25.4.07

Repressão policial contra manifestantes anti-fascistas em Lisboa


O Corpo de Intervenção da PSP carregou sobre manifestantes e fez várias detenções, hoje, no Chiado, em Lisboa, no final do desfile do dia 25 de Abril

O protesto estava a decorrer de forma pacífica, quando a polícia carregou sobre os manifestantes de forma desproporcionada e abusiva, sem qualquer pré-aviso

A rua do Chiado foi cortada na sequência destes incidentes registados entre a polícia e pessoas que se manifestavam contra o fascismo e o capitalismo. Consta que também terá havido incidentes em frente à antiga sede da Pide.

Neste momento (desde as 23 horas), um grupo de cidadãos encontra-se concentrado em frente á Esquadra da 1º Divisão da PSP na Rua Gomes Freire nº92 procurando obter a libertação dos 12 detidos

Pede-se a vossa solidariedade


Contaco :Telefone 21351600

A morada da Esquadra onde os jovens estão detidos na 1ª DIVISÃO - TAIPAS ( localizada na Rua Gomes Freire, nº. 92 1169-140 LISBOA )

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Polícia protege cartaz com mensagem xenófoba !!!

Já durante a tarde, na altura em que os manifestantes da grande manifestação do 25 de Abril estavam a concentrar-se no Marquês de Pombal para o início do desfile, um grupo de jovens foi identificado pela PSP depois de se ter concentrado junto ao cartaz do Partido Nacional Renovador com uma caixa de tomates e cartazes contra ideias xenófobas e racistas.


Conta a agência Lusa que seis polícias estão concentrados à volta do cartaz do PNR, contra o qual estão a ser lançados ovos, desconhecendo-se de onde surgem.


Elementos da polícia agarraram alguns dos jovens e identificaram-nos, o que provocou grande indignação junto dos participantes no desfile do 25 de Abril, que começaram a gritar «25 de Abril sempre» e «fascismo nunca mais».




Criticaram também a polícia pela atitude de protecção de um cartaz que promove ideias racistas e por terem identificado os jovens que o contestavam



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DESCRIÇÃO PORMENORIZADA DOS ACONTECIMENTOS NO CHIADO


Retirado daqui



• Por volta das 19.30 H do dia 25 de Abril de 2007, em plena Rua do Carmo, junto ao c.c. do Chiado, decorria uma manifestação autorizada pela polícia, tendo em conta que a acompanhava, tal como é costume em qualquer manifestação.



• Após alguns indivíduos terem pintado numa parede algumas palavras, cerca de 6 elementos das forças policiais, apenas identificáveis pelos cacetetes que empunharam depois, agarraram os prevaricadores.



• Tendo os detidos manifestado alguma resistência, o caso, até aí banal, mudou completamente de figura.



• Os manifestantes, voltaram-se para trás, subiram a rua do Carmo e tentaram resgatar os seus companheiros de manifestação. Os elementos policiais, que não ostentavam qualquer identificação, repito, chamaram obviamente reforços.



• Em apenas um minuto, a Rua do Carmo estava cercada por cima e por baixo, por forças policiais anti-motim.



• É claro que devido ao dia em questão e à zona em causa, estavam muitos turistas, crianças, idosos, meros transeuntes e clientes do comércio que envolve toda a zona do chiado, na Rua do Carmo, no preciso momento em que o motim começou.



• A natureza contestatária dos manifestantes (devo referir também que se tratava de uma manifestação contra o neo-fascismo e contra a xenofobia), bem conhecida anteriormente pela polícia, podia ter sugerido aos responsáveis policiais, adoptar uma posição mais cautelosa.



• Mostraram no entanto, muita coragem e sentido do dever, pois, não se detiveram perante a primeira provocação fora da lei.



• Eu, tendo saído do c.c. do Chiado naquele momento, resolvi deixar passar a manifestação e segui calmamente na traseira da demonstração, pretendendo sair dali na rua do elevador de Santa Justa, em direcção a casa.



• Em dois segundos estava no meio da confusão. Dirigi-me, descendo o Carmo, para o local onde estava a maior parte da polícia de choque.



• Reconhecendo, pela posição e atitude, aquele que me pareceu ser o responsável máximo pela força policial, tentei perguntar-lhe se devia e podia passar para trás da barreira policial.



• Apenas ouvi um outro elemento policial, dizendo ao seu superior - Sr. Intendente (não me recordo se era mesmo intendente ou comissário...), saia daí (qual general, estava na frente do barreira policial) - e claro, não obtive resposta, ou melhor percebi logo que ali é que eu não ficava e passei por eles bem encostadinho à parede, sempre olhando-lhes nos olhos (que os meus mostravam claramente por quem eu estava; pela minha Saúde e Liberdade).



• Olhei então para trás e foi ver os manifestantes, que pena tive deles, a uns bons 15 metros da polícia, espremendo-se uns contra os outros, sem possibilidade de fuga, como rebanho cercado por lobos esfomeados.



• Deu-se a carga, fugiram por onde conseguiram os jovens manifestantes, levando tanta pancada quanta lhes conseguiram dar os polícias, e tudo isto sem ter ouvido uma só palavra pela parte do Sr. comissário. Foi só após uns bons minutos que se ouviu da parte de um dos policiais, um igual a todos os outros corajosos policias, uma palavra na direcção dos transeuntes que como eu estavam no meio daquela trapalhada. -Saiam já daqui! Para baixo! Fora!- e foi um pandemónio.



• Uma bela imagem de Democracia oferecida aos inúmeros turistas que ainda vêm a Portugal para celebrá-la.



• Já agora, devo também relatar que não vi ninguém a oferecer cravos. Nem a Polícia, nem os manifestantes, nem os turistas, nem os comerciantes. já não se dão cravos no dia em que se comemora a Revolução dos cravos.



• Dá-se pancada.



• Dão-se péssimos exemplos de tolerância.



• Mas continua a ser legal o cartaz do PNR em pleno Marquês de Pombal. Tem, mesmo, direito a protecção policial. Verifiquei hoje que 6 elementos da PSP o guardam bem guardado.



• Quando a Faculdade de Letras foi vandalizada com símbolos fascistas onde é que andava a PSP?



• A guardar o dito cartaz?

25 de Abril Sempre, Fascismo nunca mais!

Série de videos que encontramos na internet sobre o 25 de Abril de 1974, data que marcou a queda do regime fascista em Portugal.

1



2



3

Eh! Companheiro

Letra de Sérgio Godinho
Música e voz de José Mário Branco


Eh! Companheiro aqui estou
aqui estou pra te falar
Estas paredes me tolhem
os passos que quero dar
uma e feita de granito
não se pode rebentar
outra de vidro rachado
p'ras duas pernas cortar

Eh! Companheiro resposta
resposta te quero dar
Só tem medo desses muros
quem tem muros no pensar
todos sabemos do pássaro
cá dentro a qu'rer voar
se o pensamento for livre
todos vamos libertar

Eh! Companheiro eu falo
eu falo do coração
Já me acostumei à cor
desta negra solidão
já o preto que vai bem
já o branco ainda não
não sei quando vem o vento
pra me levar de avião

Eh! Companheiro respondo
respondo do coração
ser sozinho não é sina
nem de rato de porão
faz também soprar o vento
não esperes o tufão
põe sementes do teu peito
nos bolsos do teu irmão

Eh! Companheiro vou falar
vou falar do meu parecer
Vira o vento muda a sorte
toda a vida ouvi dizer
soprou muita ventania
não vi a sorte crescer
meu destino e sempre o mesmo
desde moço até morrer

Eh! Companheiro aqui estou
aqui estou p'ra responder
Sorte assim não cresce a toa
como urtiga por colher
cresce nas vinhas do povo
leva tempo a amadur'cer
quando mudar seu destino
está ao alcance de um viver

Eh! Companheiro aqui estou
aqui estou pra te falar
De toda a parte me chamam
não sei p'ra onde me virar
uns que trazem fechadura
com portas para espreitar
outros que em nome da paz
não me deixam nem olhar

Eh! Companheiro resposta
resposta te quero dar
Portas assim foram feitas
p'ra se abrir de par em par
não confundas duas coisas
cada paz em seu lugar
pela paz que nos recusam
muito temos de lutar.

Cronologia do dia 24 e 25 de Abril de 1974 (queda do regime fascista de Salazar/Caetano)

DIA 24

03h00 - O agente de ligação entrega ao major Albuquerque, do Centro de Instrução e Condução Auto 1 (CICA 1), as ordens de operações referentes às unidades da Zona Norte.
Madrugada – Recepção, no Regimento de Infantaria 14 (RI 14), em Viseu, da ordem de operações. O capitão Ferreira do Amaral transmite as instruções a Lamego e o capitão Aprígio Ramalho à Guarda.

08h00 - O capitão Castro Carneiro e o alferes Pêgo, do CICA 1, iniciam a viagem destinada a entregar as ordens de operações às unidades de Lamego (capitão Delgado da Fonseca), Vila Real (capitão Mascarenhas) e Bragança (Capitão Freixo).

08h30 - Os oficiais da EPC, ligados ao MFA, iniciam nas paradas, no maior sigilo, os contactos com os cerca de cinquenta graduados (oficiais subalternos do Quadro Permanente, alferes, aspirantes, furriéis e cabos milicianos), individualmente, comunicando-lhes que, se a senha e contra-senha forem para o ar, a operação decorrerá nessa madrugada.

c. 09h30 - O capitão Santa Clara Gomes, oficial de ligação, entrega ao major Cardoso Fontão a ordem de missão referente ao Batalhão de Caçadores 5 (BC 5).


10h00 - Álvaro Guerra comunica a Carlos Albino a escolha definitiva de Grândola Vila Morena como senha nacional, garantindo este a sua transmissão.

c. 10h00 - Otelo envia, da estação dos CTT da rua D. Estefânia, o telegrama cifrado a Melo Antunes, contendo o GDH.

11h00 - Carlos Albino adquire na então livraria Opinião o disco «Cantigas de Maio», para garantia, já que, desde Dezembro de 73 havia indícios de que a PIDE se preparava para um assalto aos escritórios do Limite, na Praça de Alvalade.
- O capitão Costa Martins contacta João Paulo Dinis e informa-o que o sinal foi antecipado em uma hora.

14h00 - O jornal República insere uma curta notícia, intitulada «LIMITE», com o seguinte teor: "O programa «Limite» que se transmite em Rádio Renascença diariamente entre a meia-noite e as 2 horas, melhorou notoriamente nas últimas semanas. A qualidade dos apontamentos transmitidos e o rigor da selecção musical, fazem de «Limite» um tempo radiofónico de audição obrigatória.»

14h?? - O major Neves Rosa comunica a Otelo que o último elemento de ligação tinha cumprido a missão.

15h00 - Encontro decisivo de Carlos Albino com Manuel Tomás (técnico da Rádio Renascença e um dos responsáveis pelo programa Limite que regressara de Moçambique com fama de democrata) para a execução da senha e garantia da sua transmissão. Refira-se que, sendo o Limite um programa independente, era obrigado a passar por duas censuras: a da Rádio Renascença e a oficial, esta última corporizada num coronel que acompanhava as emissões em directo e visava previamente os textos. Para maior segurança, retiram-se dos estúdios para um local seguro.

15h30 - Na Igreja de S. João de Brito, simulando rezar, combinam todos os pormenores técnicos da senha.

17h00 - Os tenentes Baluda Cid, Ramos Cadete e Silva Aparício saem da EPC e dirigem-se a Lisboa, com a missão de "controlar", "aliciar" alguns oficiais e tentar "inoperacionalizar" algumas viaturas blindadas do RC 7.
- Manuel Tomás convoca Leite de Vasconcelos (um outro responsável pelo referido programa, companheiro de Manuel Tomás em Moçambique), em dia de folga na locução do Limite, para «gravar poemas». Carlos Albino escreve textos para serem visados pelo censor.

17h30 - Os graduados milicianos da EPC ultimam os preparativos para a operação, designadamente quanto a material e equipamentos.

19h00 - Os censores na Rádio Renascença autorizam os textos e o seguinte alinhamento do bloco com a duração de 11 minutos: quadra, canção Grândola, quadra, poemas Geografia e Revolução Solar, da autoria de Carlos Albino, e a canção Coro da Primavera.

20h00 - Na Rádio Renascença, Leite de Vasconcelos procede à gravação dos textos que lhe são apresentados, desconhecendo o seu objectivo.

21h00 - Otelo entrega ao capitão António Ramos, no Jornal do Comércio, o conjunto de documentos finais e um saco com granadas. Pede-lhe para permanecer toda a noite junto de Spínola, juntamente com outros oficiais de confiança, assegurando-lhe que uma força militar iria garantir a segurança próxima da residência do general, sita na rua Rafael Andrade, ao Paço da Rainha.
- Os oficiais da Força Aérea (tenente-coronel Sacramento Gomes, majores Costa Neves e Campos Moura e capitães Correia Pombinho, Mendonça de Carvalho, Santos Silva e Santos Ferreira) que constituem o «10º Grupo de Comandos» reúnem-se em frente ao Grill do Hotel Ritz e iniciam a vigilância ao Rádio Clube Português

21h30 - Fecho da porta de armas da EPC. Os militares contactados, que haviam saído da unidade, fazem a sua entrada, trajando à civil, para não alertar os elementos da PIDE/DGS que rondam o quartel.

21h50 - O tenente miliciano Sousa e Silva, oficial da dia na EPC, é substituído nesta função, para poder tomar parte na operação.

c. 21h45 - O capitão Santos Coelho, do RE 1, junta-se aos seus camaradas do «10º grupo de comandos» e distribui-lhes armas e munições. Procede, em seguida, à leitura da ordem de operações e à recapitulação das missões.

22h00 - Otelo regressa ao RE 1, onde se farda. Recebe do major Sanches Osório os primeiros quatro comunicados, entregues por Vítor Alves, bem como a notícia de que o Regimento de Infantaria 1 (Amadora) não adere, deixando, assim, de garantir o cerco à prisão de Caxias e a protecção de Spínola. Entrega os comunicados ao seu adjunto para que este os faça chegar ao grupo de comandos que tomará o R.C.P.
- O capitão Salgueiro Maia, que vai comandar a coluna militar da EPC, na "Operação Fim Regime", dá início a uma breve reunião, no piso dos quartos dos oficiais, para dar a conhecer a Ordem de Operações, distribuir missões e definir detalhes para o desencadear da operação.

22h30 - No Posto de Comando encontra-se reunido o Estado Maior do Movimento das Forças Armadas, dirigido pelo major Otelo Saraiva de Carvalho e constituído pelos tenentes-coronéis Garcia dos Santos e Nuno Fisher Lopes Pires, major Sanches Osório, capitão Luís Macedo, adjunto operacional, e comandante Vítor Crespo, que assegura a ligação com a Marinha, garantida pela presença permanente do comandante Almada Contreiras no Centro de Comunicações da Armada (CCA). Contam, também, com a colaboração de quatro oficiais do RE 1 (Frazão, Máximo, Reis e Cepeda).

c. 22h48 - Uma falha técnica suspende, durante alguns minutos, a transmissão dos Emissores Associados de Lisboa, facto que causa natural apreensão nas largas dezenas de militares que aguardam ansiosamente o primeiro sinal para entrar em acção.

c. 22h51 - Restabelecimento da emissão dos E.A.L..

22h55 - 1ª senha: a voz de João Paulo Dinis anuncia aos microfones dos Emissores Associados de Lisboa Faltam cinco minutos para as vinte e três horas. Convosco, Paulo de Carvalho com o Eurofestival 74 «E Depois do Adeus». Era o primeiro sinal para o início das operações militares a desencadear pelo Movimento das Forças Armadas.

23h00 - Na Escola Prática de Artilharia (EPA), em Vendas Novas, os capitães Mira Monteiro e Oliveira Patrício e os tenentes Marques Nave, Cabaças Ruaz, Sales Grade, Andrade da Silva e António Pedro procedem à detenção dos comandante e 2º comandante da unidade, respectivamente coronel Mário Belo de Carvalho e tenente-coronel João Manuel Pereira do Nascimento, ocupam as centrais rádio e telefónica e assumem o controlo do quartel.
- Recolhem à Escola Prática de Infantaria (EPI) as forças que se encontravam em exercícios de campo.
- O «10º grupo de comandos» divide-se em equipas, distribuídas por 4 automóveis, para constituir patrulhas destinadas, além de manter a vigilância ao R.C.P., a observar as principais instalações das Forças de Segurança (GNR, PSP, LP e DGS), e dos quartéis da Calçada da Ajuda (RC 7 e RL 2):
- No BC 5 o major Cardoso Fontão comunica aos oficiais presentes o que está a acontecer e os objectivos do MFA. A adesão é total.
- O capitão António Ramos abandona as instalações do Jornal do Comércio e dirige-se para a residência do general Spínola, aonde acorreram, durante a madrugada, o tenente-coronel Dias de Lima e o major Carlos Alexandre de Morais.

23h25 - O capitão Garcia Correia chega à porta de armas da EPC, acompanhado do 2º comandante, tenente-coronel Henrique Sanches, que nessa noite havia convidado para jantar em sua casa, na expectativa de o aliciar para o movimento, o que se revelara infrutífero. Este, verificando que o oficial de dia fora substituído, ordena-lhe que retire imediatamente o braçal, no que não é obedecido.

23h30 - Henrique Sanches convoca para o seu gabinete o major Costa Ferreira, os capitães Garcia Correia e Correia Bernardo, o tenente Ribeiro Sardinha e o oficial de dia substituto, capitão Pedro Aguiar. O seu objectivo é demovê-los da acção revolucionária. No entanto, é informado da sua determinação em prosseguir a acção, bem como de todos os oficiais presentes nessa noite na EPC.



DIA 25

00h00 - João Paulo Dinis conclui o programa nos E.A.L. e regressa a casa, seguindo instruções do chefe militar do MFA.

00h20 – Nos estúdios da Rádio Renascença, situados na Rua Capelo, ao Chiado, Paulo Coelho, que ignora os compromissos assumidos pelos seus colegas do programa Limite, lê anúncios publicitários. Apesar dos sinais desesperados de Manuel Tomás, que se encontra na cabina técnica acompanhado de Carlos Albino, para sair do ar, o radialista prossegue paulatinamente a sua tarefa. Após 19 segundos de aguda tensão, Tomás dá uma "sapatada" na mão do técnico José Videira, provocando o arranque da bobine com a gravação que continha a célebre senha: a canção Grândola Vila Morena, de Zeca Afonso.

c. 00h30 - Na EPAM, um grupo de capitães e subalternos armados dá voz de prisão ao oficial de dia, alferes miliciano Pinto Bessa, e ao oficial de prevenção, aspirante miliciano Leão. O capitão Gaspar assume provisoriamente as funções de oficial de serviço.
- No Campo de Instrução Militar de Santa Margarida (CIMSM) começam-se a encher carregadores na arrecadação de material de guerra.
- Na EPA continua-se (iniciada às 23h00) a preparação final do golpe, onde o capitão Santos Silva assumira já o comando, acolitado pelos tenentes Ruaz, Sales Grade e Sousa Brandão.
- Na EPI, os capitães Rui Rodrigues, Aguda e Albuquerque ordenam a formatura da companhia de intervenção, a três bigrupos de cinquenta homens. O capitão Silvério executa o plano de defesa do quartel. Os majores Aurélio Trindade e Cerqueira Rocha convidam o coronel Jasmins de Freitas a aceitar o comando da unidade.
00h40 - Na EPC, em Santarém os oficiais do MFA procuram obter a adesão ao Movimento do tenente coronel Henrique Sanches. Não o conseguindo, procedem à sua detenção.
- No Campo de Tiro da Serra da Carregueira (CTSC) os capitães Oliveira Pimentel e Frederico Morais iniciam a preparação dos homens para levar a bom termo a sua missão - conquistar a Emissora Nacional.

01h00 - No BC 5 o major Fontão ordena ao alferes Frazão que controle e mantenha pessoal de guarda à central telefónica. Manda fechar os portões e neutralizar a central rádio.
- No CIMSM o tenente Luís Pessoa reúne os cabos milicianos e consegue a sua adesão imediata.
- Na EPC o major Rui Costa Ferreira assume o comando.

01h30 - Na EPC Salgueiro Maia manda acordar o pessoal e formar em parada. A adesão é entusiástica. Salgueiro Maia comandará a força tendo o tenente Alfredo Assunção como seu adjunto.
- No CIAAC, em Cascais, um grupo de jovens oficiais vê impedida a sua entrada na unidade que, ao contrário do que se previa, não adere ao Movimento. Contactam o Posto de Comando pedindo nova missão.
- Na EPAM os soldados são armados. No exterior tudo está tranquilo.
- No RI 14 os capitães Gertrudes da Silva, Silveira Costeira, Aprígio Ramalho, Ferreira do Amaral e Augusto convocam os oficiais subalternos e esclarecem a situação. Controlam a central telefónica e os postos de rádio da ordem pública e do Serviço de Telecomunicações Militares (STM).
- No Regimento de Cavalaria 3 (RC 3), em Estremoz, é problemático o cumprimento da missão: marchar sobre Lisboa com uma coluna de autometralhadoras, estacionando na zona da portagem da Ponte Salazar, aguardando ordens do Posto de Comando. O comandante, coronel Caldas Duarte, mostra-se indeciso e pede tempo para reflectir.

02h00 - No RI 14, em Viseu, inicia-se a preparação da companhia que vai seguir para a Figueira da Foz, onde se juntará a outras unidades em acção (RI 10, CICA 2, RAP 3) com vista a constituir o agrupamento «November».
- A companhia de intervenção a três bigrupos comandada pelo capitão Rui Rodrigues abandona a EPI, em Mafra, para seguir por Malveira, Loures, Frielas e Camarate até ao Aeroporto da Portela, que deverá ocupar e defender.
- No BC 5 o major Cardoso Fontão manda distribuir armas, munições e aparelhos de rádio e formar as companhias.
- Do CTSC saem duas viaturas pesadas e um jipe, com um total de 47 homens, e dirigem-se para o seu objectivo.

02h30 – Os capitães Dinis de Almeida e Fausto Almeida Pereira executam vitoriosamente o plano de controlo do Regimento de Artilharia Pesada 3 (RAP 3), na Figueira da Foz, neutralizando os subalternos milicianos em serviço. Almeida Pereira abre o portão da unidade aos oficiais da Escola Central de Sargentos (ECS) de Águeda.
- Forças da EPI iniciam a ocupação dos pontos chave de Mafra, assegurando o domínio da vila e dos respectivos acessos.

02h40 - Forças da Escola Prática de Engenharia (EPE) saem de Tancos para se dirigirem à ponte da Golegã-Chamusca, e aí se juntarem às Companhias de Caçadores 4241/73 e 4246/73 oriundas de Santa Margarida.

02h50 - Uma coluna da EPAM, num total de cerca de cem homens, montados em duas viaturas ligeiras e três pesadas, comandada pelo capitão Teófilo Bento, inicia a curta marcha em direcção ao objectivo.

03h00 - A Rádio Televisão Portuguesa (R.T.P.) - Mónaco na linguagem cifrada dos militares revoltosos - é tomada de assalto pela força da EPAM.
- As 16 viaturas militares, precedidas de um automóvel de exploração civil, que constituíam a força da EPA - composta por uma bateria de artilharia (BTR 8,8) e uma companhia de artilharia motorizada comandadas, respectivamente, pelos capitães Oliveira Patrício e Mira Monteiro - cruzam a porta da unidade e partem de Vendas Novas em direcção a Lisboa.
- Uma bateria de artilharia (BTR 10,5) da EPA, comandada pelo capitão Duarte Mendes, ocupa posições a cavaleiro das estradas de Montemor-o-Novo e Lavre, assegurando a interdição destes eixos viários e garantindo a segurança próxima da unidade.
- Abrem-se os portões do quartel do BC 5 dando saída a duas companhias operacionais.
- O major Campos Moura e o capitão Correia Pombinho, encarregues de assinalar a saída dos homens do BC 5 e que aguardam na viatura do primeiro, escondida por detrás de sebes fronteiras à Penitenciária, partem de imediato para informar o 10º «Grupo de Comandos» do facto.
- Em Lamego, no Centro de Instrução de Operações Militares (CIOE), o seu comandante, tenente-coronel Sacramento Marques dá ordem de saída a uma companhia de tropas especiais que, após cinco horas de percurso, entrará no Porto.
- Nesta cidade, uma força do CICA 1, comandada pelo tenente-coronel Carlos Azeredo, penetra no Quartel-General da Região Militar do Porto (QG/RMP), transformando-o no posto de comando das forças em operações na Região Norte.

03h07 - Encontro do 10º «grupo de comandos» com a segunda companhia do BC 5, comandada pelo tenente Mascarenhas, na confluência da rua Castilho com a Sampaio Pina. O major Fontão estabelece contacto proferindo a senha Coragem! a que o capitão Mendonça de Carvalho responde com Pela Vitória!

03h12 - Efectuada a junção com êxito, encaminham-se para a entrada do Rádio Clube Português que o porteiro Alcino Leal virá a abrir, dando entrada a oito oficiais, sete dos quais armados com pistolas Walther. Estava conquistado sem incidentes o R.C.P., tendo o capitão Santos Coelho informado, de seguida, o Posto de Comando de que México passara para as mãos do MFA.

03h15 - A coluna do CTSC, comandada pelos capitães Frederico Morais e Oliveira Pimentel, chega à Emissora Nacional (E.N.) e ocupa a estação de rádio oficial. Tóquio viera completar o domínio de três objectivos fundamentais na área da comunicação social.

c. 03h15 - As Companhias de Caçadores (Ccaç) 4241/73 e 4246/73 encontram-se com a EPE. A Ccaç 4241/73 marcha para o centro emissor do R.C.P., em Porto Alto; a Ccaç 4246/73 dirigir-se-á a Vila Franca de Xira para dominar a Ponte Marechal Carmona e a EPE seguirá para Lisboa a fim de ocupar posições de defesa na Casa da Moeda.

03h16 - No posto de comando do MFA é interceptada uma conversa telefónica entre o general Andrade e Silva, ministro do Exército e o Prof. Silva Cunha, ministro da Defesa, trocam impressões sobre a situação geral, revelando que tinham conhecimento de que se preparava um jantar importante de carácter conspirativo, mas que a DGS vigiava os oficiais. O primeiro membro do governo, entre outras considerações, afirma que "A situação está sem alteração e perfeitamente sob controlo...está tudo sossegado e não há qualquer problema em qualquer ponto do País." A chamada é interrompida porque o responsável máximo da DGS se encontrava noutro telefone para falar com o ministro da Defesa.

03h30 - A força da EPC - com 10 viaturas blindadas, 12 viaturas de transporte de tropas, duas ambulâncias e um jipe e precedida por uma viatura civil, com três oficiais milicianos - comandada pelo capitão Salgueiro Maia, cruza a porta da unidade e sai de Santarém em direcção a Lisboa.
- A primeira companhia do BC 5, comandada pelo capitão Bicho Beatriz, toma posições de cerco ao Quartel General da Região Militar de Lisboa (QG/RML). O oficial de serviço, aspirante Silva, informa o chefe do Estado-Maior, coronel Duque, da situação. Inicia-se, a partir de então, de acordo com a cadeia hierárquica, o processo de prevenção dos principais responsáveis das Forças Armadas.
- Carlos Albino e Manuel Tomás retiram-se das instalações da Rádio Renascença.
c. 03h30 - Surge o primeiro alarme oficial das forças governamentais sobre a eclosão do Movimento, na cidade do Porto: o coronel Santos Júnior, comandante da PSP local, informa o Comando da GNR da tomada do QG/RMP pelos revoltosos.

03h31 – Os ministros da Defesa e do Exército retomam o diálogo telefónico, acabando por concluir que o Presidente da República, nesse dia, "pode deslocar-se à vontade, porque, por lá (Tomar), está tudo calmo".

03h40 - A coluna do RI 10 de Aveiro, comandada pelo capitão Pizarro, chega aos portões do RAP 3. O coronel Sílvio Aires de Figueiredo, comandante da última unidade, é detido, nessa altura, pelo capitão Dinis de Almeida. Decorrerá ainda algum tempo até que se constitua o Agrupamento Norte: a coluna do RAP 3 demora a formar, é preciso municiar as tropas chegadas de Aveiro, aguarda-se que cheguem as forças do Centro de Instrução de Condução Auto 2 (CICA 2) da Figueira da Foz e do RI 14 de Viseu.

03h55 - A companhia do RI 14 autotransportada, comandada pelo capitão Silveira Costeira, constituída por 4 viaturas pesadas, 1 ambulância e 1 viatura de exploração civil, sai do quartel passando por Tondela, Santa Comba Dão, Luso, Anadia e Cantanhede.

03h56 - O Posto de Comando toma conhecimento que foi quebrado o factor surpresa. O documento onde são anotadas as escutas telefónicas – intitulado A Fita do Tempo – regista: «Concentração que avança sobre Lisboa. Ele (Min. Ex?) vai já para lá (?)».

03h57 - A ausência de notícias da coluna da EPI, que ainda não conquistara o Aeroporto, conduz ao adiamento da transmissão do primeiro comunicado inicialmente prevista para as 4h00.

04h00 - Um pelotão do BC 5 desloca-se para a residência de António de Spínola, a fim de garantir a sua segurança.
- O programa «A noite é nossa», do R.C.P., deixa de transmitir publicidade, passando a emitir apenas música.

04h15 - O general Eduardo Martins Soares, comandante da RMP, apela aos coronéis Rui Mendonça, comandante do RI 8, e Carneiro de Magalhães, comandante do RI 13, ambos de Braga, para avançarem sobre o Porto e libertarem o QG das mãos dos insurrectos. Nos dois casos, os oficiais das unidades recusam-se a cumprir tais ordens.

04h20 - A coluna da EPI, comandada pelo capitão Rui Rodrigues, assume o controlo do Aeródromo Base nº 1 (Figo Maduro) e do Aeroporto de Lisboa. O capitão Costa Martins emite um comunicado NOTAM, interditando o espaço aéreo português e desviando o tráfego para os aeroportos de Las Palmas e Madrid. Nova Iorque encontra-se sob o controlo do Movimento.

04h22 - Em resposta a um telefonema de Silva Cunha, a mulher do Ministro do Exército informa-o que «O Alberto saiu agora de casa».

04h26 - O Rádio Clube Português transmite o 1º comunicado do Movimento das Forças Armadas, lido por Joaquim Furtado. Seguem-se o Hino Nacional e marchas militares, designadamente uma da autoria de John Philip de Sousa que se viria a transformar no hino do MFA. Os portugueses começam a tomar conhecimento de que algo de muito importante se está a desenrolar no País.
- No Grupo de Artilharia Contra Aeronaves 2 (GACA 2) de Torres Novas os capitães do Quadro Permanente, Pacheco, Dias Costa e Ferreira da Silva, conseguem a adesão dos tenentes milicianos comandantes de companhias mobilizadas para o Ultramar e que aguardam embarque.

04h30 - Rendição do QG/RML. O major Cardoso Fontão comunica ao posto de comando que Canadá fora ocupado sem incidentes.
- Forças do CICA 1 detêm, à saída da sua residência, o chefe do Estado-Maior do Q.G./R.M.N., coronel Ramos de Freitas.

04h45 - O 2º comunicado do MFA é emitido, apelando à desmobilização de eventuais acções contra o Movimento.
- O primeiro grupo do BC 5, comandado pelo major Fontão, penetra no interior do R.C.P.
- O alarme é dado no Quartel-General da Região Militar de Coimbra (QG/RMC). Rapidamente se apercebem de que a maior parte das unidades segue o Movimento.
- O governador da Região Militar de Lisboa reúne-se com o corpo do seu Estado-Maior na residência do respectivo subchefe.
05h00 - Após uma viagem sem problemas, a coluna da EPC passa na portagem da auto-estrada, em Sacavém.

c. 05h00.- No Quartel-General da Região Militar de Évora (QG/RME) é recebida ordem do Ministério do Exército para entrar de prevenção rigorosa.
- Marcelo Caetano recebe um telefonema do director-geral da PIDE/DGS, major Silva Pais, que lhe comunica estar a Revolução na rua, sendo a situação muito grave, pelo que se tornava necessário que o Presidente do Conselho se refugiasse no Quartel do Comando-Geral da GNR no Largo do Carmo.

05h15 - Leitura do 3º comunicado que, entre outros apelos, aconselha a população a permanecer em casa. Grande parte desta, pelo contrário, vai para a rua, passando a manifestar um acolhimento eufórico à iniciativa dos militares, misturando-se com eles, conferindo, assim, ao golpe militar, muitos dos contornos de uma verdadeira revolução.

05h19 - O general Nascimento telefona ao recém nomeado CEMGFA, general Luz Cunha, a informá-lo que "está muita tropa na rua e é preferível seguir para aqui".

c. 5h20 - O general Viotti de Carvalho, vice-chefe do Estado-Maior do Exército (EME) determina ao comandante da EPTm para proceder à escuta das comunicações militares e as relatasse para o Estado-Maior. No entanto, há largas horas que a referida unidade militar desempenhava aquela missão, mas a favor do MFA.

05h27 - O ministro do Exército ordena ao RI 6, do Porto, que liberte o Q.G./R.M.P, determinação que não será cumprida, uma vez que a unidade era afecta ao MFA.

05h30 - No itinerário para o Terreiro do Paço, Salgueiro Maia cruza-se com viaturas da Polícia de Segurança Pública, no Campo Grande e, cerca de 10 minutos depois, com a Polícia de Choque, na Av. Fontes Pereira de Melo, que não se manifestam.

c. 05h30 - O Comando Territorial do Algarve (CTA) ordena a entrada em prevenção rigorosa das suas três unidades.

05h32 – O ministro do Exército determina ao general Carvalhais que se ocupe da protecção dos CTT, Águas e Electricidade.

05h45 - O 4º comunicado sintetiza os anteriores alertando para que a situação não se encontra ainda totalmente controlada.

05h46 - O Ministro do Exército ordena ao comandante do Regimento de Cavalaria 7 (RC 7), coronel António Romeiras Júnior, que, com os carros de combate M47, tome posições em Vale de Cavalos para deter uma coluna da EPC que fora «referenciada no Cartaxo» e que «vem a caminho de Lisboa».

05h50 - Uma força do CICA 1 ocupa o centro emissor de Miramar (Porto) do R.C.P.

c. 05h55 - As forças de Salgueiro Maia instalam-se no Terreiro do Paço, de forma marcadamente intimidatória. Encontram-se cercados os ministérios, a Câmara Municipal, a Marconi, o Banco de Portugal e a 1ª Divisão da P.S.P., estando dirigidas as metralhadoras para as janelas do Ministério do Exército. «Estamos aqui para derrubar o Governo» declara Salgueiro Maia ao jornalista Adelino Gomes.

05h59 - O ministro do Exército telefona ao coronel Romeiras Júnior, e ordena-lhe que "veja se consegue salvar esta coisa, pois estamos todos cercados", recebendo a resposta que as forças daquela unidade iam a caminho e já se encontravam na Av. 24 de Julho.

c. 06h00 - O Quartel-General da Região Militar de Tomar (QG/RMT) ordena às unidades que passem ao estado de prevenção rigorosa. Mas já há algumas horas que forças de Tancos (EPE), de Santa Margarida (Ccaç 4241 e 4246) e de Santarém se movimentam em apoio do MFA.
- A companhia do GACA 2 de Torres Novas, na qual ocorrera uma viragem da situação (de força inimiga passa a apoiante), ocupa o Quartel e resiste a todas as ameaças, apesar de se manter sem contactos com o Posto de Comandos do MFA até às 20h00 do dia 26.

06h05 - O alferes miliciano David e Silva chega ao Terreiro do Paço comandando um pelotão de AML/Chaimites reforçado com Panhards do RC 7, favorável ao Governo, mas adere imediatamente ao Movimento, colocando-se às ordens de Salgueiro Maia. A mesma atitude será tomada por dois pelotões do Regimento de Lanceiros 2 (RL 2) que guardam o Ministério do Exército, à excepção de sete elementos que virão a possibilitar a fuga aos membros do Governo aí refugiados.

06h10 - O ministro do Exército pede ao general da FA Henrique Troni para "mandar dois aviões sobrevoar o Terreiro do Paço".

06h50 - A bateria de obuses do Regimento de Artilharia Pesada 2 de Vila Nova de Gaia toma posição em ambas as entradas da Ponte da Arrábida, no Porto, dando acesso unicamente às «forças amigas» (do MFA).
- Uma força do RL 2, comandada pelo tenente Ravasco, tenta, sem êxito, recuperar o QG/RML.

07h00 - Forças da EPA de Vendas Novas, comandadas pelos capitães Patrício e Mira Monteiro, ocupam a colina do Cristo-Rei, em Almada (com o nome de código Londres).
- Surge no Terreiro do Paço, do lado da Ribeira das Naus, um pelotão de reconhecimento Panhard do RC 7, orientado pelo seu 2º comandante, tenente-coronel Ferrand de Almeida que, perante o dilema de ter de disparar ou de se render, opta por esta última posição, sendo preso.
- Uma coluna do RC 3 de Estremoz, sob o comando do capitão Andrade Moura e Alberto Ferreira, sai do Quartel e dirige-se a Setúbal, a fim de atingir a Ponte Salazar (actual Ponte 25 de Abril). Juntam-se-lhe os capitães Miquelina Simões e Gastão Silva, colocados no Regimento de Lanceiros 1 de Elvas, na sequência do frustrado golpe das Caldas.
- O Agrupamento Norte – envolvendo, nesta altura, forças do RAP 3 e CICA 2 da Figueira da Foz e do RI 10 de Aveiro - sai a porta de armas do Quartel e mete-se à estrada em direcção a Leiria.

07h30 - O RI 14 de Viseu chega à Figueira da Foz e integra as forças do Agrupamento Norte muito antes da sua chegada a Leiria, assumindo o comando o capitão Gertrudes da Silva.
- É lido por Luís Filipe Costa o 5º comunicado do Movimento das Forças Armadas, em que se fornecem elementos acerca dos objectivos do MFA.
- É detido, nas imediações do R.C.P., o tenente-coronel Chorão Vinhas, comandante interino do BC 5.
- Uma segunda coluna da EPC, constituída por cinco carros de combate (2 M47 e 3 M24) e dois pelotões de atiradores (cerca de 60 homens), comandada pelo capitão Correia Bernardo, atinge o perímetro de Santarém, pronta para avançar para Lisboa em apoio da coluna de Salgueiro Maia. A evolução favorável dos acontecimentos acabou por tornar desnecessária tal medida.

07h40 - A Companhia de Caçadores (Ccaç 4241/73) ocupa o centro emissor do R.C.P., em Porto Alto.

07h50 - Os capitães Glória Alves e Ferreira Lopes, à frente de um pelotão do Centro de Instrução de Condução Auto 5 (CICA 5) de Lagos, ocupam o centro retransmissor de Fóia.

08h00 - Verifica-se o corte de energia ao centro emissor do R.C.P., em Porto Alto, que passa a funcionar com o gerador de emergência.
- A Companhia do CIOE, comandada pelo capitão Delgado da Fonseca, chega à cidade do Porto, dirigindo-se ao CICA 1.

08h15 - Uma força da GNR saída do Quartel do Cabeço de Bola, constituída por 12 "Land Rover", toma posição no Campo das Cebolas. Após um breve diálogo com Salgueiro Maia e face à disparidade de meios, o comandante é convencido a abandonar o local.

08h22 – O CEMGFA, general Luz Cunha, informa o chefe do Estado-Maior do Exército (CEME), general Paiva Brandão, que "pretende utilizar meios da Escola Prática do Serviço de Material (EPSM) para tomar posições e libertar o AB 1. Irem pela auto-estrada e tomarem estrada secundária. Terem cuidado com o Cmdt. dessa força porque a entrega do Ferrand o deixou muito em baixo".

08h30 - É lido, pela primeira vez na Emissora Nacional, um comunicado do MFA.

08h50 - Uma coluna de nove viaturas militares da EPE de Tancos estaciona no centro emissor do R.C.P., a fim de reforçar a sua defesa. Mais tarde segue para Lisboa onde ocupa a Casa da Moeda, seu objectivo inicial.

09h00 - A fragata Almirante Gago Coutinho, comandada pelo capitão-de-fragata Seixas Louçã, toma posição no Tejo, em frente ao Terreiro do Paço, intimidando directamente as forças de Salgueiro Maia. Perante esta situação, a artilharia do Movimento, já estacionada no Cristo-Rei, recebe ordens do Posto de Comando para afundar a fragata no caso desta abrir fogo. O vaso de guerra terá recebido ordem do vice-chefe do Estado-Maior da Armada, almirante Jaime Lopes, "para se preparar para abrir fogo". A ordem de disparar nunca chegou.
- O major Cardoso Fontão detém, nas imediações do Q.G./R.M.L., o brigadeiro Serrano que, no 16 de Março, comandara o cerco ao RI 15.
- Chega à residência de Spínola o médico Carlos Vieira da Rocha, amigo do general e proprietário do automóvel Peugeot que os haveria de transportar, no final da tarde, ao Quartel do Carmo.

09h15 - Uma força da EPC, com uma AML e uma ETT/Panhard, comandadas pelo alferes Sequeira Marcelino e pelo aspirante Pedro Ricciardi, vai reforçar a protecção do QG/RML, em São Sebastião da Pedreira.

09h35 - Chega ao Terreiro do Paço uma força comandada pelo brigadeiro Junqueira dos Reis, 2º comandante da RML, constituída por 4 CC/M47, uma companhia de atiradores do Regimento de Infantaria 1 e alguns pelotões da Polícia Militar. Dois dos carros de combate, comandados pelo major Pato Anselmo, tomam posições na Ribeira das Naus, enquanto os outros dois, sob o comando do coronel Romeiras Júnior, penetram na Rua do Arsenal.

09h40 - Protegidos pelos blindados do RC 7, os ministros da Defesa, Silva Cunha, do Interior, César Moreira Baptista, do Exército, Andrade e Silva, da Marinha, Pereira Crespo, o chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, Joaquim Luz Cunha, o governador militar de Lisboa, Edmundo Luz Cunha, o subsecretário de estado do Exército, coronel Viana de Lemos e o almirante Henrique Tenreiro, fogem pelas traseiras do Ministério do Exército, abrindo um buraco na parede que comunica com a biblioteca do Ministério da Marinha. No parque de estacionamento interior tomam lugar numa carrinha que os transporta ao Regimento de Lanceiros 2, onde instalam o Posto de Comando das tropas leais ao Governo.

10h00 - Na Rua do Arsenal, o tenente Alfredo Assunção, da EPC, empreende uma tentativa de negociação com o coronel Romeiras Júnior e o brigadeiro Junqueira dos Reis.
- Este oficial-general agride com três murros o emissário dos revoltosos que responde com continência e uma rígida posição de sentido. O brigadeiro manda, em seguida, abrir fogo sobre ele, não sendo obedecido, por intervenção directa do coronel Romeiras. Assunção regressa, então, para junto das suas tropas.

10h10 - Chega ao Terreiro do Paço o tenente-coronel Correia de Campos, enviado do Posto de Comando da Pontinha, com a missão de coordenar as operações.

10h15 - Um grupo de comandos, que integra Correia de Campos e Jaime Neves, passa revista ao Ministério do Exército, confirmando a fuga dos ministros que tinha por missão prender, procedendo à detenção de diversos oficiais superiores, designadamente o coronel Álvaro Fontoura, chefe de gabinete do ministro do Exército que seriam, pouco depois, transferidos para o RE 1.

10h30 - Depois de algumas tentativas infrutíferas para a rendição do major Pato Anselmo, na Ribeira das Naus, esse intento é alcançado por um civil, o ex-alferes miliciano Fernando Brito e Cunha, que actua às ordens de Correia de Campos. Os dois carros de combate e as tropas que os seguiam passam-se para o lado dos revoltosos, ficando sob o comando de Salgueiro Maia.
- O Agrupamento Norte, comandado pelo capitão Gertrudes da Silva, atinge Peniche, com o objectivo de ocupar essa odiosa prisão política do Regime. Face à resistência da PIDE/DGS, a companhia do CICA 2 e duas secções de obuses do RAP 3 montam cerco àquele objectivo, seguindo o grosso da coluna para Lisboa.

10h45 – Face à perda de metade da sua coluna, o 2º comandante da RML transfere o CC/M47 do alferes miliciano Fernando Sottomayor (RC 7) para a Ribeira das Naus. Seguidamente, o brigadeiro Junqueira dos Reis ordena-lhe que abra fogo sobre Salgueiro Maia, quando este se encontra entre a esquina do Ministério do Exército e o muro para o rio Tejo, numa tentativa para obter a rendição do remanescente das forças fiéis ao governo. O oficial miliciano recusa-se a obedecer, sendo detido e transferido para o RL2.

10h50 - Junqueira dos Reis ordena, sem sucesso, aos soldados que abram fogo. Perante a desobediência generalizada, o oficial-general dá dois tiros para o ar e dirige-se para a Rua do Arsenal, onde se encontra o carro de combate do comandante do RC 7.

11h00 - Incapaz de se fazer obedecer, o 2º governador militar de Lisboa conserva as forças que lhe restavam nas posições que ocupavam, não tomando, naquela altura, mais nenhuma iniciativa.
- O governo consegue cortar a emissão em FM do R.C.P., desligando o comutador de Monsanto.
- É detido, por forças do BC 5, nas instalações do Quartel Mestre General, o seu responsável, general Louro de Sousa.

11h30 - As unidades estacionadas no Terreiro do Paço dividem-se, avançando:
- a Escola Prática de Cavalaria para o Quartel do Carmo, sendo, ao longo de todo o percurso, aclamada entusiasticamente pela população.
- forças dos Regimentos de Cavalaria 7, Lanceiros 2 e Infantaria 1 - que contavam com 16 blindados - comandadas por Jaime Neves e pelos tenentes de Cavalaria Cadete e Baluda Cid, para o Quartel-General da Legião Portuguesa (Marrocos).

11h45 - Difundido novo comunicado do MFA ao País, informando que, de Norte a Sul, a situação se encontra dominada e que "...em breve chegará a hora da libertação."

12h00 - A fragata Almirante Gago Coutinho retira para o Mar da Palha.
- No Rossio, uma companhia do Regimento de Infantaria 1 , da Amadora, comandada pelo capitão Fernandes, tenta barrar o caminho para o Quartel do Carmo, à coluna da EPC. Após curto diálogo com o comandante das tropas, estas passam para o lado de Salgueiro Maia.

12h30 - É montado o cerco ao Quartel da GNR, no Carmo, pela coluna da EPC.

12h45 - Forças hostis da GNR ocupam posições na retaguarda do dispositivo de Salgueiro Maia.

13h00 - Um comunicado do MFA tranquiliza as famílias dos militares envolvidos no movimento revoltoso.
- Face ao cerco do Quartel do Carmo, o brigadeiro Junqueira dos Reis dirige-se, com os dois CC/M47 e os lanceiros e atiradores que lhe restavam, para o Largo de Camões, na esperança de, conjuntamente com forças da GNR, tentar libertar o Presidente do Conselho. Tais intenções rapidamente se verificam inexequíveis. A companhia do RI 1 passa-se para as fileiras do MFA e uma parte da guarnição de um M/47 abandona-o, confinando o brigadeiro a uma posição de crescente fraqueza face ao aumento do poderio dos revoltosos.

13h15 - A coluna do RC 3 de Estremoz atinge o seu objectivo, a Ponte Salazar.

13h30 - Um helicanhão sobrevoa o Largo do Carmo, causando grande ansiedade entre militares e civis.

13h40 - O comandante e o Estado-Maior da Legião Portuguesa apresentam a sua rendição.

14h00 - Corte de energia ao emissor de Miramar (Porto) do R.C.P.

14h30 - É lido por Clarisse Guerra, aos microfones do Rádio Clube Português, um comunicado do MFA, no qual se dá conta dos objectivos e posições controlados e do ultimato para a rendição de Marcelo Caetano.

c. 15h10 - Salgueiro Maia solicita, com megafone, a rendição do Carmo em 10 minutos. Momentos antes recebera do Posto de Comando do MFA uma mensagem escrita pelo major Otelo Saraiva de Carvalho na qual ordena que apresente um aviso-ultimato para a rendição.

15h15 - São libertados da Trafaria os onze militares que aí se encontravam detidos em consequência do falhado golpe das Caldas.

15h30 - Não sendo atendido após 15 minutos, Salgueiro Maia ordena ao tenente Santos Silva para fazer uma rajada da torre da Chaimite sobre as janelas mais altas do Quartel, repetindo o apelo de rendição logo a seguir.

15h45 - Do Quartel do Carmo sai o major Hugo Velasco, membro do MFA, para falar com o capitão Salgueiro Maia.

16h00 - O coronel Abrantes da Silva, a pedido de Salgueiro Maia, entra no Quartel para dialogar com os sitiados.
- Forças do CIOE dirigem-se aos estúdios da R.T.P. (Monte da Virgem) e do R.C.P. (Tenente Valadim), no Porto, para proceder à sua ocupação.
16h15 - O capitão Salgueiro Maia dá ordens ao alferes miliciano Carlos Beato para instalar os seus homens no cimo das varandas do edifício da Companhia de Seguros Império e fazer fogo sobre a frontaria do Carmo, agora com armas automáticas G-3.

16h25 - O comandante da força da EPC, na ausência de resposta por parte dos sitiados no Quartel do Carmo, ordena a colocação de um blindado em posição de tiro e chega a dar "voz" de "um, dois"..., sendo interrompido pelo tenente Alfredo Assunção que conduz dois civis até ele. Trata-se de Pedro Feytor Pinto, director dos Serviços de Informação da Secretaria de Estado da Informação e Turismo, e Nuno Távora, que se dizem portadores de uma mensagem do general Spínola para Marcelo Caetano.

16h30 - Salgueiro Maia autoriza a entrada no Quartel dos dois mensageiros.

c. 16h30 - Spínola comunica ao Posto de Comando do MFA ter recebido um pedido de Marcelo Caetano para ser ele a aceitar a rendição do chefe do governo. Otelo, após recolher a opinião dos presentes, concede-lhe esse mandato.

16h45 - Os dois mensageiros saem do Quartel do Carmo e deslocam-se num jipe, acompanhados por Alfredo Assunção, para casa de Spínola que, entretanto, se dirige já para o Carmo.

17h00 - Salgueiro Maia desloca-se ao interior do Quartel e fala com Marcelo Caetano que, após ter colocado algumas perguntas, lhe solicita que um oficial-general vá efectuar a transmissão de poderes (Spínola, com quem, aliás, falara já ao telefone) para que o poder não caia na rua.

17h00 - Salgueiro Maia pede a Francisco Sousa Tavares e a Pedro Coelho, oposicionistas ligados à CEUD e ao PS, para ajudarem a afastar a população. Sousa Tavares sobe para uma guarita da GNR e, usando o megafone, apela à calma.

17h45 - Chegada ao Largo do Carmo do general António de Spínola, acompanhado pelo tenente-coronel Dias de Lima, major Carlos Alexandre Morais, capitão António Ramos e dr. Carlos Vieira da Rocha. Após longos minutos envolvido pela multidão, o Peugeot que transportava Spínola consegue, finalmente, chegar junto da porta de armas do quartel.

18h00 - António de Spínola, acompanhado por Salgueiro Maia (que o informa sobre o modo como os membros do Governo serão retirados das instalações), entra no Quartel do Carmo para dialogar com Marcelo Caetano.

18h15 - Spínola encontra-se com Marcelo e informa-o dos procedimentos que serão adoptados para a sua saída do local e posterior evacuação para a Madeira. Enquanto isso, Salgueiro Maia pede à população que abandone o Largo do Carmo, a fim de se proceder à retirada do Presidente do Conselho e dos ministros. O apelo é ignorado.

18h20 - Um comunicado do MFA informa o País da entrega de Marcelo Caetano e de membros do seu ex-governo, refugiados no Carmo.

18h25 - Às ordens de Salgueiro Maia, soldados formam um cordão em frente da porta de armas do Quartel, por forma a ser possível retirar Marcelo Caetano em segurança.

18h30 - O Agrupamento Norte chega a Lisboa.
- Numa manobra difícil, a autometralhadora Chaimite penetra, de marcha atrás, no Quartel do Carmo.

19h00 - Marcelo Caetano, Rui Patrício e Moreira Baptista abandonam o Quartel do Carmo, sendo conduzidos na autometralhadora Chaimite "Bula", em direcção ao Quartel da Pontinha.
- A Baixa de Lisboa é invadida por enorme multidão que vitoria as Forças Armadas e a Liberdade.

19h50 - Comunicado do MFA anunciando formalmente a queda do Governo.

20h05 - É lida, através dos emissores do RCP, a Proclamação do Movimento das Forças Armadas.

c. 20h30 - Na Rua António Maria Cardoso, onde se situa a sede da PIDE/DGS, agentes desta polícia política abrem fogo sobre a multidão que se aglomera na referida artéria, causando 4 mortos e dezenas de feridos.

21h00 - A Chaimite "Bula" e a coluna da EPC atingem o Quartel da Pontinha.
c. 21h00 - Forças do RAP 3 e da EPI deslocam-se ao Comando da 1ª Região Aérea, em Monsanto, para proceder à detenção dos ministros da Defesa, do Exército e da Marinha, e de outras altas patentes militares que ali se haviam refugiado desde a tarde, conduzindo-os ao RE 1.

22h00 - Forças de pára-quedistas chegam à prisão de Caxias, onde a PIDE/DGS continua a resistir.

23h30 - Chegada da EPC ao RC 7 e RL 2 que ocupa, perante a rendição, sem resistência, dos seus comandantes.