2.6.06

GAIA planta artes e árvores no Dia do Ambiente



Dia 5 de Junho, próxima segunda-feira, é Dia do Ambiente. Nada melhor que celebrá-lo activamente!

Convidados pela escola secundária de Sta. Maria na Portela de Sintra, alguns activistas do GAIA (Grupo de Acção e Intervenção Ambiental), vão coordenar uma conversa-fórum relacionada com o tema tão envolvente deste dia.
A proposta é um debate interactivo, onde se possam partilhar experiências acerca do que é e como se pode ser activista do ambiente, passando pela visualização de algumas "curtas" relacionadas com acções directas/ campanhas de sensibilização, tanto em Portugal como no resto do Mundo.

Mas o GAIA não se fica por aqui... O objectivo é a envolvência da juventude no activismo e a arte como ferramenta. Numa perspectiva do "Faz tu Mesmo" ( do it yourself), os activistas, vão integrar nesta actividade a plantação de sementes arbóreas em pacotes tetrapack, construindo assim uma espécie de mini-viveiro, que cada um dos 40 alunos que vai integrar a conversa-fórum, pode levar para casa e cuidar.

A ideia é que cada qual sinta a responsabilidade de um Mundo mais rico ambientalmente, está nas mãos de cada um. As mãos que regam sementes e cuidam da Terra são as mesmas que fazem arte, arte-activismo.

Apostando na criatividade, o GAIA, procura apoio em materiais que podem ser reutilizáveis. Em termos ideológicos, as perspectivas global e comunitária são dois pontos-base para estas acções/ actividades, pois pensamos ser bastante marcante para qualquer pessoa, a envolvência de cada um nos temas discutidos, dependendo da maneira como a abordagem é feita.
Para deixar uma semente. Para que os jardins suburbanos comecem a florir pelas mãos de jovens artistas. Por a rebeldia de se ser quem é, cooperando por um Mundo mais feliz...

http://gaia.org.pt/?q=node/379

Le Monde Diplomatique, edição de Junho de 2006 (editorial, sumário e breves resumos)


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http://diplo.uol.com.br/ edição brasileira

Editorial da edição de Junho
( por Ignacio Ramonet):

Planeta futebol

De 9 de Junho a 9 de Julho o planeta inteiro vai ser submergido por uma vaga muito particular: a do futebol, cuja fase final do Campeonato do Mundo se desenrolará na Alemanha. Trata-se do mais universal acontecimento desportivo e televisivo. Vários milhares de milhões de telespectadores, em audiência acumulada, vão seguir as 64 partidas da prova e que vão opor 34 equipas nacionais representando 6 continentes.
A confrontação atingirá a sua máxima intensidade no domingo 9 de Julho que, em Berlim, no estádio olímpico ( construído por Hitler para os jogos olímpicos de 1936) as duas equipas finalistas disputarão o final. Nesse momento dois mil milhões de pessoas – um terço da humanidade – espalhados por duzentos países ( note-se que a ONU só conta com 191 países) estarão frente aos écrans e nada mais lhes interessará.
A competição funcionará como um colossal pára-vento que esconderá todo outro acontecimento. Para grande tranquilidade de alguns. Como em França onde Chirac e Villepin esperam esta hipnótica distracção para fazer esquecer o caso Clearstream, e respirarem mais um pouco.
«Peste emocional», para uns (Jean-Marie Brohm, La Tyrannie sportive. Théorie critique d’un opium du peuple, Beauchesne, Paris, 2005), «paixão exaltante» para outros (Pascal Boniface, Football et mondialisation, Armand Colin, Paris, 2006), o futebol é o desporto internacional número um. Mas indiscutivelmente é mais do que um desporto. Senão não suscitaria um tropel de sentimentos tão contrastentes. «Um facto social total», diria o grande ensaísta Norbert Elias. Poder-se-ia dizer também que ele constitui uma metáfora da condição humana. Porque ele dá a ver, segundo o antrópolgo Christian Bromberger, a incerteza dos estatutos individuais e colectivos, assim como todas as dimensões da fortuna e do destino (Christian Bromberger, Football, la bagatelle la plus sérieuse du monde, Bayard, Paris, 1998). Ele convida a uma reflexão sobre o papel do indivíduo e do trabalho em equipa, e origina debates apaixonados sobre a simulação, o arbitrário e a injustiça.
Como na vida, os perdedores no futebol são mais numerosos que os ganhadores. Por isso mesmo é que este desporto sempre foi de multidões que vêem nele, consciente ou inconscientemente, uma representação do seu próprio destino. Elas sabem também que amar o seu clube é aceitar o sofrimento. O importante, em caso de derrota, é permanecer unidos, manter a união.Graças a esta paixão partilhada fica-se com a garantia de não se estar isolado. «You’ll never walk alone», cantam os fãs do Liverpoll FC, o clube proletário inglês.
O futebol é o desporto político por excelência. Ele está na encruzilhada de questões cruciais como a pertença, a identidade, a condição social e até, por causa do seu aspecto sacrificial e a sua mística, da religião. É por isso que os estádios se prestam tão bem a cerimónias nacionalistas, aos localismos e aos extravasamentos identitários ou tribais que desencadeiam por vezes violências entre apoiantes fanáticos.
Por todas estas razões – e, sem dúvida, por outras, bem mais positivas e festivas – este desporto fascina as massas. Estas, por sua vez, despertam o interesse junto dos demagogos mas sobretudo dos publicitários. Pois que, mais do que uma prática desportiva, o futebol é hoje um espectáculo televisionado para um vasto público tendo por protagonistas vedetas pagas a preço de ouro.
A compra e venda dos jogadores reflecte bem o estado do mercado nesta época da globalização liberal: as riquezas localizam-se no Sul mas são consumidas no Norte, uma vez que só este último tem os meios de as comprar. E este mercado ( frequentemente, de lorpas) produz modernas formas de tráfico de seres humanos ( ler nesta edição o artigo «Tu serás Pele, Maradona, Zidane…ou não serásninguém»).
Os meios financeiros que são mobilizados são demenciais. Se a França se qualificar para a final o preço de um anúncio publicitário de 30 segundos na TV atingirá o montante de 250.000 euros ( ou seja 15 anos de salário mínimo francês!). E a FederaçãoInternacional de Futebol (FIFA) vai receber nunca menos de 1.172 mil milhões de euros pelos direitos de transmissão de televisão e patrocínios do campeonato do mundo na Alemanha. Estima-se, além disso, que o total de investimentos publicitários ligados a esta competição seja de 3 mil milhões de euros.
Tais montantes tornam louco o dinheiro. Toda uma fauna de negócios gira à volta da bola redonda, controlando o mercado de transferências ou das apostas desportivas. Certas equipas, a fim de garantir a vitória, não hesitam em fazer batota. Casos desses fazem uma legião. Como confirma o escândalo que actualmente abala a Itália. E que poderia levar a Juventus de Turim, acusada de ter comprado os árbitros, a descer de divisão.
Assim vai este desporto que causa fascínio, no meio de esplendores sem igual e a infâmia, algo parecido com a lama que se cola ao ventilador. E cada qual fica enlameado.
Ignacio Ramonet

Próximo Oriente

- A voz ruidosa da França, por Alain Gresh.

— « Fatiga » no Quai d’Orsay, miséria em Gaza (A. G.).

— O Hamas sob a prova do poder,por Wendy Kristianasen.

— O exército norte-americano cansado da guerra, por Anatol Lieven.
Finanças
Finanças

— O que esconde o « caso Clearstream », por Ibrahim Warde.

— A poupança salarial ou como flexibilizar os salários, por Antoine Rémond.

— Dois dispositivos (A. R.).

França- África

— Em direcção a um divórcio entre Paris e o continente africano? por Delphine Lecoutre et Admore Mupoki Kambudzi.

— Ingerência à antiga nbo Tchad por Philippe Leymarie.

Imigração

— Na Europa, cada um com o seu modelo, por Claudio Bolzman e Manuel Boucher.

— O direito de sangue ainda funciona na Alemanha, por Albrecht Kieser.

— Quem são os «estrangeiros»? (A. K.)

América Latina

— E se o México virasse à esquerda… por Erasmo Sáenz Carrete.

— Resultado mitigados na luta contra a droga, por Jean-François Boyer.

— Uma nova América Latina em Viena, por Bernard Cassen.


Ásia

— As Filipinas de um a outro golpe de estado, por David Camroux.


Futebol

—«Tu serás Pele, Maradona, Zidane…ou não serás ninguém», por Johann Harscoët.
Resumo:

A 18º Campeonato Mundial de Futebal que começa no dia 9 de Junho na Alemanha será sem dúvida uma ocasião para os promotores deste desporto o celebrar. Mas esta celebração mostra-se ilusória quando o futebol, parasitado já por negócios comerciais, se associa aos sonhos do êxito fácil. Na verdade, uma grande maioria de jovens, muitos deles provenientes de África para os centros de formação europeus, fica a meio caminho….


— O Clube de Paris e os financeiros discretos e todo-poderosos, por Damien Millet et Eric Toussaint.

— Protestar por meio da música, por Jacques Denis.

As tomadas de posição militares da administração Bush suscitaram uma onda de reacções por parte dos músicos que voltaram a implicarem-se tal como aconteceu durante a guerra do Vietname, quando Bob Dylan cantava en Greenwich Village de Nova Iorque, e Joan Baez em Hanoi, com as bombas norte-americanas a caírem sobre a cidade vietnamita. Reaparece pois a conhecida expressão, «proteste song». Com efeito, se as questões se deslocaram e novos desafios surgiram, o certo é que as problemáticas se mantêm. Como cntestar anova ordem mundial? Onde estão hoje as autênticas «protest songs»(canções de protesto)?
«Discriminação entre brancos e negros não há que berrar para me compreenderem. Essa merda que me servem nos jornais e na televisão. Todas essas mentiras para as massas que não param de aumentar. Nos últimos tempos um imbecil aparece e diz que algo em ti não lhe agrada somente porque a tua pele não o satisfaz. Pouco importa se é branco ou negro, porque o que ele é quer realmente é sangue.»
Este texto não é de nenhum autor de rap mas de «More Trouble everyday», uma obra de Frank Zappa de 1966, editada logo após os motins do ghetto de watts, em Los Angeles. Um ano mais tarde, Bob Dylan cantará em Nova Iorque para os marines desembarcados do Vietname que gritarão « come a maça e enrabai a tropa». E sem esquecer Phil Ochs que em 1964 cantava «Talking Vietnam».
As gerações passam, mas as mesmas causas produzem os mesmos efeitos. Como prova aí estão as mobilizações organizadas contra as «cruzadas» da Administração Bush. De Washington, de John Mellencamp; We want peace, de Lenny Kravitz; In a World Gone Mad, dos Beastie Boys ; Pledge of Resistance, de Saul Williams ; Patterns of War, de Dr Israel... cada dia que passa

— Cólera operária nas vésperas da Frente Popular, por Benoît Kermoal.

— O Trabalho infernal das sondagens, por Alain Garrigou.

— Sopro de liberdade, por Anne-Cécile Robert.


Os Livros do Mês

— Une histoire globale, par Philip Ziegler.

— L’islam ouvert et multiple, par Samir Aita.

— « Une maison dans les ténèbres », de José Luís Peixoto, par Marina Da Silva.

— « La pièce d’or », de Ken Bugul, par Nabo Séne.

— A travers les bidonvilles de la planète, par Jean-Christophe Servant.

— Deux visions du Proche-Orient, par Eric Rouleau.

Agenda

Suplemento : « O negócio das armas ligeiras », páginas I à IV (com o apoio da Amnesty International).