4.7.07

Bom dia, preguiça! - o célebre livro de Corinne Maier

A arte e a necessidade de se fazer o menos possível na empresa

Vivemos um mundo em que se repete continuamente que o capital humano é o trunfo mais importante, mas as empresas "tratam os empregados como lenços de papel", lançam-nos fora e despedem-nos a qualquer momento !!!
Encontra-se no mercado português ( editado pela Pergaminho), e também brasileiro, um livro de leitura obrigatória que vendeu mais de 200.000 exemplares em França, desde que aí foi lançado em Abril de 2004, e que já foi publicado em muito mais do que 20 países e traduzido para muitas outras tantas línguas.

«Bom dia, preguiça» é o título desse pequeno livro e a sua autora é Corinne Maier que pretende com o seu breve texto desafiar os trabalhadores de todo o mundo a deixarem de ter escrúpulos em relação às empresas onde trabalham e começarem desde já a preguiçarem… Até porque a empresa que nos contrata não está tanto interessada nas nossas vidas mas, sobretudo, na nossa exploração. Daí que a autora proponha estratégias discretas e «invisíveis» para minar o sistema por dentro.

A ideia é aproveitarmo-nos das empresas, e não o contrário, pois o mais habitual é as empresas aproveitarem-se e apropriarem-se das nossas existências e recursos. Trabalhar sim, mas o mínimo posível. Os funcionários «perfeitos» são os mais cobardes e os mais obedientes, cumprem religiosamente as instruções e as ordens, características estas que não são nada abonatórias para a inteligência humana.


No livro conclui-se, por exemplo, que 17% dos assalariados estão activamente desligados do seu trabalho diário. Ou seja, adoptaram um atitude que roça a sabotagem. E apenas 3% dos assalariados é que se empenham seriamente – e ingenuamente – na actividade laboral para que foram contratados.


E com sarcasmo, que está presente ao longo de todo o livro, a autora remata: «As pessoas trabalham pelo dinheiro. Se trabalhar fosse bom, trabalharíamos de graça».


Trata-se, sem dúvida, de um livro imprescindível para perceber as novas relações no ambiente de trabalho onde a cretinice se casa com a hipocrisia geral, e como a gestão moderna não passa de um descomunal embuste para a qualidade de vida de um trabalhador que preze a sua existência.


Corinne Maier mostra como as empresas não se preocupam nem um pouco mais ou menos com os seus funcionários – a não ser na hora de sugá-los ao máximo. Por isso, o melhor que os funcionários têm a fazer é também não se esforçarem para a empresa em que trabalham. Postura que, segundo ela, já está a ser adoptada por um número crescente de trabalhadores activos e conscientes.

Na França (onde ela vive), por exemplo, apenas 3% dos empregados se mostram “motivados” no seu trabalho. Os demais precisam de constantes programas de motivação para darem força ao seu ânimo.


Os conselhos nada convencionais da autora recomendam que as pessoas não se esforcem. Caso mostrem empenho e esforço o mais provável é que não chegarão a lugar nenhum. Enganam-se aqueles que pensam que serão recompensados pela sua dedicação.

Economista, doutorada também em psicologia, a autora narra em "Bonjour paresse", num tom acerbo, os jogos de poder nas empresas, o vocabulário de "management" absconso, as incompetências dos colegas, a hipocrisia dos discursos. Neste panfleto anarquista, é recomendado fazer o menos possível porque o "cretino ao seu lado vai um dia destes substitui-lo".

Um excerto do livro:


" Você é um escravo dos tempos modernos. É inútil tentar mudar o sistema - isso só o torna mais forte (...) O trabalho que faz é inútil e você será um dia substituído um dia pelo cretino que trabalha na mesa ao lado - por isso trabalhe o menos possível e cultive uma rede de compadrios que o tornará intocável na próxima leva de despedimentos (...) Você não é julgado pelo seu mérito, mas pela sua aparência (...) Fale com linguagem tecnocrática: os outros vão pensar que você é inteligente (...) Não aceite posto de responsabilidade: vai ter de trabalhar mais, sem ganhar muito mais (...) Seja simpático com as pessoas com contratos a prazo - são as únicas que trabalham mesmo (...) Diga a si mesmo que este sistema absurdo não pode durar para sempre. Vai desabar como desabou o materialismo dialéctico do sistema comunista. Toda a questão é de saber quando".

A solução, para Corinne, seria escolher profissões “menos integradas ao jogo capitalista”. Foi o que ela fez: “Imitem-me, colegas assalariados, neo-escravos, pobres-diabos da terceirização”, conclama.


Enquanto essa mudança não acontecer, aconselha, as pessoas devem ficar no seu emprego – mas discretamente sem trabalhar! Esse comportamento, diz Corinne, será o mais eficaz para “minar o sistema, de dentro, sem dar na vista”.

Recorde-se que, quando o livro apareceu em França, a empresa onde a autora trabalhava como economista – a poderosa EDF, a principal companhia de electricidade francesa - não apreciou a obra e ameaçou-a de despedimento, facto que serviu para tornar ainda mais conhecido o livro e a ousada proposta de trabalhar cada vez menos dentro das empresas. Convocada para uma reunião com a direcção da empresa, a autora do «Bom dia, preguiça, portadora de uma licenciatura em economia e outra em psicologia, respondeu laconicamente, que não podia aparecer pois se encontrava de férias.

http://corinnemaier.blogs.nouvelobs.com/

http://corinnemaier.free.fr/accueil.html







O que é a exploração capitalista dos trabalhadores?


Os meios de comunicação só falam de «exploração» quando querem referir-se à «sobre-exploração». E se é verdade que todos somos explorados, não é menos justo denunciar em primeiro lugar a crescente sobre-exploração a que estão sujeitos um número cada vez maior de trabalhadores. Mas acontece que os meios de comunicação social esquecem ou ocultam deliberadamente a natureza do trabalho assalariado, e como esta condição salarial significa a exploração de uma classe social por outra classe social para quem os primeiros trabalham.

Pensemos num país de 20 milhões de trabalhadores. Se o dia de trabalho médio é de 1.800 horas em cada ano, tal quererá dizer que aquele conjunto de trabalhadores gastará cada ano 36.000 milhões de horas para produzir o valor do Rendimento Nacional, depois de descontado, bem entendido, os demais custos de produção ligados ao uso dos meios de produção ( custos pela compra e manutenção das máquinas, os custos das matérias-primas e da energia). Ora se esses trabalhadores assalariados consomem uma enorme quantidade de bens e serviços mas que só representa uma parte do que foi produzido, equivalente a 16.000 milhões de horas, isso quer dizer que as restantes 20.000 milhões de horas será o «sobre-trabalho», ou seja, aquela parte do trabalho realizado pelos assalariados para além do que é necessário para produzirem aquilo que consomem.

É esse sobre-trabalho que cria a mais-valia, em proveito dos capitalistas, o principal motivo de atracção dos empregadores para contrataren mão-de-obra assalariada.

O que chamamos, pois, taxa de mais valia, e que é o indicador numérico do grau de exploração do trabalho, consiste então na relação entre esse tal sobre-trabalho não pago e o trabalho pago com o salário ou, por outras palavras, é o quociente entre a receita total e a massa salarial.


Essa taxa cresce com o desenvolvimento económico gaças ao impulso da produtividade do trabalho. Como esta embaratece o valor de cada mercadoria, isso também se aplica naquela fracção da produção social que representa o conjunto dos salários no rendimento nacional. Ou seja, a exploração não pára de aumentar. Por exemplo, em Espanha era de 70% em 1954 e agora chega aos 100%.


A conclusão é clara: o trabalhador médio, que trabalhe oito horas por dia, cria em apenas 4 horas o valor correspondente ao seu salário. O resto do valor que produz no resto da sua jornada de trabalho diário vai para os bolsos do capitalista e corresponde à mais-valia.

Apesar de não ser muito evidente, uma vez que recebe o seu salário em dinheiro e não em mercadorias, o trabalhador assalariado é vítima de exploração económica e social porque para sobreviver (para receber o seu salário) tem de se sujeitar a trabalhar horas não-pagas para proveito e benefício do seu empregador.

É isso em que consiste a exploração social e económica dos trabalhadores numa economia capitalista.

Texto de Diego Guerrero ( professor de Economía) publicado no jornal Diagonal




Julho é o mês dos petiscos no Peixinho da Horta (R. do Almada, 555, Porto)


No mês de Julho o Peixinho da Horta – tasca de comida vegetariana - vai oferecer petiscos variados!
Vem conviver, comer e beber a partir das 19:00
no 555 da Rua do Almada. (Porto)

Abraços
www.peixinhodahorta.blog.pt

O Peixinho da Horta começou uma nova Batalha: o Peixinho da Horta começou também a servir Almoços no Disco Volante, no cinema Batalha. Podes aparecer das 12:00 ás 15:00.