25.9.07

A propósito de uma ideia ignóbil chamada «competição»


Todos nós já sabemos que, chegados a certa idade, os nossos pais conduzem-nos até às portas de uma instituição que se vai encarregar de nós. Para alguns já aos 3 anos se torna visível que essa «socialização forçada» não correrá nada bem. Alguns choram, outros fincam os pés, e muitos exprimem uma grande revolta através dos fracos meios que dispõem, sentindo uma raiva a nascer dentro de si e pronta a rebentar.


Depois do infantário entramos no «mundo dos grandes» - pelo menos, é assim que os professores costumam receber os alunos da antiga escola primária, hoje designada por 1º ciclo do ensino básico. Seguem-se, em seguida, os restantes graus de ensino até chegarmos ao ensino secundário e, para alguns, ao ensino superior. Mas em todos eles ressalta uma característica comum: classificar os alunos. E quem não se lembra de apanhar com um cinco ou um nove, ou então de um comentário ou uma observação escrita do tipo «Muito insuficiente» ou, simplesmente, «Medíocre».


Não tendo escolhido a escola, nem as matérias para aprender, nem sequer o método de aprendizagem, acabamos por nos tomar de pânico só com a ideia dos nossos pais receberem a informação de uma avaliação negativa. E não raro a comparação entre as notas mais altas e as mais baixas acabava por ser um verdadeiro golpe na nossa cabeça, em que a vaidade dos melhores contrastava com a vergonha daqueles que eram classiificados com as piores notas. E não faltavam as ocasiões para a instituição lembrar que certo aluno não era tão bom que um seu colega, ou que alguns se encontravam abaixo da média geral.

Com tudo isso o que o sistema, pouco a pouco, pretende é incutir a «virtude» da competição como motor do sucesso social, o grande mito propagandeado de todas as sociedades hierarquizadas. A nossa caderneta escolar serve assim de prelúdio ao nosso futuro currículo profissional, assim como as matérias ensinadas serão uma sombra do emprego que nos calhar na grande lotaria que é o mercado concorrencial.

E tal como sofremos a vergonha das notas abaixo de dez, assim também iremos sofrer a auto-culpabilização de estarmos a receber o salário mínimo ou, pior ainda, ficarmos no desemprego.

A ideia que nos passam e que nos pretendem vender é que sem compreendermos a utilidade das funções exponenciais na matemática, nada feito: sem isso estaremos, o mais certo, destinados ao mais rotundo fracasso.

Mesmo até o exemplo do «self-made man» serve às mil maravilhas para nos convencerem que só a nós próprios devemos o êxito ou o insucesso na vida. Só a nós e a mais ninguém !!! – dizem eles, ocultando o carácter socialmente selectivo do sistema mercantil em que vivemos.

A escola é construída para ser uma espécie de antecâmara em que o objectivo é a formatação dos espíritos, operação que se destina, ao fim e ao cabo, a habituarmo-nos a olhar o outro não como um irmão-companheiro de vida, mas antes como um potencial competidor, aquele que poderá ser sempre o «melhor» ou o «menos bom» que nós próprios, dependendo da capacidade que cada qual revelar em integrar-se num sistema hierárquico e de dominação.

E é essa mesma capacidade - que vai fabricando bons exploradores, para uns, e bons escravos submissos, para outros – que reside a chave-mestra deste sistema abjecto em que vivemos, e que desgraçadamente, nos habituamos acriticamente a subsistir. É por isso que é importante acabar, quanto antes, com ele, para que em vez da competição e da concorrência, possa emergir um mundo onde a regra seja a solidariedade e o apoio mútuos
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Festival inglês de cinema independente vai passar os filmes na internet

Parte dos filmes do Raindance Film Festival, o maior festival independente de cinema da Grã-Bretanha, será exibida simultaneamente na internet.


Segundo os organizadores, a iniciativa, pioneira no circuito, pode ser uma nova forma divulgar os cineastas independentes.
O festival fez um acordo com o provedor de banda larga Tiscali para que seis filmes da programação fiquem disponíveis para o público na rede, ao mesmo tempo em que têm sua estreia nos cinemas londrinos.

Entre os filmes, está o documentário de longa-metragem Flames in the Looking Glass, que acompanha as vidas de três transexuais indianos que têm Sida
Também estão incluídos a produção escocesa The Inheritance e um documentário sobre hip hop na cidade inglesa de Brighton que tem participação do DJ Fatboy Slim, South Coast.
Os seis filmes ficarão disponíveis para download gratuitamente a partir das 21h no dia em que estrearem.

Também será exibida na internet, durante cinco noites, uma selecção de 15 filmes de curta-metragem de cineastas iniciantes.

O site do festival vai oferecer ainda notícias sobre filmes vistos na noite anterior e entrevistas.
Além dos filmes, a programação do festival Raindance inclui eventos paralelos.
Num deles, cineastas iniciantes ou aspirantes a cineastas tentarão vender suas ideias de roteiros a um grupo de personalidades do cinema, entre eles o produtor Nik Powell, a directora do fundo de financiamento do Film Council da Grã-Bretanha, Sally Caplan, e o actor Ewan McGregor.
O fundador do festival Raindance, Elliot Grove, disse ao jornal britânico The Guardian que a distribuição online oferece a cineastas novas formas de financiar seus filmes.
Segundo Grove, a distribuição online daria a cineastas iniciantes uma oportunidade de encontrar uma audiência sem ter de passar pelo circuito tradicional de Hollywood.

O festival começa no dia 26 de Setembro e vai até 7 de Outubro.

http://www.raindance.co.uk/site/
Fonte: BBC online

Conferências por John Urry (27 e 28 de Set), um dos principais sociólogos contemporâneos

2 conferências pelo Prof John Urry, um dos principais sociólogos contemporâneos, na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, sobre importantes problemáticas sociais:


- As Cidades do Espectáculo


- Mobilidades e Sociabilidades


Entrada Livre

27 e 28 de Setembro

Sobre John Urry:

Poesia e outras artes:do modernismo à contemporaneidade - colóquio na Fac. de Letras do Porto (27 e 28 de Set.)


COLÓQUIO INTERNACIONAL "POESIA E OUTRAS ARTES: DO MODERNISMO À CONTEMPORANEIDADE"

Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa


PROGRAMA

27 de Setembro
Anfiteatro Nobre

Manhã
09:30 - Abertura
10:00 - Marjorie Perloff (Stanford Univ./ Univ. of Southern California)
From Avant-garde to Digital: The Legacy of Brazilian Concrete Poetry
10:45 - Pausa para café
11:15 - Alberto Pimenta (Univ. Nova de Lisboa)
Acentos no irreal da irrealidade
11:45 - Manuel Portela (Univ. Coimbra)
Significantes em movimento em movimento

12:45 - Almoço

Tarde
14:30 - Bernardo Pinto de Almeida (Univ. Porto)
Alusignações: palavra, imagem, imaginário
15:00 - Ida Alves (Univ. Federal Fluminense)
A poesia não é como a pintura ou a ordem das visibilidades
15:30 - Ana Gabriela Macedo (Univ. Minho)
The Verbal and Visual Poetics of the Futurist Stage Manifestos
16:00 - Pausa para café
16:30 - Graça Capinha (Univ. Coimbra)
An Act of Gnosis: Painter Jess Collins & Poet Robert Duncan
17:00 - Paulo de Medeiros (Univ. Utrecht)
Visões de Pessoa

19:45 - Jantar

21:30 - Performance de poesia com os poetas Alberto Pimenta e Manuel Portela (Biblioteca Municipal de Matosinhos)



28 de Setembro
Anfiteatro Nobre

Manhã
10:00 - Pedro Eiras (Univ. Porto)
Capricho mortal. Bach na poesia de Manuel de Freitas
10:30 - Rosa Martelo (Univ. Porto)
"Qualquer poema é um filme"? - Presença do cinema em alguma poesia
portuguesa contemporânea
11:00 - Pausa para café
11:30 - Joana Matos Frias (Univ. Porto)
"Peeping Tongue: Ut Photographia Poesis ou O Verso da Evidência".
12:00 - Mário Jorge Torres (Univ. Lisboa)
Para uma poética do cinema a partir do texto lírico

13:00 - Almoço

Tarde
14:30 - Rui Carvalho Homem (Univ. Porto)
Horsing About?: Memory and the Visual in Two Contemporary Irish Poets
15:00 - Liliane Louvel (Univ. Poitiers)
La transposition intersémiotique: le cas de Paul Durcan et sa galerie de poèmes
16:00 – Encerramento