14.3.07

14 de Março - Dia internacional de luta contra as barragens


O 14 de Março é, todos os anos, um dia de acções e protestos mundiais contra a construção de barragens, em defesa da natureza e pelos direitos dos atingidos.
Desta vez, no Brasil, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) aproveita a data para, durante a semana, lançar nas principais capitais do país a campanha "O Preço da Luz é um Roubo".


Consultar:
http://www.mabnacional.org.br/

Na verdade ao longo das últimas décadas por todo esse mundo fora milhares de vales e habitats naturais têm sido destruídos para que no seu lugar se construam barragens e represas, provocando inclusivamente a deslocalização de milhares de pessoas. Construções desse género alteram o território, reduzem a diversidade biológica, obstaculizam a migração dos peixes e a navegação fluvial, diminuem o caudal dos rios, modificam o nível das camadas freáticas, alteram a composição das águas retidas e o microclima existentes. Aliás costuma-se dizer que quanto maior a barragem maior é do desastre, como é bem demonstrado nas barragens faraónicas recentemente construídas na China, mas também em Akosombo no Gana, Assuan no Egipto, e em Balbina no Brasil.
Desde os finais do século XIX a energia hidráulica é empregue para a produção da electricidade. Entre 1950 e 1986 construíram 31.059 barragens com mais de 15 metros de altura, a maior parte na China (18.587).
Em 1989 estavam em construção 45 barragens com mais de 150 metros de altura, 20 das quais na América latina e 15 na Ásia.
A produção hidroeléctrica supera hoje anualmente os 2.000 Twh, montante esse que representa 20% da produção mundial da electricidade.
Note-se ainda que a construção de grandes barragens obrigou ao deslocamento de 16 milhões de pessoas na Índia, a 3 milhões na China e a um milhão no Sri Lanka. A resistência das populações conseguiu paralisar muitos projectos, mas não teve êxito em muitos outros. A barragem de Sardar Sarovar, no rio Narmada na índia é o episódio mundialmente conhecido da resistência da população das aldeias e das regiões que serão inundadas e submersas.




Consultar:
www.irn.org/dayofaction/
www.irn.org/dayofaction/index.php?id=background.html

Política & mentira

Crónica de Manue António Pina,
publicada hoje no JN

O ex-inspector da ONU Hans Blix, que chefiou a missão enviada ao Iraque em busca de armas de destruição maciça, revelou que o primeiro-ministro inglês, Tony Blair, falsificou os seus relatórios para poder justificar a invasão. O truque de Blair foi grosseiramente simples transformou os pontos de interrogação do relatório, manifestando dúvidas de que Saddam tivesse armas de destruição maciça, em pontos de exclamação! Bush, o cristão, fez o mesmo: mentiu, falsificou, inventou provas.
Se um comum cidadão americano ou inglês falsificar um documento (um cheque, um bilhete de comboio, uma simples entrada para um espectáculo) vai parar à cadeia (em Portugal a pena pode chegar a 3 ou a 5 anos). Blair e Bush (e os que os apoiaram na mentira, tanto editorialistas como políticos como Durão, Aznar e outros) continuam por aí de cabeça erguida, apesar de terem deliberadamente causado a morte de centenas de milhares de pessoas e metido os seus países num atoleiro de onde não sabem agora como sair.
Diz Santo Agostinho que, sem valores morais, os reinos não se distinguem de bandos de ladrões. O desprezo dos cidadãos pelos políticos vem daí: da impune ausência de escrúpulos que se habituaram a ver, nas grandes como nas pequenas coisas, na actividade política.

Tinariwen, a música rebelde dos touaregs

Composto por ex-rebeldes tuaregues, que chegaram a Tombuctu no final da rebelião, no início dos anos 90, de guitarra eléctrica e Kalachnikov, este grupo serve-se da sua música e poesia para expor as insatisfações em função do desrespeito da sociedade moderna através de canções originais com arranjos de guitarra actuais.
Vencedores do galardão de melhor formação world music, do continente africano, pela Rádio BBC em 2005, os Tinariwen marcaram presença no «Africa Live», festival da ONU destinado ao combate ao paludismo, que decorreu no Senegal no ano passado.
Particularmente ligados ao exílio do povo tuaregue e aos nómadas berberes do deserto do Sahara, os Tinariwen apelam à consciencialização política para problemas como o exílio, a repressão no Mali ou a extradição de pessoas da Algéria.
Partindo da tradição tuaregue, os Tinariwen deixam-se influenciar por Bob Marley ou Bob Dylan, assim como pelos rebeldes marroquinos da nova vaga, Nass El Ghiwane. Composto por cerca de 10 elementos, os melhores e mais famosos compositores e intérpretes da comunidade tuaregue da actualidade, os Tinariwen cantam o exílio e a oposição.
Depois de terem marcado presença no Rosskilde Festival e no Womad Rivermead Festival, o grupo do Mali traz-nos o registo que já foi considerado uma "obra-de-arte" e que, desde a sua edição em 2004, ainda não saiu do top musical europeu.
Recorde-se que os Tinariwen se destacaram internacionalmente quando ajudaram a organizar o Festival do Deserto, um evento anual que leva ao Norte de África fãs e celebridades de todo o Mundo, e que dá especial atenção ao povo tuaregue e, consequentemente, aos seus embaixadores musicais, os Tinariwen.
Composto por canções vivas, com coros profundos e verdadeiros, «Amassakoul» apresenta-se mais cuidado e polido que o anterior e registo de estreia «The Radio Tisdas Sessions».
Conhecidos como o primeiro grupo a fundir a música tradicional Tuaregue com guitarras eléctricas, em 1979, os Tinariwen continuam a ser liderados por Ibrahim Ag Alhabib, membro original da formação detentor de uma voz distinta um estilo de tocar guitarra único