal do Júri, absolvendo os 142 policiais militares e condenando o coronel Pantoja (228 anos de prisão) e o major Oliveira (154 anos de prisão).

22 de setembro de 2005 – O coronel Pantoja é posto em liberdade por decisão do Supremo Tribunal Federal.

13 de outubro de 2005 – O major Oliveira é posto em liberdade por decisão do Supremo Tribunal Federal.

2006 - Recurso especial é apresentado ao Superior Tribunal de Justiça e, posteriormente, recurso extraordinário é apresentado ao Supremo Tribunal Federal.

Abril/2007 - A governadora do estado Ana Júlia Carepa assinou decreto que concede indenização e pensões especiais a 22 famílias de trabalhadores sem-terra vítimas da chacina. “O que eu fiz foi reparar uma injustiça, reconhecendo a responsabilidade do governo do Estado”, disse Ana Júlia. A governadora classificou o massacre de Eldorado do Carajás como “um dos episódios que mais envergonhou não só o Pará diante do Brasil, mas o Pará diante do mundo”.

Setembro/2008 - O governo de Ana Júlia Carepa promoveu os soldados que participaram do Massacre de Eldorado do Carajás. Entre 87 e 90 policiais foram promovidos a cabo. Apesar de todos os promovidos já terem sido absolvidos em primeira instância pela acusação de homicídio qualificado, ainda há um recurso no STJ (Supremo Tribunal de Justiça) que pede suas condenações.

17/04/2009 - Em pronunciamento nesta quinta-feira (16/4), o senador José Nery (PSOL-PA) lembrou a passagem dos 13 anos do massacre de Eldorado de Carajás, no Pará, a serem completados no dia 17 deste mês. O senador disse que a maior chacina de trabalhadores rurais Sem Terra da história contemporânea do país continua "absolutamente impune" e que as causas mais profundas da violência praticada contra os Sem Terra permanecem "intactas

Literatura em Viagem - encontro de escritores em Matosinhos de 18 a 23 de Abril



Começa hoje, 18 de Abril, e decorre até ao dia 23 a 4.ª edição do Literatura em Viagem, encontro de escritores organizado pela Càmara de Matosinhos. Vão estar presentes autores portugueses, espanhóis, norte americanos, italianos, mexicanos, argentinos, peruanos, brasileiros e chilenos, unidos pela paixão de viajar, e este ano teremos nomes como Paul Theroux, Ricardo Menéndez Salmón, Miguel Real, Romana Petri, Richard Zimler e Francisco José Viegas, entre outros. O evento tem coordenação de Francisco Guedes e ao longo destes dias serão lançados vários livros. Eis o programa completo:

PROGRAMA

Dia 18


Ateliê Uma história nas asas de um avião, na Biblioteca Municipal Florbela Espanca (11h00)

Conferência de abertura por José Fernandes Fafe e lançamento do n.º 2 da revista Itinerâncias, no Salão Nobre C.M. Matosinhos (15h00)

Ateliê Uma história nas asas de um avião, na Biblioteca Municipal Florbela Espanca (16h00)

1ª Mesa: Escrever a Guerra, com António Brito, Carlos Vaz Ferraz, Henrique Levy, Luís Castro e Manuel Alberto Valente (moderador), na Galeria Municipal, (16h30)

Lançamento dos livros “Cisne de África”, de Henrique Levy (Livros de Seda), e “A Ofensa”, de Ricardo Menéndez Salmón (Porto Editora), na Galeria Municipal (18h00)

2ª Mesa: Poética da Viagem, com Filomena Marona Beja, José Jorge Letria, Miguel Real, Luís Sepúlveda e Romana Petri, na Galeria Municipal (18h30)

Inauguração da exposição Sobre el Mar, de Nacho Salorio, na Galeria Municipal (20h00)
Dia 19

Recital de piano por Raúl Peixoto Costa, no Salão Nobre da Câmara de Matosinhos (11h00)


Lançamento do livro “Leça da Palmeira e o Rio Leça nas Artes, nas Letras e nas Ciências – Indiciário Onomástico”, de Albano Chaves e António Mendes (C. M. Matosinhos/Edium-Editores), no Salão Nobre da Câmara de Matosinhos (12h00)


Lançamento dos livros “Com Cheiro a Canela”, de Alice Vieira (Texto), e “As Cidadãs”, de Filomena Marona Beja (Sextante), na Galeria Municipal (15h00)

3ª Mesa: Viajar para Contrariar a Monotonia, com Ricardo Menéndez Salmón, Julieta Monginho, Francisco José Viegas, Cristina Carvalho e José Carlos de Vasconcelos (moderador), na Galeria Municipal (15h30)


Ateliê Uma história nas asas de um avião, na Biblioteca Municipal Florbela Espanca (16h00)

Lançamento dos livros “Para Lá da Terra de Fogo”, de Eduardo Belgrano Rawson, “Cabeça a Prémio”, de Marçal Aquino, “Os Suicidas do Fim do Mundo”, de Leila Guerriero, “Três Lindas Cubanas”, de Gonzalo Celório, e “O Velho Expresso da Patagónia”, de Paul Theroux (todos da Quetzal), na Biblioteca Municipal Florbela Espanca (17h00)


4ª Mesa: Ler o mundo, viajando, com Paul Theroux, Renzo Sicco, Isabel da Nóbrega, Isabel d’Ávila Winter e José Mário Silva (moderador), na Galeria Municipal (17h30)


Concerto Sons da Fala, com Sérgio Godinho (voz e guitarra), Vitorino (voz), Janita Salomé (voz), Tito Paris (voz e guitarra), Don Kikas (voz e guitarra), Guto Pires (voz), Luanda Cozetti (voz), Juka (voz) e André Cabaço (voz), no Cine Teatro Constantino Nery (22h00)


Dia 20

Ateliê Uma história nas asas de um avião, na Biblioteca Municipal Florbela Espanca (11h00)


Lançamento do livro “A Casa da Praia do Açúcar”, de Helene Cooper (QuidNovi), na Galeria Municipal (15h00)

5ª Mesa: A Viagem é a Minha Memória, com Alice Vieira, Leila Guerriero, Gonzalo Celorio,

Miguel Miranda e Carlos Daniel (moderador), na Galeria Municipal (15h30)

Ateliê Uma história nas asas de um avião, na Biblioteca Municipal Florbela Espanca (16h00)


Lançamentos dos livros “Vozes do Vento”, de Maria Isabel Barreno (Sextante), “O Assassinato de Berta Linhares”, de Jacinto Rego de Almeida (Sextante), e “Obama em Guantanamo: a nova segurança americana”, de Nuno Rogeiro (Sextante), na Galeria Municipal (17h00)

6ª Mesa: Viajar é um acto sensual em todos os sentidos, com João Tordo, Joaquim Teixeira de Sampaio, Santiago Roncagliolo, Christiane Tassis e José Medeiros Ferreira (moderador), na Galeria Municipal, às 17 e 30


Dia 21

Ateliê Uma história nas asas de um avião, na Biblioteca Municipal Florbela Espanca (11h00)

Lançamento do livro “Ronda Filipina”, de César Magarreiro (Teorema), na Galeria Municipal (15h00)

7ª Mesa: Existe um Limite para o que a Viagem pode exprimir, com César Magarreiro, Eduardo Belgrano Rawson, João Luís Barreto Guimarães, Júlio Moreira e Marcelo Correia Ribeiro (moderador), na Galeria Municipal (15h30)

Ateliê Uma história nas asas de um avião, na Biblioteca Municipal Florbela Espanca (16h00)
Lançamento do livro “Portugal no Mar – Homens que foram ao Bacalhau”, coordenado por
Álvaro Garrido (Campo das Letras), na Galeria Municipal (17h00)

8ª Mesa: Viajar é preciso, com Marçal Aquino, Richard Zimler, Luís Sepúlveda, Helene Cooper, José Luís Peixoto e Jacinto Rego de Almeida (moderador), na Galeria Municipal (17h30)

Dia 23

Actividades de comemoração do Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor, dedicado ao público infanto/juvenil
Biblioteca Municipal Florbela Espanca e Biblioteca São Mamede de Infesta

Lançamento do livro “A Maré”, de José Tato (Câmara Municipal de Matosinhos/Edium-Editores), no Salão Nobre dos Paços do Concelho (17h30)


Actividades em paralelo
Biblioteca Municipal Florbela Espanca
Em volta de “O Principezinho”: mostra bibliográfica, de Padre Ângelo de Sousa (Igreja de São Mamede de Infesta)
Ateliês - “Uma história nas asas de um avião”
Encontros com escritores na Biblioteca de São Mamede de Infesta e escolas do concelho de Matosinhos

O que é um Sindicato ( adaptação de um texto de Edgar Rodrigues)




Sindicato é uma associação de classe, constituída por assalariados da mesma profissão, da mesma indústria, executando trabalho similares ou correlatos.

O objectivo do sindicato é tornar-se uma força, criar para os seus associados condições capazes de resistir às ambições patronais no plano individual e profissional.

É um agrupamento formado no terreno económico, sem existência preconcebida; pois o que está em jogo são interesses; e todos os operários que têm interesses idênticos aos do agrupamento podem filiar-se a ele, sem necessidade de declararem quais são as suas idéias em matéria filosófica, política e/ou religiosa.

Dentro do seu prisma orgânico, o sindicato, forma-se a partir dos núcleos, destes para as associações sindicais, do agrupamento para União de Sindicatos; da União dos Sindicatos locais para as Federações reginais e destas para Confederação Geral do Trabalho.

Dentro desta lógica organizativa existem sindicatos Mutualistas, Beneficentes, Autónomos, Independentes, Políticos, Religiosos, Reformistas e Revolucionários.

Podem também ser de profissionais da mesma especialidade, ou então de “Ofícios Vários”, Mistos e de Artes Correlatas ou similares.

Para o sindicato funcionar com desenvoltura plena, dentro do horizonte sindicalista é preciso que os seus componentes exercitem afinidades profissionais e cultivem sentimentos de simpatia, de amizade afectiva e fraternal.

Não basta pertencerem à mesma entidade, é preciso desenvolver uma acção social conjunta, lutar por modificações económicas, capazes de serem elementos catalizadores para ajudar no descondicionamento humano, ampliando assim a tolerância, a compreensão, o respeito e o apoio mútuo, fortificantes da solidariedade.

Um sindicato onde cada componente age para si, como unidade isolada, individualista, dificulta a convivência e a formação da família sindicalista.

O sindicato para ser dinâmico, coerente, organismo consciente, além de cultivar o auxílio mútuo e praticar a solidariedade de classe e humana, precisa ministrar cursos de militância, revelar oradores, promover palestras, conferências, debates, ensinar humanidades, realizar festas de congraçamento cultural, desenvolver a arte de representar, projectar sessões de cinema com debates em torno dos filmes e deflagrar greves quando se fizerem necessárias, sempre apolíticas.

Caso contrário, torna-se um orgão inoperante, aburguesado, comerciante, começa a definhar, transforma-se num barco sem rumo, corpo sem cérebro, comandado pelo estomago.

(adaptação livre e actualizada de um texto de Edgar Rodrigues)





Hoje, assinala-se o 1º aniversário da Casa da Horta, associação cultural e o melhor restaurante vegetariano da cidade do Porto

http://casadahorta.pegada.net/
Casa da Horta, Associação Cultural
Rua de São Francisco, 12A
4050-548 Porto
(Perto da Igreja de São Francisco e Mercado Ferreira Borges)
Email:
casadahorta@pegada.net
Tel: 222024123 / 965545519
Horário:Terça a Sábado das 12h as 24
Encerrado: segundas, domingos e feriados


Hoje assinala-se o 1º aniversário da Casa da Horta, uma associação cultural e o melhor restaurante da cidade do Porto.

Por isso, desafiamos-te a trazer um poema ou um desenho sobre a Casa da Horta e habilitas-te a um vale de 10 euros de consumo na Casa da Horta.


O menu de hoje, Sábado, dia 18 de Abril e dia do 1º aniversário da Casa da Horta será:

Entradas: Pataniscas de Tofu
Sopa: Caldo Verde
Pratos: Feijoada Portuguesa com Chouriço de Soja ou Strogonoff de Seitan

Preço do Menu: 8 euros
Para os sócios Amigos da Casa o preço do Menu é o donativo que quiseres dar.


Vamos ter Sangria!!

Temos bolo para tod@s de oferta!






Hoje, Sábado, dia 18 de Abril, às 18:30h a Casa da Horta vai projectar o documentário

Quem alimenta o Mundo (“We feed the world”)

de Erwin Wagenhofer


Todos os dias, em Viena (Áustria), a quantidade de pão rejeitada para o lixo seria suficiente para alimentar a segunda maior cidade austríaca, Graz.
Cerca de 350 mil hectares de terras agrícolas, sobretudo na América Latina, são consagradas à cultura da soja para alimentar o gado austríaco ao mesmo tempo que um quarto da população local passa fome e inanição. Cada europeu come dez quilos por ano de legumes provenientes do sul de Espanha, cultivados em estufas irrigadas artificialmente, daí decorrendo severa escassez de água.
Em We Feed the World (Quem alimenta o mundo), o realizador austríaco Erwin Wagenhofer rastreia as origens dos alimentos que comemos. A sua viagem leva-o França, Espanha, Roménia, Suíça,Brasil e de novo Áustria.

Conduz-nos ao longo do filme uma entrevista com Jean Ziegler, até há pouco Relator Especial das Nações Unidas sobre o Direito à Alimentação. Quem alimenta o mundo é um filme sobre alimentação e globalização, sobre pescadores e camponeses, motoristas de camiões de longo curso e administradores poderosos de empresas multinacionais, sobre o fluxo de mercadorias e o fluxo de dinheiro – um filme sobre a escassez no meio da abundância. Com as suas imagens que se não esquecerão, o filme ajuda a compreender como são produzidos os nossos alimentos e explica o que tem a ver connosco o drama da fome no mundo.

São entrevistados, para além de pescadores, agricultores, agrónomos, biólogos e o relator Jean Ziegler, também o director da Pioneer, o maior fornecedor de sementes do mundo, e ainda Peter Brabeck, presidente da Nestlé International, a maior empresa alimentar no mundo.


http://www.we-feed-the-world.at/en/film.htm