27.3.08

Rastos (mostra de artes a 27,28 e 29 de Março) e aproveitem para se solidarizarem com o Palco Oriental


Conhecendo o espaço multicultural e diversificado do Palco Oriental, ao Beato, fica-se com um travo de surpresa por se ter revelado um espaço tão interessante fora dos bairros mainstream de LX e que está sob a iminência de ser despejado por ordem do tribunal!!!


Agora o Palco Oriental realiza a sua Mostra de Artes - Rastos, dedicada à Performance de Teatro e Dança, ao Vídeo e Fotografia. Será nos dias 27 a 30 de Março e será imperdível, pelo local, pelas pessoas e tão simplesmente pela arte - essa tão indefinida coisa que nos alimenta!


Programação


Dia 27 Março


21.00 – Abertura
21.15 – Dança
“ Inssendialma” por Leok Pinto (Porto).
21.50 – Vídeo
Mostra de vídeos
00.00 – Concerto
Zootek
00.35 – Concerto /Performance
Electro Re-volt
01.20 - Dj Acquaman


Dia 28 Março

21.00 – Abertura
21.15 – Teatro
“ A mulher que se vestia de homem” por Vanessa Vinha
21.30 – Teatro
“ Hard Fake” por Alface e Rita Mendes
21.50 – Selecção
23.00 – Performance
“ Volte-Face≠2” de Volte- Face≠2
00.10 - Concerto Musical
Like The Man Said
01.00 - Dj Set


Dia 29 Março

15.30 – Teatro para a Infância
“ A Torre da Má hora” pelo Palco Oriental

21.00 – Abertura
21.30 – Dança
“ Maeve” por Beatrix
22.00 – Teatro
“ Cenas de Copi”, direcção de Paulo Lage
22.45 – Teatro
“ Binólogo”, com Célia Ramos
23.15 – Concerto Musical
Noz
00.0 – Dj Set


Dia 30 Março

15.30 – Teatro para a Infância
“ Pocahontas” pelo Lolipop Teatro

21.00 – Abertura
21.30 – Teatro
“ Viagens de Camões” pelo Teatro Pouco Siso
22.15 – Teatro
“ Hanjo”, direcção de Paulo Lage
23.00 - Dança
“ Lost” de Ricardo Ambrósio
23.45 – Dj Set
01.00 - Desfecho

Local:
Palco Oriental
Calçada Duque de Lafões nº 78
Beato
1950 Lisboa


----------------------------------------------------------------
Informação:
Tribunal liquida Palco Oriental

A Associação Cultural Palco Oriental, entidade artística sem fins lucrativos, foi liquidada pelo Supremo Tribunal de Justiça, que decidiu atribuir o edifício à Igreja de S. Bartolomeu do Beato. A Igreja recebe de bandeja um edifício onde nunca esteve nem aplicou um cêntimo e no qual a ACPO custeou obras de dezenas de milhares de euros.

O edifício fora doado à Igreja em 1999 pela Associação de Serviço Social, uma organização fantasma que abandonou as instalações após o 25 de Abril de 1974 e da qual não se conhece qualquer actividade.

Desde há mais de 20 anos que a ACPO acolheu centenas de artistas, das mais variadas formas de expressão: do teatro, da música, da dança, das artes plásticas, do áudio visual, e da simples partilha de experiências de vida.



Petição online pelo Palco Oriental


Rejeite a tétrica imagem do nosso funeral, faça qualquer coisa... comece por assinar a nossa petição online :



A Associação Cultural Palco Oriental, entidade artística sem fins lucrativos não pode, nem deve, depender de um esforço particular mas sim de um esforço colectivo, daí a necessidade de TODOS lutarmos pelo preservação da mesma. O acórdão do STJ, decidiu atribuir o edifício onde está sedeada a Associação Cultural Palco Oriental à Igreja de S. Bartolomeu do Beato.

Desde 16 de Abril de 2001, que o processo movido contra a Associação Cultural Palco Oriental se encontrava nos tribunais.

O Tribunal de 1ª Instância deu razão à Associação Cultural Palco Oriental ao atribuir o edifício, a Relação sentenciou que a "coisa" não estava ganha, e o Supremo, de forma justiceira acabou com um projecto cultural e artístico que resistia desde há mais de duas décadas.

A Igreja recebe de bandeja um edifício onde nunca esteve nem aplicou um cêntimo.

A Associação Cultural Palco Oriental custeou obras, de largas dezenas de milhares de euros.

O edifício é doado à Igreja em 1999. O seu doador foi a Associação de Serviço Social, que abandonou as instalações, logo após o 25 de Abril de 1974.

A esta Associação de Serviço Social, não se lhe conhece qualquer actividade realizada após a revolução, nem nunca nos contactou a reivindicar a devolução do imóvel.

Dezenas de pessoas são assim privadas de dar continuidade aos seus projectos artísticos e à livre expressão das suas vontades e ideais.

Dezenas de pessoas que militantemente se dedicaram e investiram humana e materialmente durante tantos anos neste espaço para dotar culturalmente as populações da Zona Oriental de Lisboa, são assim despejadas.

Desde sempre que este foi um espaço de acolhimento para centenas de artistas, das mais variadas formas de expressão: do teatro, da música, da dança, das artes plásticas, do áudio visual, e da simples partilha de experiências de vida.

A Formação dos Recursos Humanos é essencial para o desenvolvimento da Associação e dos Agentes Culturais que com ela colaboram, a aposta nesta área reflecte o interesse em possuir técnicos mais qualificados e melhor preparados para responder às exigências que as novas técnicas de expressão artística e da tranversalidade entre elas nos trazem.

De acordo com o estudo “A Economia da Cultura na Europa” (KEA, 2006) na União Europeia, o sector da Cultura contribui mais para a economia dos Vinte e Cinco do que outros sectores considerados muito relevantes para a economia da União. Em Portugal, o sector da Cultura é o terceiro principal contribuinte para o PIB.

O relatório da conferência UNESCO “The International Creative Sector” de 2003, afirma que “as novas técnicas de pesquisa dos estudos de urbanismo, têm ajudado as comunidades a reconhecer as suas estruturas e actividades culturais como uma importante mais valia”.

À semelhança do que está a acontecer em muitos países europeus, as cidadãs e os cidadãos abaixo-assinados vêm, nos termos constitucionais e legais, propôr à Assembleia da República que tome com urgência medidas legislativas e políticas para:

1. Que as instalações continuem ao serviço cultural e artístico da Zona Oriental de Lisboa;
2. Que o património seja transferido para a Associação Cultural Palco Oriental



----------------~



Memória histórica:


A Associação Cultural Palco Oriental foi fundada em Janeiro de 1989 por grupos de teatro que já exerciam actividade desde 1979, no imóvel em que estamos sediados.
Os grupos de teatro que estiveram na origem de ste nascimento foram o Teatro “Os Patolas”, “Máscara” - Teatro de Grupo, e o “Triato do Biato”.
Em Maio de 1992, agregando também elementos vindos da Escola Superior de Teatro, estreámos a nossa primeira produção, “Macbeth”.
A Associação Palco Oriental tem procurado, desde a sua fundação, ser uma referência viva na animação cultural da parte velha da Zona Oriental de Lisboa, quer pela promoção de diversas actividades, quer pela manutenção do seu grupo de teatro, quer pela valorização de uma vivência cultural e comunitária que se enraíza nas tradições mais vincadas daquela que, talvez, tenha sido a zona mais industrializada da velha Lisboa.
Este carinho pelo teatro traduziu-se no dar a possibilidade a outros grupos de teatro profissional, ou pró-profissionais, ou amadores ou universitários que surgiram e têm marcado presença entre a nova geração de criadores teatrais de Lisboa.
O Palco Oriental - Grupo de Teatro procurou desde o primeiro momento afirmar-se como difusor de uma prática teatral atraente para os públicos e para uma nova geração de actores e criadores, de formação e proveniências diversas, que reconhecem no Palco Oriental um projecto onde a experimentalidade e o risco são uma evidência.

website:
http://palco_oriental.tripod.com/

Ocupantes fora do Iraque: 5 anos de ocupação - 5 anos de Resistência (Concentração no Largo Camões, 29 de Março às 16h.)




Concertos com músicos árabes e portugueses em
Coimbra (8 de Abril), Braga (10 de Abril),
Lisboa (12 de Abril),
Torres Novas ( 13 de Abril)




5 anos de ocupação, 5 anos de resistência



Factos e números sobre a ocupação do Iraque

Genocídio: mais de um milhão de iraquianos foram mortos desde o início da ocupação, dez vezes mais que os números oficiais. A principal causa de morte violenta é a actuação das forças de ocupação. Entre 1991 e 2003, tinham morrido já 2,7 milhões de iraquianos em consequência do embargo económico imposto pela ONU.

Refugiados: O Iraque é hoje o primeiro país do mundo em número de refugiados – 2, 5 milhões no interior e 2,2 milhões nos países vizinhos. Os mortos mais os refugiados atingem perto de um quarto da população iraquiana.

Pobreza extrema: 43% dos iraquianos vive com menos de 70 cêntimos por dia. 60 a 70% da população activa não tem trabalho.

Dependência: 6 milhões de pessoas necessitam de ajuda humanitária para sobreviver, o dobro de 2004.

Menos ajudas: apenas 60% dos iraquianos tem acesso a rações de alimentos governamentais. A cobertura era universal antes da invasão. Por pressão do Banco Mundial, a partir de Junho de 2008 este sistema de abastecimento será suprimido, assim como os subsídios aos carburantes.

Malnutrição infantil: metade dos menores de 5 anos sofre de malnutrição. O baixo peso dos recém-nascidos triplicou, atingindo 11% dos nascimentos.

Contaminação nuclear: em 1991 e em 2003 os EUA lançaram sobre o Iraque mais de 2500 toneladas de urânio empobrecido, em bombas e munições. Solos e reservas de água ficaram contaminados. Os efeitos vão perdurar por 4,5 mil milhões de anos.

Cancros e malformações: em consequência da radioactividade, aumentaram em flecha as malformações congénitas, as leucemias, as doenças da tiróide e o número de cancros. No sul do Iraque os cancros aumentaram 11 vezes entre 1988 e 2002. As malformações congénitas atingem 67% dos filhos de soldados norte-americanos que estiveram no Iraque.

Destruição de infraestruturas: 70% da população deixou de ter água potável e 80% não tem esgotos. O abastecimento de electricidade está reduzido a duas horas por dia. A cólera, que tinha sido erradicada, espalhou-se por metade das 18 províncias iraquianas.

Destruição do sistema de saúde: 2 mil médicos foram assassinados. Metade dos 34 mil médicos existentes em 2003 abandonou o país. Dos 180 grandes hospitais, 90% carece de recursos essenciais. Os hospitais foram transformados pelos esquadrões da morte em centros clandestinos de detenção, tortura e assassinato.

Destruição do sistema de ensino: mais de 800 mil alunos deixaram de ir à escola primária (22%) e só metade dos que completam a instrução primária iniciam o secundário. Outras 220 mil crianças refugiadas com as famílias em países vizinhos estão sem escola. Mais de 300 professores e professoras de todas as universidades do país foram assassinados. As milícias religiosas governamentais impuseram a segregação de sexos e o vestuário islâmico.

Destruição dos serviços públicos: já em 2006, 40% do pessoal qualificado iraquiano tinha abandonado o país, levando ao desmoronamento dos serviços.

Roubo de recursos: a produção de petróleo está deliberadamente sem controlo. Calcula-se que a exportação actual de petróleo iraquiano, dominada por empresas norte-americanas, atinja 2,1 milhões de barris por dia, menos meio milhão que antes da invasão. O Iraque tem de importar combustíveis para transportes e uso doméstico.

A fraude da “reconstrução”: em Agosto de 2007, o governo iraquiano tinha aplicado apenas 4,4% do orçamento de Estado para esse ano.

Prisões em massa: 24 mil iraquianos estão presos à guarda das forças dos EUA. Mais 400 mil estão detidos em prisões governamentais.

Guerra sem lei: além das tropas norte-americanas e de outros países ocupantes, actuam no Iraque 180 mil mercenários, não abrangidos por nenhuma lei internacional.

Resistência: permanecem no Iraque 158 mil soldados dos EUA. Segundo dados oficiais norte-americanos, mais de 4 mil foram mortos e 30 mil foram feridos – 82% dos quais em combate.

Programa de libertação nacional: nos últimos dois anos, vários agrupamentos da resistência, incluindo 40 organizações militares, uniram-se numa frente de liberação nacional. Adoptaram um programa democrático que prevê a retirada das forças ocupantes, a reconstrução das estruturas do Estado, a criação de um governo de unidade nacional e a aprovação, em referendo, de uma nova constituição.

Retirado de:
http://tribunaliraque.info/pagina/inicio.html


---------------------------------------------------------------


CARTA ABERTA AO PRIMEIRO-MINISTRO DE PORTUGAL
20 de Março de 2008
Subscrita por várias organizações cívicas e sindicais



Senhor Primeiro-ministro:

Em 17 de Março de 2003, um dia depois da cimeira dos Açores, o presidente George W. Bush anunciou o iminente ataque militar ao Iraque com a seguinte declaração:

«À Nação do Iraque,
Informação recolhida por este e outros governos não deixa dúvidas de que o regime iraquiano continua a possuir e esconder as mais mortíferas armas (...). O regime tem um historial de rude agressão no Médio Oriente. Tem (...) ajudado, treinado e protegido terroristas, incluindo operacionais da Al Qaeda. O perigo é claro: usando armas químicas, biológicas ou, um dia, nucleares conseguidas com a ajuda do Iraque, os terroristas poderiam concretizar as suas ambições assumidas de matar milhares ou centenas de milhar de inocentes no nosso e noutros países (...). À medida que a nossa coligação lhes retirar o poder, iremos distribuir a comida e os medicamentos de que precisam. Iremos desmontar o aparato de terror e ajudar-vos-emos a construir um novo Iraque que seja próspero e livre. No Iraque livre não haverá mais guerras de agressão contra os vossos vizinhos, não mais fábricas de venenos, não mais execuções de dissidentes, não mais câmaras de tortura e câmaras de violação. O tirano em breve partirá. O dia da vossa libertação está perto.»

Falar de liberdade e democracia no Iraque é um insulto à inteligência.
Em cinco anos de ocupação, o Iraque conta mais de um milhão de mortos e cinco milhões de exilados e deslocados. Muitos mais morrerão enquanto persistir a ocupação, e em sua consequência, vítimas da fome e da doença, da contaminação radioactiva, das catástrofes ambientais e humanitárias e do terrorismo de Estado e do promovido por indivíduos ou grupos.
Durão Barroso, que como primeiro-ministro teve especiais responsabilidades na campanha a favor da guerra, procurou limpar a face declarando que se enganara. Paulo Portas, então ministro da Defesa, que “tinha visto provas” da existência das armas de destruição maciça, refugia-se no silêncio. Jorge Sampaio, que enquanto Presidente da República aceitou o envolvimento português, nada diz diante da catástrofe.
Portugal tem sido cúmplice activo na guerra que levou à destruição de um país, ao sofrimento e morte de um povo – e ao agravamento da situação do Médio Oriente.
Na verdade, à destruição do Iraque somam-se a destruição do Afeganistão, o genocídio do povo palestiniano, o ataque ao Líbano, as ameaças ao Irão, o escândalo dos “voos da CIA” e das prisões secretas criadas pelos EUA à margem de qualquer lei. Todos estes factos fazem parte de um mesmo plano de domínio do Médio Oriente. E a justificação com que se cobre – a chamada “guerra ao terrorismo” – tem sido desmontada pelos factos e repudiada em todo o mundo por muitos milhões de pessoas.
Estas situações configuram violações do direito internacional, crimes contra a Humanidade e crimes de guerra a que Portugal não deve nem pode estar associado.

Senhor Primeiro-ministro,

Portugal é uma República soberana, baseada na dignidade da pessoa humana (art. 1º da Constituição da República) e o Estado subordina-se à Constituição (art. 3º). Portugal rege-se nas relações internacionais pelos princípios da independência nacional, do respeito dos direitos do Homem, dos direitos dos povos, da igualdade entre os Estados, da cooperação com todos os povos do Mundo para a emancipação e progresso da humanidade (art. 7º, nº 1). Portugal preconiza a abolição do imperialismo, do colonialismo e de quaisquer outras formas de agressão (art. 7, nº2).
Não haverá povos livres e soberanos enquanto não se respeitar a liberdade e a soberania de todos os povos. Nem se será digno de respeito enquanto não se respeitar o direito internacional e os direitos do Homem. Não haverá progresso e emancipação enquanto houver povos escravizados e colonizados.
Não é com terrorismo de Estado nem com guerras que se combate a fome e a pobreza, que se luta pelo progresso e pelo desenvolvimento.

Senhor Primeiro-ministro,
Portugal continua a ser parceiro de crimes cometidos pelos interesses imperialistas dos EUA. Não colhe o argumento de que o governo português foi enganado, nem é justificação o respeito por compromissos assumidos quando está em causa a violação do direito internacional.

É necessário mudar de rumo e, no cumprimento do espírito e da letra da nossa Constituição, é imperioso que o governo se demarque daqueles actos e desenvolva todos os esforços diplomáticos e políticos para acabar com os crimes citados e para respeitar os países e povos agredidos.

Pela passagem do 5.º ano de ocupação e do início do massacre dos iraquianos por tropas imperiais (regulares e mercenárias), as organizações signatárias exigem do Governo Português o cumprimento da Constituição da República, o exercício de uma política internacional de respeito pelos direitos humanos e pela soberania dos Estados.

Lisboa, 20 de Março de 2008

Dia Mundial do Teatro 2008 - mensagem de Robert Lepage


Robert Lepage, actor, encenador e dramaturgo canadiano é o autor da Mensagem para o Dia Mundial do Teatro 2008.



"Existem várias hipóteses sobre as origens do teatro, mas aquela que me interpela mais tem a forma de uma fábula:


Uma noite, na alvorada dos tempos, um grupo de homens juntou-se numa pedreira para se aquecer em volta de uma fogueira e para contar histórias. De repente, um deles teve a ideia de se levantar e usar a sua sombra para ilustrar o seu conto.Usando a luz das chamas ele fez aparecer nas paredes da pedreira, personagens maiores que o natural. Deslumbrados, os outros reconheceram por sua vez o forte e o débil, o opressor e o oprimido, o deus e o mortal.


Actualmente, a luz dos projectores substituiu a original fogueira ao ar livre, e a maquinaria de cena, as paredes da pedreira.E com todo o respeito por certos puristas, esta fábula lembra-nos que a tecnologia está presente desde os primórdios do teatro e que não deve ser entendida como uma ameaça, mas sim como um elemento unificador.


A sobrevivência da arte teatral depende da sua capacidade de se reinventar abraçando novos instrumentos e novas linguagens. Senão, como poderá o teatro continuar a ser testemunha das grandes questões da sua época e promover a compreensão entre povos sem ter, em si mesmo, um espírito de abertura? Como poderá ele orgulhar-se de nos oferecer soluções para os problemas da intolerância, da exclusão e do racismo se, na sua própria prática, resistiu a toda a fusão e integração?


Para representar o mundo em toda a sua complexidade, o artista deve propor novas formas e ideias, e confiar na inteligência do espectador, que é capaz de distinguir a silhueta da humanidade neste perpétuo jogo de luz e sombra.


É verdade que a brincar demasiado com o fogo, o homem corre o risco de se queimar, mas ganha igualmente a possibilidade de deslumbrar e iluminar."Robert Lepage




Robert Lepage - Biographical information - English



Qué pasaría si... ? (o que aconteceria se...) por Mario Benedetti

O que aconteceria se num dia
Despertássemos e déssemo-nos
Conta que éramos a maioria?

O que aconteceria se, de súbito,
Uma injustiça,só uma,
Fosse repudiada por todos,
Não por uns, nem por alguns, mas por todos?

O que aconteceria se, em vez de
Seguirmos divididos nos
Multiplicássemos, nos juntássemos
E bloqueássemos o inimigo que
Nos trava o passo?

O que aconteceria se nos
Organizássemos, e ao mesmo
Tempo enfrentássemos
Sem armas, em silêncio,
Em multidões e com milhões de
Olhares a cara dos
Opressores, sem darmos vivas,
Sem aplausos, nem sorrisos,
Sem palmas nos ombros,
Sem cânticos partidários,
Sem cântico algum?

O que aconteceria se eu pedise
A ti que estás tão longe,
E tu por mim que estou tão longe, e ambos pelos
Outros que estão tão
Longe e os outros por
Nós, apesar de estarmos tão longe?

O que aconteceria se o grito
De um continente fosse
O grito de todos os continentes?

O que aconteceria se em vez do nos lamentarmos,
Deixássemos o corpo falar?

O que aconteceria se rompêssemos
As fronteiras, e seguíssemos em frente, avançando,
Avançando?

O que aconteceria se queimássemos
Todas as bandeiras para
Termos só uma, a nossa, a de todos, ou melhor,
Nenhuma porque não precisamos?

O que aconteceria se de súbito
Deixássemos de ser patriotas para
Sermos apenas seres humanos?

Não sei… Mas mesmo assim eu pergunto:

O que é que aconteceria?


NO ORIGINAL:

¿Qué pasaría si un día
despertamos dándonos
cuenta de que somos mayoría?

¿Qué pasaría si de pronto
una injusticia, sólo una,
es repudiada por todos,
todos los que somos, todos,
no unos, no algunos, sino todos?

¿Qué pasaría si en vez de
seguir divididos nos
multiplicamos, nos sumamos
y restamos al enemigo que
interrumpe nuestro paso?

¿Qué pasaría si nos
organizáramos y al mismo
tiempo enfrentáramos
sin armas, en silencio,
en multitudes, en millones de
miradas la cara de los
opresores, sin vivas,
sin aplausos, sin sonrisas,
sin palmadas en los hombros,
sin cánticos partidistas,
sin cánticos?

¿Qué pasaría si yo pidiese
por ti que estás tan lejos,
y tú por mí que estoy tan lejos, y ambos por
los otros que están muy
lejos y los otros por
nosotros aunque estemos lejos?

¿Qué pasaría si el grito
de un continente fuese
el grito de todos los continentes?

¿Qué pasaría si pusiésemos
el cuerpo en vez de lamentarnos?

¿Qué pasaría si rompemos
las fronteras y avanzamos
y avanzamos y avanzamos
y avanzamos?

¿Qué pasaría si quemamos
todas las banderas para
tener sólo una, la nuestra,
la de todos, o mejor
ninguna porque no
la necesitamos?

¿Qué pasaría si de pronto
dejamos de ser patriotas para
ser humanos?

No sé... me pregunto yo:

¿Qué pasaría...?

Mario Benedetti






Para uma vida não fascista


"Livrem-se das velhas categorias do Negativo (a lei, o limite, as castrações, a falta, a lacuna) que por tanto tempo o pensamento ocidental considerou sagradas, enquanto forma de poder e modo de acesso à realidade.
Prefiram o que é positivo e múltiplo, a diferença à uniformidade, os fluxos às unidades, os agenciamentos móveis aos sistemas. Considerem que o que é produtivo não é sedentário, mas nómada."

(Foucault, Uma introdução à vida não fascista, pref. à ed. norte-americana de O Anti-Édipo.)

Movimento Renovar a Mouraria: assinem a petição, porque a Mouraria é linda!


http://renovaramouraria.blogspot.com/


O movimento Renovar a Mouraria surgiu da iniciativa de um grupo de moradores e amig@s deste bairro histórico, com o objectivo de chamar a atenção dos responsáveis políticos e sociais para a situação em que este bairro se encontra.


Do Largo do Intendente ao Palácio do Marquês de Tancos existe um património à nossa espera...

A Mouraria abrange 5 freguesias. Os Anjos e a Graça cobrem uma pequena fatia do bairro, bem como Stª Justa. Sendo que a Mouraria ganha maior expressão nas freguesias do Socorro e de S. Cristóvão e S. Lourenço.

Por toda esta zona grassa a degradação social e urbanística.

Ainda assim a Mouraria é uma pérola.

A Mouraria é Linda !

--------------------------------------------------

Petição Renovar a Mouraria

Senhor Presidente da República
Senhor Primeiro-ministro
Senhor Presidente da Câmara Municipal de Lisboa
Senhora Presidente da Assembleia Municipal de Lisboa

O nome Mouraria remonta a 1170, época de D. Afonso Henriques, quando o monarca deu foral aos mouros de Lisboa e concedeu esta zona aos mouros vencidos.

Pela encosta estende-se um emaranhado de ruas, ruelas, travessas, becos e largos com uma beleza única, um valor histórico e uma diversidade cultural inigualável. Porém, e por incrível que pareça, esta pérola no centro de Lisboa está abandonada, suja, degradada, moralmente abatida, em nada contribuindo para a fotografia do turista que passa…

Bairro com mais de 5.000 habitantes, muitos deles vivendo em condições desumanas, com problemas de salubridade e de recolha de lixos, tráfico e consumo de droga a céu aberto, fraco policiamento, ausência de jardins e espaços infantis, entre outros graves problemas. A Mouraria continua na mesma: sem rei nem roque!

Um vasto património sofre a sua degradação. A questão urbanística é uma das mais prementes. Largas dezenas de prédios a precisar de uma intervenção urgente, dezenas de outros entaipados, obras paradas, são o espelho de um bairro esquecido. Património esquecido é também o fado: o bairro que o viu nascer não tem uma casa que o dignifique.

Os idosos constituem a larga maioria dos habitantes e os jovens vêem-se obrigados a abandonar o bairro por falta de condições.

Pela sua história, localização, beleza e diversidade, a Mouraria apresenta um potencial habitacional, cultural e artístico, de lazer e turístico, que é urgente valorizar.

Esta situação é inaceitável: afecta a cidade e as pessoas que nela habitam, bem como a imagem da capital do nosso país.

Conscientes de que este pedido se fundamenta no exercício de uma cidadania empenhada e participativa, os signatários esperam de vossas excelências a tomada de medidas para a reabilitação e revitalização da Mouraria, com a urgência que a gravidade da situação justifica.



Para assinar clique aqui:
www.PetitionOnline.com/renovar/petition.html



Entidades que apoiam
o movimento "Renovar a Mouraria"

Grupo Desportivo da Mouraria
Centro Escolar Republicano Almirante Reis
Grupo Gente Nova
Casa de Lafões
Gaia - Grupo de Acção e Intervenção Ambiental
Sociedade de Instrução Guilherme Cossoul
Associação Sete Sois Sete Luas



-----------------------------------------------------------------------


Amália Rodrigues
Marcha Da Mouraria


Mouraria garrida, muito presumida,
Muito requebrada,
Com seu todo gaudério,
Seu ar de mistério,
De moura encantada!
É como um livro de novela,
Onde o amor é lume
E o ciúme impera!
Ao abrir duma janela
Parece o vulto
Daquela Severa!


A marcha da Mouraria
Tem o seu quê de bairrista!
Certos ares de alegria,
É a mais boêmia,
É a mais fadista!


Anda toda encantada,
De saia engomada,
Blusinha de chita!
É franzina, pequena,
Gaiata e morena,
Cigana e bonita!
Tem a guitarra pra gemer
Um amor sublime
Que nunca atraiçoa!
Esse bairro deve ser
O lindo ou mais castiço
Da velha Lisboa!