30.10.08

Mudar de Vida – 2 : concertos de José Mário Branco na Culturgest ( dias 30 e 31 de Out.)

Convidado pela Culturgest para criar um espectáculo único e específico para o Grande Auditório, José Mário Branco fará aquilo que sempre fez nos seus álbuns e espectáculos: uma referência – como alguém escreveu, sempre autobiográfica – ao estado em que, no seu sentir, se encontra a sociedade de que faz parte.
Tomando como base o mais recente repertório, José Mário Branco decidiu optar por um formato "em tripé" para os músicos que o acompanharão em palco. Primeiro, um conjunto de músicos, todos eles excelentes intérpretes-compositores que o têm acompanhado nos últimos anos nos momentos cruciais: José Peixoto, Carlos Bica, Rui Júnior, Filipe Raposo ou Guto Lucena, instrumentistas de excepção. Segundo, como no seu álbum mais recente Resistir É Vencer (2004), a presença de um quarteto de cordas (liderado pelo jovem Luís Morais, concertino e professor em Viena) irá reforçar o pendor introspectivo que sempre existe quando José Mário Branco nos fala do mundo e da vida. E, terceiro, os convidados muito especiais deste espectáculo: os Gaiteiros de Lisboa (grupo de que José Mário Branco fez parte na sua primeira fase) irão garantir duas componentes sempre presentes na sua música, as partes corais e as percussões. Este conjunto de músicos permitirá apresentar em Lisboa (pela primeira vez, e talvez única) a canção-rap-fleuve Mudar de Vida, escrita para o concerto de Abril de 2007 na Casa da Música, no Porto. Por isso este concerto se chama Mudar de Vida - 2.


José Mário Branco é um artista do seu tempo e da sua comunidade. E este tempo é de introspecção e de eterna busca, mas também de denúncia ("Isto não é sociedade que se apresente") e de acção ("Vamos mudar de vida!").


Voz, guitarra José Mário Branco
Guitarra José Peixoto
Contrabaixo Carlos Bica
Percussão Rui Júnior
Piano, teclados Filipe Raposo S
opros Guto Lucena
1º Violino Luís Morais
2º Violino Jorge Vinhas
Viola Joana Moser
Violoncelo João Pires
Concepção e direcção musical José Mário Branco
Guião José Mário Branco e Manuela de Freitas
Foto Isabel Pinto

Quinta 30 e Sexta 31 de Outubro de 2008 às 21h30
Grande Auditório da Culturgest
Duração 1h30 · 20 Euros (Jovens até aos 30 anos: 5 Euros. Preço único)
http://www.culturgest.pt/actual/mudar_de_vida.html


A CANTIGA É UMA ARMA ( pelo GAC, Grupo de acção cultural, de que José Mário Branco foi um dos membros)



J.M.Branco, A.V. Almeida - Eh companheiro !



José Mário Branco : Eh! Companheiro
Música: José Mário Branco
Letra: Sérgio Godinho
In: "Margem de Certa Maneira",


Eh! Companheiro aqui estou
aqui estou pra te falar
Estas paredes me tolhem
os passos que quero dar
uma e feita de granito
não se pode rebentar
outra de vidro rachado
p'ras duas pernas cortar

Eh! Companheiro resposta
resposta te quero dar
Só tem medo desses muros
quem tem muros no pensar
todos sabemos do pássaro
cá dentro a qu'rer voar
se o pensamento for livre
todos vamos libertar

Eh! Companheiro eu falo
eu falo do coração
Já me acostumei à cor
desta negra solidão
já o preto que vai bem
já o branco ainda não
não sei quando vem o vento
pra me levar de avião

Eh! Companheiro respondo
respondo do coração
ser sozinho não é sina
nem de rato de porão
faz também soprar o vento
não esperes o tufão
põe sementes do teu peito
nos bolsos do teu irmão

Eh! Companheiro vou falar
vou falar do meu parecer
Vira o vento muda a sorte
toda a vida ouvi dizer
soprou muita ventania
não vi a sorte crescer
meu destino e sempre o mesmo
desde moço até morrer

Eh! Companheiro aqui estou
aqui estou p'ra responder
Sorte assim não cresce a toa
como urtiga por colher
cresce nas vinhas do povo
leva tempo a amadur'cer
quando mudar seu destino
está ao alcance de um viver

Eh! Companheiro aqui estou
aqui estou pra te falar
De toda a parte me chamam
não sei p'ra onde me virar
uns que trazem fechadura
com portas para espreitar
outros que em nome da paz
não me deixam nem olhar

Eh! Companheiro resposta
resposta te quero dar
Portas assim foram feitas
p'ra se abrir de par em par
não confundas duas coisas
cada paz em seu lugar
pela paz que nos recusam
muito temos de lutar.

Bicicletadas em Aveiro, Coimbra, Lisboa e Porto nas últimas sextas-feiras de cada mês( próxima: 31 de Out. às 18h.)


Bicicletadas / Massas Críticas - Aveiro, Coimbra, Lisboa e Porto - 31 de Outubro de 2008

Aparece e traz amigas/os

• Aveiro - Início de encontro na Praça Melo Freitas (perto do Rossio) a partir das 18h, saída às 18h30.

• Coimbra - Concentração no Largo da Portagem, junto à estátua do Mata Frades.

• Lisboa - Concentração na Marquês Pombal, no início do Parque Eduardo VII.

• Porto - Concentração na Praça dos Leões.


Para saber mais:

Curso livre de História da Ciência em Évora – hoje a sessão é dedicada ao conhecimento da natureza no período das navegações portuguesas

O Centro de Estudos de História e Filosofia da Ciência, numa colaboração com a Fundação Eugénio de Almeida, promove o segundo curso livre de "História da Ciência". O objectivo é abordar a ciência e a cultura científica no contexto português. De 16 de Outubro de 2008 a 7 de Maio de 2009, no Palácio do Vimioso da Universidade de Évora.

No quadro do conhecimento histórico e científico actual, a História da Ciência vem suscitando um interesse crescente por todos aqueles que se sentem atraídos pela difusão e divulgação das ideias científicas. E, neste ponto, é natural que nos interroguemos sobre os contributos científicos e da cultura científica no desenvolvimento material, político, social e cultural de Portugal, num fio cronológico que se estende por vários séculos: desde as aventuras oceânicas, sempre acompanhadas pelo desvendar dos segredos de um novo mundo natural, passando pelas primeiras publicações científicas nacionais, ao lançamento do cabo submarino, á participação nas grandes exposições universais e nos primeiros congressos mundiais, até ao Nobel de 1949.

Esta é a perspectiva deste Curso Livre de "História da Ciência", outros se seguirão com abordagens diferentes, mas sempre com o propósito de responder à curiosidade de quem se interessa por este tema


PROGRAMA

16 de Outubro de 2008
Para uma História da Ciência em Portugal
A. Fitas

30 de Outubro de 2008
O conhecimento da natureza no período das navegações portuguesas - A medicina e a farmacopeia portuguesa no séc. XVI
J. Sousa Dias


6 de Novembro de 2008
O cartesianismo em Portugal - Azevedo Fortes
Ricardo Coelho

20 de Novembro de 2008
O Newtonianismo em Portugal
Marcial Rodrigues

8 de Janeiro de 2008
A reforma da Universidade de Coimbra, ensino Filosofia Natural, Academia das Ciências de Lisboa. Lisboa - Coimbra
Fátima Nunes

22 de Janeiro de 2008
As viagens filosóficas - museologia e saberes
João Brigola

12 de Fevereiro de 2008
A Escola Politécnica de Lisboa o seu ensino e a sua influência
Rui Namorado Rosa

28 de Fevereiro de 2008
O ensino das ciências em Portugal - arte e memória da Ciência
Mariana Valente

12 de Março de 2008
A Comissão Geológica e o conhecimento da Geologia portuguesa
J. Brandão

26 de Março de 2008
Darwinismo em Portugal - História da Biologia
C. Pinto Correia

9 de Abril de 2008
A república e a renovação científica; os anos trinta. Os estudos da radioactividade em Portugal
A. Fitas

23 de Abril de 2008
O Prémio Nobel Português na medicina - Egas Moniz
Madalena Esperança Pina

7 de Maio de 2008
Filosofia da Ciência no século XX - revistas, filósofos e cientistas
Marcial Rodrigues


Mais info:
aqui

A Utopia do Espírito - Colóquio comemorativo do IV Centenário do nascimento do padre António Vieira ( na Universidade do Minho, Braga)

No âmbito das comemorações do IV Centenário do nascimento do Padre António Vieira, o Instituto de Letras e Ciências Humanas leva a cabo um colóquio subordinado ao tema "A Utopia do Espírito". O colóquio realiza-se hoje, 30 de Outubro, e terá início para as 9h30.


Religião e jesuitismo, António Vieira e os poderes do seu tempo, direitos humanos e os sermões e pregações de Vieira são algumas das questões em debate.

PROGRAMA

09h30 - Sessão de Abertura
Eduarda Keating, Presidente do ILCH
Ana Gabriela Macedo, Directora do CEHUM
Manuel Curado e Micaela Ramon, Organizadores do Colóquio

10h00h - Conferência de Abertura
Acílio Rocha (Vice-Reitor da UM)

O Padre António Vieira (mal) tratado pelo Marquês de Pombal
José Eduardo Franco: (Instituto Europeu de Ciências da Cultura P. Manuel Antunes)

Pelos 'Palácios Altíssimos': Futuros a Temer e Futuros a Desejar
José Marques Fernandes (Universidade do Minho)

11h30h - A festividade de Santa Teresa de Jesus em sermões do Padre António Vieira
Maria Isabel Morán Cabanas (Universidade de Santiago de Compostela)

António Vieira e os múltiplos caminhos dos Direitos Humanos
Eugénio Peixoto (Universidade do Minho)

14h30 - O Rosário dos Pretos": a pregação de Vieira aos negros
Mafalda Ferin Cunha (Universidade Aberta)

A construção do sujeito out of place em Edward Said e na História do Futuro do Padre António Vieira
Maria da Penha Campos Fernandes (Universidade do Minho)

A língua portuguesa em António Vieira e o bom uso dos clássicos latinos no ensino dos Jesuítas
Agostinho Domingues (Doutor pela Universidade do Porto)

16h30 - Pregar a outra freguesia: a personagem de Vieira em O Boca do Inferno de Ana Miranda
Ana Ribeiro (Universidade do Minho)

Vieira em Saramago: da citação à recitação
Maria Paula Lago (Doutora pela Universidade de Santiago de Compostela)

Encerramento
Manuel Curado (Universidade do Minho)


Info:
aqui


Mais informações sobre o Ano Vieirino:

O livro «O Padre António Vieira e as Mulheres – o mito barroco do universo feminino» é apresentado hoje em Braga

Sessão de autógrafos e apresentação do livro O Padre António Vieira e as Mulheres – O mito barroco do universo feminino, de Maria Isabel Moran Cabanas e José Eduardo Franco, da Editora Campo das Letras, na livraria Centésima Página, em Braga, pelas 18.00 horas.

Local: Livraria 100ª Página
Casa Rolão
Av. Central nº 118-120
4710-229 Braga


Estamos perante um livro fascinante que nos propõe uma viagem ao universo do barroco ibérico para observarmos criticamente as representações contrastantes da mulher. Neste estudo, de uma época cultural que é ponto de chegada da grande construção ocidental do mito da mulher, os autores focam a atenção particular e demorada na floresta imensa do sermonário do Padre António Vieira e na forma como o pregador de Seiscentos configura as imagens em torno do universo feminino, recebendo, reproduzindo e reelaborando a herança cultural e mental da compreensão da mulher e do seu lugar na sociedade.

50º aniversário do jornal Notícias da Amadora


http://www.noticiasdaamadora.com.pt/index.php

Reproduzimos o editorial comemorativo do 50º aniversário que retiramos do website do jornal Notícias da Amadora, que se destacou na luta oposicionista contra a ditadura fascista de Salazar e Caetano:

No 50º aniversário da fundação

Dar à notícia a celebração pública

Há 50 anos, no dia 25 de Outubro de 1958, o jornal «Notícias da Amadora» foi pela primeira vez apregoado na rua. Surgia o periódico que durante 48 anos havia de celebrar a notícia sem se deixar amordaçar, mesmo nos 16 anos de ditadura e obscurantismo em que se publicou. Um jornal que exaltou a queda do regime fascista em 25 de Abril de 1974 e que viria a soçobrar em democracia. Esta é uma das muitas contradições e fragilidades do regime democrático, a contingência do arbítrio que nega ou enfraquece a própria democracia.


António de Jesus, o fundador do «Notícias da Amadora», é um homem que não podíamos deixar de celebrar. Foi ele que, desde 1957, intentou publicar um jornal na Amadora. Relevava o interesse público que representava um jornal para a então vila da Amadora e o seu concelho, o município de Oeiras onde se integrava.

O «Notícias da Amadora» veio preencher uma necessidade. A Amadora e a população concelhia passaram a dispor de «um jornal, digno, independente, um porta-voz ou tribuna onde os seus problemas, interesses, necessidades e casos fossem revelados à Nação».

Mas celebro de forma particular e sentida Orlando Gonçalves, que foi o grande obreiro do projecto editorial e jornalístico. Durante 31 anos, desde 1963 a 1994, ano da sua morte, dirigiu o jornal, sem ceder a pressões nem dele retirar benefícios, a não ser o de saber cumprido o desígnio de um serviço público de estimável valor cultural.

Em 26 de Junho de 1963, Orlando Gonçalves reafirmou que o «Notícias da Amadora» serviria o público a que se destina. «Será um jornal vivo, dinâmico, actuante e interessado», «porta-voz dos anseios justos das populações trabalhadoras da zona que servimos.» Postulava a verdade, a razão e a justiça como o norte editorial do jornal.

O seu principal objectivo era a defesa dos interesses da vila e do concelho. Mas como a sua existência não podia ser desligada de um contexto mais amplo, cumpria também ao jornal dar notícia de todas «as povoações que bordejam a linha de Sintra». E levou tão convictamente essa tarefa a cabo que o «Notícias da Amadora» ganhou expansão nacional.

Orlando Gonçalves deu vida a uma equipa entusiástica que se renovou ao longo dos anos e que renovou com cunho profissional e cívico o jornalismo que se fazia em Portugal. Uma equipa que partilhava um objectivo gigante para um pequeno jornal em tempo de ditadura. Queria «dar o seu modesto contributo à necessidade nacional de uma Imprensa esclarecida, independente, informada, que ajude as pessoas a transformarem-se e a terem uma visão mais correcta do seu lugar na vida e na sociedade portuguesa».

Na edição de 27 de Junho de 1970, Orlando Gonçalves anunciou um novo salto, uma nova fase na vida do «N.A.», passou a dispor de oficinas gráficas próprias e a ter distribuição nacional. Mas continuou a «servir princípios de verdade e justiça (verdade e justiça que serão as nossas) e não servir homens ou interesses de grupos».

Essa temeridade e determinação na defesa dos seus ideais foram punidas com a prisão às mãos da PIDE. E foi da prisão de Caxias que saiu em 25 de Abril de 1974. Para voltar à luta por princípios de verdade e justiça que manteve inabaláveis até à sua morte prematura em 8 de Novembro de 1994.

Coube-me a mim prosseguir esse trabalho, que já se antevia cada vez mais difícil ainda em vida de Orlando Gonçalves. A equipa que prosseguiu a edição do «Notícias da Amadora» confirmou o objectivo de sempre: servir o interesse público, dar voz a quem não a tinha e escrutinar a actividade dos políticos, eleitos para governar em nome do povo, mas que sobejamente se entregam a interesses de grupos.

Durante 12 anos, o «Notícias da Amadora» desafiou as probabilidades que lhe anunciavam morte prematura. Mesmo assim não cedeu, nem vendeu a sua independência. O seu património editorial, a memória de todos os que batalharam e se sacrificaram para que o jornal chegasse a casa dos assinantes assim o exigia.

Neste aniversário, celebramos também Maria Luísa Antunes Gonçalves, falecida em 21 de Janeiro de 2007, que também dedicou a sua vida ao «Notícias da Amadora».

Celebramos ainda outros amigos já desaparecidos que, ao longo da vida do jornal, prestaram uma estimável colaboração, designadamente, Miguel Serrano, Fernando Assis Pacheco, Manuel de Azevedo, Alberto Villaverde Cabral, Joaquim Assunção Leal, Francisco Marcelo Curto, Alice Nicolau, Blasco Hugo Fernandes, Muradali Mamadhusen, Fernando Bizarro e Fernando Sequeira.


Não há notícia

Hoje não há notícia da Amadora nem sobre os acontecimentos que todos os dias ocorrem. Esse é o significado evidente do desaparecimento do «Notícias da Amadora». O município regrediu aos idos de 1958. Está tão pobre em informação como estava antes de António de Jesus tomar em mãos esse desafio.

Hoje a população da Amadora não tem quem lhe dê voz, não tem um jornal onde os seus interesses, necessidades e anseios adquiram notoriedade pública e publicada. Não tem quem escrutine a gestão municipal nem quem interpele a governação do município.

Não há na Amadora espaço público, amplo e plural, tal como é concebido nas sociedades desenvolvidas. Pelo contrário, o crescimento urbanístico continua em bom ritmo, contribuindo para degradar a qualidade de vida.

Não há conhecimento verdadeiro da vida colectiva. Mesmo aquelas actividades que são promovidas ou cumprem calendário não são fruídas pela população, que desconhece a sua existência.

No entanto, não falta matéria-prima para dar notícia sobre a Amadora. Nem faltam assuntos a merecer investigação jornalística. O que falta à Amadora é saúde democrática. Os jornais e os outros meios de comunicação social são justamente considerados pelos democratas como instrumentos indispensáveis à vida civilizada.

A história dá-nos sobejos exemplos que só teme a informação quem se pauta por relações patrimonialistas, quem quer abafar protestos ou calar a descoberta da verdade. Mas nos seus avanços e recuos, as populações e os povos acabam sempre por descortinar os caminhos de uma vida melhor.

Celebrar a informação independente e o jornalismo cívico é um tributo à memória editorial do «Notícias da Amadora» e o reconhecimento da sua importância passada.

Orlando César

Retirado de:
http://www.noticiasdaamadora.com.pt/index.php