22.4.07

Retrato social de Portugal nas últimas décadas ( série de documentários-video)

Nota prévia: apesar de todas as reservas que levantamos à figura de proa e reponsável máximo desta série de documentários sobre as mudanças sociais registadas em Portugal, um trabalho encomendado da RTP ao coveiro da Reforma Agrária em Portugal, o certo é que nunca é demais proporcionar à população em geral os elementos, as informações e os dados para que estejamos em posição de analisar a História contemporânea do país. E se consideramos que isto não é propriamente sociologia, não negamos que pode ter virtualidades para abrir os olhos a muita gente, mostrar a historicidade da nossa sociedade...


Retrato social de Portugal nas últimas décadas

As grandes transformações sociais


As mudanças sociais verificadas em Portugal ao longo das últimas quatro décadas foram profundas e mais rápidas do que na maioria dos países europeus. Em certos casos, como na demografia, certas mudanças, medidas através dos indicadores sociais clássicos, ultrapassaram os valores médios dos países vizinhos.

A emigração, a guerra colonial, uma revolução política e social, a fundação do Estado democrático, a descolonização, uma contra-revolução, a adesão à União Europeia e a imigração foram alguns dos acontecimentos ou fenómenos históricos que marcaram estas quatro décadas e que resultaram ou aceleraram mudanças sociais profundas.

O sentido geral destas mudanças sociais foi o da aproximação dos padrões de vida europeus. Os indicadores demográficos, sociais e económicos portugueses parecem-se, cada vez mais, com os dos membros da União Europeia. Ainda há sinais relevantes que traduzem uma história específica, diferenças permanentes, um atraso real e circunstâncias especiais.

Mas nada permite afirmar hoje, como seria possível há poucas décadas, que Portugal mais parecia um país de outro continente. Os domínios do social e do económico foram mais dinâmicos do que o do político. Ainda a sociedade parecia imutável, nos anos sessenta, por causa do imobilismo político, e já as forças sociais, económicas e culturais registavam mudanças profundas, invisíveis à primeira vista.

A mudança política de 1974, a mais visível e a mais dramática, acelerou as mudanças sociais em curso. Mas foi ela própria preparada por aquelas. As mudanças sociais foram permanentes e contínuas. E começaram antes de 1974. A própria integração europeia, cujo início é costume datar de 1977, com a candidatura à Comunidade, ou de 1986, com a adesão efectiva, começou muito antes: com a emigração e o turismo dos anos sessenta, com a fundação da EFTA em 1959/60 e com o desenvolvimento das relações económicas e empresariais dos anos setenta.

As mudanças sociais e demográficas podem ser mais profundas do que as políticas, mas estas são mais perceptíveis, aparentemente mais radicais e têm um efeito acelerador. Removidos, com a democracia e a integração europeia, os obstáculos políticos, a mudança social e económica prosseguiu, depois de 1974, a um ritmo ainda mais rápido. Em todo este processo de mudanças rápidas ou graduais, invisíveis ou dramáticas, assistiu-se a uma permanente oscilação entre factores internos e externos. Mas sublinha-se a importância predominante dos factores externos: a emigração, o turismo, o comércio externo, os investimentos estrangeiros, os costumes, as modas, a ciência, a técnica, as artes, as mentalidades, a religião, etc.

Em certas situações, as sociedades não têm, dentro de si, forças, dinâmicas e dimensão suficientes para gerar uma mudança social acelerada. Sobretudo nos casos de sociedades pequenas, fechadas ao exterior, politicamente autoritárias, culturalmente viradas para si próprias, dotadas de insuficientes elites e com uma reduzida expressão das classes médias. Como era o caso de Portugal. Gradualmente exposto ao mundo exterior, mesmo contra ou apesar da vontade dos dirigentes políticos, o país encetou processos de mudança não programados. A abertura ao exterior terá sido a mais importante causa e consequência das transformações ocorridas.

Mas a sociedade não se limitou a digerir ou assimilar passivamente as influências externas. Pelo contrário, foi atravessada por acontecimentos e movimentos próprios, através dos quais teve de resolver os seus problemas atávicos, ultrapassar contradições, dirimir conflitos, encontrar as suas soluções e adaptar-se a novas situações. No que revelou uma notável plasticidade. Não era, com efeito, fácil, libertar-se um país de tanto quanto o condicionou durante décadas: a ignorância e a reverência; a delação e o medo; o autoritarismo e a repressão. Ao mesmo tempo que se separava de África e se voltava para a Europa; e que sacudia o paternalismo e criava uma República de cidadãos.

Ao fim de quarenta anos de uma quase correria, a sociedade, tão diferente do que era, encontra, não obstante, velhas questões. Mesmo se menor, a pobreza relativa de Portugal não deixa de ser causa das maiores ansiedades da população e dos seus dirigentes. Vivendo numa sociedade aberta de informação e conhecimento, de modas e de padrões de comportamento cosmopolitas, os portugueses partilham, as expectativas e as aspirações dos países mais desenvolvidos do mundo. Mas não têm, na sua economia, na sua cultura e na sua sociedade, capacidades suficientes para as satisfazer e concretizar.

As suas deficiências de organização, de formação técnica, de cultura, de produtividade, de rendimento económico e de eficácia dos serviços públicos são fonte de desequilíbrio e de frustração. Os portugueses habituaram-se, há séculos, a comparar-se com os europeus. E, apesar de muitas vezes resignados, não se conformam com os resultados das comparações: por mais depressa que andem, continuam muito atrás. Para um país que já foi pioneiro, é um pesadelo permanente.

É esta consciência do atraso que ajuda a alimentar a mitologia de uma identidade nacional muito especial. A de um país diferente, na dimensão, na glória passada e no carácter. A de um povo que, para se manter, deveria resistir à mudança e ao exterior. E, no entanto, o país moveu-se. A ponto de ficar um país como os outros.


Causas e efeitos da mudança
O que explica a rapidez das mudanças? Em primeiro lugar, o atraso inicial em que o país se encontrava. De certo modo, “queimaram-se etapas”, dado que os factores de mudança, sobretudo os externos, eram já dos novos tempos (comércio externo, turismo, emigração, etc.).

Portugal não era um “país subdesenvolvido” típico do Terceiro Mundo, onde os factores de mudança podem não ter grande impacto. Portugal encontrava-se já num estado de desenvolvimento capaz de absorver as influências externas e de, num primeiro momento, reagir e aproveitar o estímulo dos países e das economias mais avançadas. Segundo, o facto de alguns acontecimentos históricos terem acelerado a mudança, como por exemplo a guerra colonial, a revolução política, a descolonização e a integração europeia. Em terceiro lugar, as elites portuguesas (reduzidas, relativamente pobres e pouco cultas) já conheciam as possibilidades do mundo mais moderno.

Os portugueses (elites, classes médias, emigrantes, técnicos, etc.) tinham aspirações e expectativas muito acima das possibilidades que o país lhes oferecia. A mudança rápida tem, só por ser rápida, implicações e consequências. Representa uma espécie de “atalho”, na medida em que se podem saltar etapas de desenvolvimento e crescimento. Condiciona a solidez do desenvolvimento (aquilo a que os economistas contemporâneos gostariam de chamar “sustentação”). Na verdade, o que de mais evidente se revela é a falta de preparação, de ordenamento e de planeamento. As escolas superiores e as universidades, por exemplo, cresceram muito rapidamente em dez ou vinte anos (em unidades e instituições, em número de estudantes e de professores, em número de cursos, etc.). Acontece que, para esse crescimento, não havia edifícios, salas, professores, cursos, técnicos, laboratórios, etc., em condições, com qualidade e experiência suficientes. Foi necessário construir à pressa, recrutar docentes (desqualificados) à pressa, criar instituições à pressa, estabelecer “numerus clausus” com o único objectivo de limitar o acesso depois de verificado o excesso.

O resultado está à vista: ensino de má qualidade, cursos e diplomas desqualificados, desperdício de recursos, multiplicação de cursos e instituições, investigação muito deficiente, deficiente ligação das escolas à sociedade e às empresas, etc. O paralelo pode ser estabelecido com outras áreas e sectores de actividade. A urbanização rápida, acompanhada de especulação, de corrupção, de falta de experiência no ordenamento urbano, de ausência de hábitos e tradições de envolvimento colectivo no ordenamento, etc., criou a desordem urbana que hoje caracteriza as áreas metropolitanas de Lisboa, Porto, Setúbal e outras.

O crescimento económico dos anos sessenta e setenta criou oportunidades inéditas em Portugal e conduziu ao aparecimento de empresas e negócios, sem, todavia, bases suficientes: de capital, tradição, experiência, organização da produção, regras de comportamento entre patrões e trabalhadores, métodos de trabalho com o mercado, etc. O que contribuiu para que aquele crescimento económico notável repousasse sobretudo na força de trabalho barata, com reduzido investimento. O crescimento económico rápido, a mudança social rápida e a expansão rápida dos sistemas fizeram-se com reduzido sentido de acumulação e consolidação. Nos anos de crescimento europeu, Portugal cresceu sempre mais do que os outros. Mas, nos anos de estagnação e recessão (ou de choques, como os do petróleo), Portugal sofreu as consequências muito mais marcadamente.

A “nação” é a mesma. Pela cultura e pelo património; pela língua e pela memória; pelos valores e pelos mitos; pelas referências históricas e culturais; pelo sentimento de pertença e pela herança dos antepassados. Mas a sociedade é muito diferente. Mesmo se há costumes que se mantém. Há ainda traços especiais que criam a ilusão de que a mudança foi pouca. Por exemplo, o sentimento de atraso diante dos países europeus. A obsessão com a comparação com os outros povos mais desenvolvidos. A síndrome de fidalgo arruinado: a sensação de que Portugal foi, noutros tempos, um “grande país” e uma “nação desenvolvida”, tendo conhecido nos últimos dois ou três séculos um processo de regressão relativa. A desilusão contemporânea é motivada pelo abrandamento do progresso e do melhoramento.

Dos anos sessenta aos noventa, as melhorias foram constantes e muito significativas, em todos os domínios (emprego, rendimentos, qualificações, educação, saúde, cultura, comunicação, etc.). A partir dos anos noventa, surgiram regressões, estagnação, abrandamento e sobretudo o sentimento de esgotamento. Ainda por cima com a perda de ritmo relativamente aos países europeus. Nasceu a incerteza. Nasceu a dúvida. Os períodos de recessão ou de estagnação que se seguem a períodos de crescimento e desenvolvimento têm efeitos psicológicos muito profundos. Quem conheceu melhores tempos, quem viveu ritmos de progresso muito marcados, sente-se ameaçado pelo abrandamento, pelo esgotamento; sente que pode perder o que ganhou.

Há quarenta ou cinquenta anos alguns traços marcavam fortemente a sociedade: país pequeno, pobre, periférico e fechado. A pequenez manteve-se (eventualmente agravada pela descolonização). A pobreza também (mesmo se muito reduzida). A periferia também (mas esbatida pelas novas características das sociedades modernas, com a rapidez das comunicações, as estradas e auto-estradas, a globalização). O carácter fechado é que foi radicalmente alterado. Os factores externos tiveram decisiva influência: tornaram relativos os efeitos da pequenez; estimularam o crescimento económico, o que aliviou consideravelmente a pobreza; reduziu e esbateu as implicações da periferia; e provocou a abertura da sociedade. Na verdade, ainda hoje a sociedade sofre os efeitos desses traços ainda patentes: pequenez, pobreza e periferia. A pobreza dos portugueses é, por um lado, criada (Jorge de Sena: “Empobreceram-nos”!). Mas, por outro, tem origens de facto. As capacidades agrícolas são fracas, os solos estão cansados e são pobres e ácidos e chove de modo pouco propício à actividade agrícola. As capacidades pecuárias, por via do clima e da actividade agrícola, são reduzidas. Não existem recursos naturais nem matérias-primas próprias das eras industriais: carvão, ferro e outros minérios; nem da civilização de altos consumos energéticos: petróleo e recursos hidroeléctricos.

De certo modo pode dizer-se que o sentido geral de evolução da sociedade e da demografia (e da economia ou da cultura...) foi o de aproximação dos padrões de vida e comportamento dos europeus mais desenvolvidos, assim como da sociedade americana (neste caso, sobretudo nos aspectos económicos e culturais, menos na demografia). Qualquer que seja o ponto de vista ou de observação, o mais provável é que os indicadores de evolução portuguesa revelem essa aproximação. Por exemplo: mortalidade, fecundidade, dimensão das famílias, integração das mulheres na população activa, expansão do sistema escolar, aumento dos rendimentos familiares, terciarização, declínio das actividades agrícolas, abrandamento relativo das actividades industriais, desenvolvimento do Estado de protecção social, etc.

Em todos estes aspectos, a evolução rápida de Portugal foi sempre no sentido de se aproximar dos padrões europeus. No entanto, cada país, cada sociedade, em cada momento, faz esse caminho à sua maneira, com características próprias. O caso da integração das mulheres na sociedade pública e na economia é revelador deste duplo ponto de vista. Por um lado, passou-se em Portugal exactamente o que se passou nos outros países ocidentais. Por outro lado, os traços específicos foram reais: mais tarde no tempo; mais rápido; motivado directa e imediatamente pela emigração dos homens para a Europa e pela guerra colonial que retirava umas centenas de milhares de homens das actividades produtivas. Nação velha e Estado antigo. Povo com indelével sentimento de identidade e de independência. Povo com permanente sentido do seu passado e de uma grandeza pretérita. Gente com a sensação, desde finais do século XVIII e inícios do século XIX, de um atraso crónico e crescente relativamente aos outros países vizinhos.

O atraso económico, social, político e cultural dos portugueses é, há muito, um dos traços do património mental colectivo. Sociedade tradicionalmente muito hierarquizada e centralizada. O essencial da economia e da sociedade dependia do Estado central. Este (monarca ou Administração Pública) raramente conheceu rivais (senhores, príncipes, autarquias, empresas, grupos económicos, instituições) que desafiassem o seu poder. O poder central em Portugal teve sempre muito pouco contrapesos ou moderadores. A Igreja (a mais forte instituição fora do Estado) esteve, na maior parte do tempo moderno (século XVIII para cá), ligada ao Estado: foi um fiel parceiro. Quando assim não foi (em parte Pombal, os Liberais do século XIX, a 1ª República), estava afastada ou dominada pelo Estado. Hierarquias sociais muito rígidas e verticais ligadas a sistemas de patrocinado de Estado (aliança de poderes locais pessoais ou autárquicos ao Estado central).

Autoria: António Barreto; Produção: Rui Branquinho; Realização: Joana Pontes; Pesquisa Documental: Maria João Silva; Director de Som:Marcelo Tavares e Armanda Carvalho; Pós-Produção Audio: Paulo Mendes; Assistente de Produção: Marta Tavares; Fotografia: João Ribeiro; Música: Rodrigo Leão



Episódio 1 - ver aqui
Gente diferente: Quem somos, quantos somos e onde vivemos

Os portugueses são hoje muito diferentes do que eram há trinta anos. Vivem e trabalham de outro modo. Mas sentem pertencer ao mesmo país dos nossos avós. É o resultado da história e da memória que cria um património comum. Nascem em melhores condições, mas nascem menos. Vivem mais tempo. Têm famílias mais pequenas. Os idosos vivem cada vez mais sós.

Episódio 2 - ver aqui
Ganhar o pão: O que fazemos

O trabalho mudou muito nestas últimas décadas. A maioria dos portugueses trabalha nos serviços. Poucos trabalham na agricultura e ainda menos nas pescas. Muitos emigraram. As mulheres são metade das pessoas que trabalham, o que é uma grande diferença com o passado recente. Com a integração europeia, a economia portuguesa fez uma grande mudança. Todos vivem melhor, mas há muitas empresas que não conseguiram adaptar-se às novas condições
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Mudar de vida: O fim da sociedade rural

A sociedade contemporânea, urbana, era ainda há pouco tempo rural. Mudou muito depressa. Muitos portugueses emigraram, a maior parte saiu das aldeias e foi viver para as cidades e para o litoral. O campo está despovoado. As cidades cresceram. As estradas aproximaram as regiões. Nas áreas metropolitanas, organizou-se uma nova vida quotidiana. Há mais conforto dentro das casas, mas as condições de vida nas cidades são difíceis.
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Nós e os outros: Uma sociedade plural

Há quarenta anos, havia só um povo, uma etnia, uma língua, uma cultura, uma religião e uma política. Hoje, Portugal é uma sociedade plural. Primeiro a emigração e o turismo, depois a democracia, finalmente os imigrantes estrangeiros, fizeram de Portugal uma sociedade aberta. Falam-se todas as línguas, reza-se a todos os deuses, há todas as convicções políticas. Os Portugueses aprendem a viver com os outros


Episódio 5 - ainda não disponibilizado
Cidadãos
Com a sociedade aberta, a democracia, a integração europeia e o crescimento económico, os Portugueses são hoje cidadãos plenos pela primeira vez na sua história. Têm os direitos políticos e sociais e as respectivas garantias. As mulheres são iguais aos homens. Mas a justiça, que deveria acompanhar este progresso e adaptar-se à nova sociedade, tem dificuldades em garantir os direitos dos cidadãos.


Episódio 6 - ainda não disponibilizado
Igualdade e conflito: As relações sociais

As famílias portuguesas têm hoje mais rendimentos e mais conforto. Em vinte ou trinta anos, o bem-estar melhorou mais que nos cem anteriores. Cresceram as classes médias. Desenvolveu-se a sociedade de consumo de massas. O comércio, as modas, a escola, a televisão e a cultura fazem uma sociedade onde todos parecem iguais. Mas subsistem diferenças muito importantes de classes, de poder económico, de geração, de sexo e de região.


Episódio 7 - ainda não disponibilizado
Um país como os outros: A formação de uma sociedade europeia

Portugal já não se distingue, na Europa, como o país da ditadura, da pobreza e do analfabetismo. Embora ainda atrasado, os Portugueses são hoje cidadãos livres e têm acesso aos grandes serviços do Estado de Protecção Social. A educação, a segurança social e a saúde são para todos. Mas ainda há insuficiências, corrupção e desperdício. E deficiências na saúde, na educação, na segurança social e na justiça.
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www.rtp.pt/wportal/sites/tv/portugal_retrato/index.shtm

Festival de Reggae - Roots & Culture ( dias 21 e 24 de Abril)


O festival de Reggae do Porto realiza-se este ano em sintonia com as celebrações do 2º aniversário do Portal do Reggae. A valorização e a propagação da música Reggae Portuguesa são dois factores fundamentais que se inserem nos principais ideais deste festival. Mais que um festival ou aniversário, este evento pretende unir pessoas e culturas em torno da música, da música com mensagem de positividade. Este ano, com algum esforço, esta grande festa será dedicada às crianças mais necessitadas, que não têm um lar ou até mesmo uma família, receitas deste festival revertem a favor da comunidade Aldeias S.O.S Crianças de Portugal. Mais que uma ajuda vinda do fundo do coração, este é um alerta de grande importância, pois a criança simboliza o nosso futuro, simboliza paz e amor, aspectos fundamentais para a sobrevivência do ser humano e do mundo.


Nesta edição, ao contrário do ano passado, este evento irá decorrer em dois dias, o primeiro (21 Abril), será especialmente dedicado aos concertos nacionais, destacando-se a pré-apresentação do novo álbum dos Terrakota, e as actuações de Quaiss Kitir, Human Chalice e Stepacide.

A segunda parte do Festival Roots & Culture 07 será especialmente dedicada à cultura Deejaying/Tosting e soundsystem. Decorrerá no dia 24 de Abril e contará com a participação de grandes artistas tais como Conscious Fiyah (Alemanha), Wadada Prince (Angola/Pt), OneSun Soundsystem, Portaldoreggae Soundsystem, Masko e outros convidados especiais…

Apareçam porque a festa vai ser de arromba...;)





José Afonso, 20 anos depois

As palavras, as músicas e as imagens de José Afonso, o poeta e o cantor que se inspirou no quotidiano do povo e se bateu com ele pela liberdade e pela justiça.

Foi também professor, e nessa condição dizia ele que «queria pôr os alunos a funcionar como pessoas, incutir-lhes o espírito crítico, fazer com que exercitassem a sua imaginação à margem dos programas oficiais.»






Tributo a José Afonso



Concerto



Consultar ainda:

Asociação José Afonso: http://www.aja.pt/

O nosso post aqui no blogue

Ciclo «Música e Revolução» na Casa da Música

Está prevista para os próximos dias a realização na Casa da Música ( na cidade do Porto) de um conjunto de iniciativas e de concertos subordinado ao tema «Música e Revolução». O prgrama é o seguinte ( não dispensa a consulta ao website da Casa da Música):

Quarta 25 Abril 2007
19:00
A Música e a Revolução de Zeca Afonso
Conferência por Eduardo Raposo Canto de Intervenção 1960-1974 resulta de uma Tese de Mestrado defendida na Universidade Nova de Lisboa e publicada pelo Museu República e Resistência e, posteriormente, pelo Público [2005].

Quarta 25 Abril 2007
21:00, Sala 2
Drumming Grupo de Percussão
José Afonso é um nome indissociável da canção de intervenção em Portugal e inspira obras de vários compositores portugueses, responsáveis pelos arranjos para percussão e voz de alguns dos seus mais célebres temas.

Quinta 26 Abril 2007
22:00, Sala 2
Frei Fado dEl Rei
Os Frei Fado d'El Rei apresentam em estreia absoluta na Casa da Música o seu quarto disco, Senhor Poeta, que constitui uma homenagem a José Afonso na comemoração dos vinte anos da sua morte.



Sábado 28 Abril 2007
Sala 2
Conserv. do Porto - 90 Anos «Águas Mil»
Espectáculo pluridisciplinar, cruzando diferentes meios de expressão - a música, a palavra, a imagem, o movimento - num registo aberto, à procura de diagonais entre conceitos contíguos: a Revolução, a Liberdade, o Novo. ABRIL.


21:00, Sala Suggia
ONP 28 Abril 2007 Coral Lisboa Cantat Coral de Letras da U. P.
Este é um concerto raro pela grandiosidade que representa. As duas obras em programa assinalam momentos de revolução social que marcaram a história da humanidade: a Revolução Francesa e a Revolução de Outubro.


Domingo 29 Abril 2007
12:00,

Sala Suggia
Garcia Lorca foi considerado «mais perigoso com a caneta do que outros com o revólver». A 19 de Agosto de 1936 foi assassinado pelos nacionalistas com um tiro na nuca e atirado para um poço na Serra Nevada sem direito a julgamento.


22:00,

Sala Suggia
A colaboração entre a Casa da Música e a Associação José Afonso, que se manifesta na exposição multimédia e numa conferência, não encerra sem um grande concerto de homenagem por parte de dois grupos ligados ao Jazz e à música improvisada.


Segunda 30 Abril 2007
22:00, Sala Suggia
José Mário Branco «Mudar de Vida»
José Mário Branco recria o seu último trabalho discográfico Resistir é Vencer num espectáculo especialmente concebido para a Casa da Música e integrado no ciclo «Música e Revolução».



Actividade regular:
Qui 5 Abr 2007 a Seg 30 Abr 200710:00
Música e Revolução - Tributo a José Afonso
Neste ciclo dedicado às músicas que alimentaram revoluções - e àquelas que as celebraram - José Afonso surge como uma figura central da canção de intervenção portuguesa.

Mais informação:
http://www.casadamusica.com/default.aspx

"Por teu livre pensamento", histórias de 25 ex-presos políticos portugueses (fotografias de João Pina)

Exposição de fotografia no Centro Português de Fotografia, instalado no edifício da antiga Cadeia da Relação, localizada no Campo Mártires da Pátria, no centro da cidade do Porto
A exposição «Por teu livre pensamento» reúne o trabalho fotográfico de João Pina, desenvolvido durante o período de entrevistas efectuadas a ex-presos políticos portugueses, presentes no livro com o mesmo título.

Reproduz-se o texto de apresentação da exposição:

As 55 provas aqui trazidas a público exibem os fotografados enquadrados em locais associados à sua própria história de resistentes antifascistas ou, em alternativa, em locais relacionados com a actividade que presentemente desenvolvem.Este trabalho acaba também por constituir um verdadeiro roteiro da memória, de pessoas e locais marcantes em todo o contexto da luta revolucionária, mas mais do que ex-presos políticos fotografados em diferentes enquadramentos, no trabalho de João Pina estão representadas quatro décadas de luta contra a ditadura e, em somatório, mais de 104 anos de encarceramento de portugueses que repartem o “crime” de ter pensado de forma diferente da instituída e de terem ousado agir de acordo com essas convicções.

A relação entre a fotografia e a preservação da memória é óbvia e de fácil constatação. No entanto, não se pode deixar de recomendar uma observação mais atenta de alguns pormenores que poderão escapar a um olhar menos precavido.Atente-se que, enquanto alguns dos retratados conseguem esboçar um sorriso quando, perante a câmara de João Pina, acederam recriar as célebres fotos de frente-perfil-três quartos que davam um rosto às fichas e cadastros da PIDE, para outros, mais de 30 anos após a queda do regime que os enclausurou e torturou, os traumas e hábitos causados pelas duras experiências a que estiveram submetidos parecem ainda não estar ultrapassados. Tal é facilmente constatável com um mero exercício de comparação das expressões adoptadas por muitos destes ex-presos políticos perante os “fotógrafos” da polícia política com as assumidas na produção deste trabalho, expressões fechadas que muitas das vezes, tinham por objectivo dificultar uma posterior identificação quando lograssem voltar a conquistar a liberdade.

Como co-autor do projecto «Por teu livre pensamento» tive naturalmente o privilégio de acompanhar o João Pina ao longo de parte substancial do trabalho agora exibido. Fui assim testemunha privilegiada do firme empenho e da paixão que coloca no seu trabalho, características que já lhe valeram a obtenção de merecidos reconhecimentos na área da fotografia. Neto de presos políticos, bisneto do “fotógrafo oficioso” a quem se devem as imagens que ainda hoje permitem documentar qualquer trabalho sobre o sinistro campo do Tarrafal, mais do que fechar um ciclo, este projecto aponta um rumo para o que pode ser feito pela preservação e transmissão da memória às gerações que não conheceram a ditadura.
Que não se esqueça para que não volte a acontecer.

Rui Galiza
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Biografia de João Pina

Nascido em Lisboa, Portugal em Novembro de 1980, João Pina descobriu a sua paixão pela fotografia muito cedo. Começou a trabalhar como fotógrafo publicando regulamente aos 18 anos.
No ano de 2001, começou a documentar a vida de ex-presos políticos portugueses e estendendo actualmente esse projecto à escala mundial. Em 1987 visita pela primeira vez a ilha de Cuba e, desde o ano de 2002, iniciou um projecto fotográfico no ultimo regime comunista do mundo ocidental, aonde tem regressado com regularidade na esperança de ser um observador privilegiado nas mudanças sócio-politicas que venham a acontecer.
Desde 2004, após concluir o “One year certificate on Photojournalism and Documentary Photography” no International Center of Photography em Nova Iorque, tem desenvolvido grande parte do seu trabalho em países da América Latina onde pretende, durante o ano de 2007, estar a viver em permanência.
Pertence aos colectivos Kameraphoto (Europa) e Veras Images (EUA).Vencedor por quarto vezes de 1º’s prémios no Prémio Visão Fotojornalismo – 2003 (notícias) 2003 (Espectáculo) 2004 (Espectáculo) 2006 (Retrato).

Estado Novo contra a sedução ( exposição a ver na Galeria Sargadelos, no Porto)


A Galeria Sargadelos (Porto), assinala o 33º aniversário do 25 de Abril, com a exposição “O Pecado não Mora ao Lado: o Estado Novo contra a Sedução”.


A mostra, concebida pela Biblioteca-Museu da República e Resistência (Lisboa), evoca os costumes, a moda, os hábitos, a moral e o erotismo, na sociedade portuguesa, durante a ditadura.


Até 10 de Maio, na rua Mouzinho da Silveira, 294, Porto.


Da informação que nos enviou o Museu: “Deus nos defenda de que as nossas filhas enveredem por este último caminho de histeria colectiva. O rock and roll (…) deve ficar para além das fronteiras onde a dignidade, a pureza dos costumes a integridade da mulher são um exemplo para o mundo.” (In Crónica Feminina)