9.6.06

Greenpeace pede a retirada das 480 bombas nucleares dos Estados Unidos do solo europeu


Militantes da Greenpeace, originários de vários países ( Bélgica, Alemanha, Itália, Países Baixos, Turquia, Grã-Bretanha) introduziram-se hoje de manhã no recinto da NATO a fim de exigir a retirada de 480 bombas nucleares norte-americanas que se encontram em solo europeu e prontas a ser usadas.

Às 6 horas desta manhã um camião da Greenpeace semelhante a uma réplica em tamanho real (3,7 metros de altura) de uma bomba nuclear americana do tipo B61 bloqueou a principal entrada do quartel general da NATO. Dentro dele estavam os militantes que traziam as bandeiras dos 6 países em que se encontram armazenadas as bombas norte-americanas.
Simultaneamente outros militantes entravam no recinto e desfraldaram sobre o símbolo gigante da NATO uma bandeirola a reclamar o desarmamento nuclear da Aliança Atlântica.
O protesto levou à detenção dos 24 militantes da Greenpeace e ocorre ao mesmo tempo em que os ministros de defesa dos países da NATO estão reunidos em Bruxelas para discutir o futuro da NATO.
16 anos depois do fim da guerra fria, 480 bombas nucleares norte-americanas (consultar: Hans Kristensen, "U.S. Nuclear Weapons in Europe : A Review of Post-Cold War Policy, Force Levels, and War Planning" (Natural Resources Defense Council, Washington DC, February 2005) ainda se encontram em território europeu no quadro da NATO e espalhadas por diversos países (Alemanha, Bélgica, Itália, Países Baixos, Turquia , Grã-Bretanha). Note-se que cada uma dessas armas tem uma capacidade destrutiva 10 vezes superior à bomba que destruiu Hiroshima e o conjunto de todas elas teriam capacidade de arrasar a Europa inteira do mapa.
Na passada semana a Greenpeace tinha divulgado uma sondagem junto da opinião pública europeia que mostrava como uma larga maioria dos europeus desejavam um Europa sem armas nucleares.
http://www.greenpeace.org/internati...
«Os ministros de defesa devem tomar em consideração a vontade popular a favor da retirada das bombas da Europa e agir em consequência», declarou Donna Mattfield, a activista da Greenpeace encarregada pela campanha desarmamento nuclear.
Há alguns dias atrás, no relatório da Comissão sobre as Armas de Destruição Massiva, então divulgado, o seu presidente, Hans Blix, incluiu na lista das recomendações 2 pontos relativos ao reenvio das 480 bombas nucleares para os Estados Unidos. O relatório fornece informações muito precisas sobre os perigos ligados à presença destas armas na Europa, como o facto destas armas perturbarem os esforços internacionais empreendidos para relançar o desarmamento, citando o caso da Rússia.

Os governos dos países membros da NATO deverão decidir durante o presente ano o futuro desta aliança militar, podendo exigir o reenvio destas bombas ao seu proprietário. Aliás, um tal procedimento já tem precedentes no passado: o Canadá, a Grécia, a Dinamarca, a Islândia são hoje países sem bombas norte-americanas que tinham sido lá instaladas.

Num período de tensões muito vivas como actualmente se vive, a propósito da questão iraniana, a presença das bombas norte-americanas tácticas viradas para o Médio Oriente representam para o Irão uma ameaça muito directa que não ajuda em nada as negociações em curso com esse país.
«No momento em que as doutrinas do emprego de bombas nucleares evoluem, nos Estados Unidos, na Grã-Bretanha e agora em França, para a ideia da guerra nuclear preventiva, essas bombas tácticas são uma ameaça directa para o Irão e um obstáculo à resolução do conflito com este país » declarou Xavier Renou, encarregado para a campanha de desarmamento nuclear da Greenpeace francesa. E acrescentou: « Os países europeus devem reconhecer que esta violação do Tratado de Não Proliferação descredebiliza a sua posição face ao Irão e impede o relançamento do processo do desarmamento nuclear em todo o mundo.»

Nota : os países membros da NATO vão reunir-se em Novembro próximo para discutir o futuro da NATO e a sua adaptação para o século XXI