19.4.06

May Day - contra a precarização

1º de Maio - May Day
Contra a Precarização
As nossas vidas não são negociáveis


&etc, edições culturais do subterrâneo


Alguns livros disponíveis, e seleccionados por nós, da editora &etc, edições culturais do subterrâneo

A editora &etc mantém, desde sempre, uma postura que nunca é demais de realçar no nosso panorama editorial e literário ao não soçobrar perante os cantos maviosos do mercado, e permanecer ao longo do tempo com um notável conjunto de livros e folhetos, cuidadosamente escolhidos e produzidos segundo critérios alheios às modas e gostos dominantes.
Como modesta homenagem à editora ( com 33 anos de existência), e ao seu responsável, publicamos aqui um catálogo dos livros da «& etc», seleccionado por nós( não incluímos as obras que se encontram esgotadas):


Berlioz, Hector – Eufonia

Carroll, Lewis – Vespão de Peruca

Cendrars, Blaise – Brasil…Vieram os Homens
- O Eubage (nos antípodas da Unidade)

Darien, George – Biribi

De Quincey, Thomas – Judas Iscariotes

Desnos, Robert – Jack o estripador

Diderot – Suplemento à Viagem de Bougainville

Dionísio, Eduarda – Tina M.- Prova de Contacto

Domingos, Paulo da Costa – Pó de Anjo

Fialho d’Almeida – Fialho Negro

Filipe, Léon – O Sapateiro de Van Gogh

Gauguin, Paul – Paleios de Borra-Tintas

Gombrowicz, Witold S. – Morte ao Dante

Gómez de la Serna, Ramón – Seios

Guimarães, Regina – Anelar Mínimo

Hikmer, Nazim – Poemas da prisão e do exílio

Jarry, Alfred – O Amor em Visitas

Lafargue, Paul – Anti-Hugo, a lenda de Victor Hugo

Lafargue, Paul – A Religião do Capital

Lapa, Álvaro – Barulheira

Long Haniel – A Singular Aventura de Cabeza de Vaca

Luciano de Samóstrata – Parasita ou o Papa-Jantares

Malevitch, Strindberg, John Oswald – Achas Revolucionárias

Melo, Jorge Silva – Prometeu

Monteiro, João César – Le Bassin de John Wayne, seguido de as Bodas de Deus

Padre Camões – Testamento de D. Burro, pai dos asnos

Péret, Benjamin – Ovelha Galante

Picabia, Francis – Jesus-Cristo Rastacuero

Picasso, Pablo – O Enterro do Conde de Orgaz

Pimenta, Alberto – Grande Colecção de Inverno 2001/2002

Pimenta, Alberto – Moscas de Pégaso

Pimenta, Alberto – Ode Pós-Moderna

Pimenta, Alberto – Imitação de Ovídio

Prévert, Jacques – Cenas

Schulz, Bruno – Tratado dos Manequins

Stevenson, Robert Louis – Uma Apologia dos Ociosos

Strindberg, August – O Sacristão Romântico de Rano

Svevo, Ítalo – Fábulas

Vários – Joyciana

Verlaine, Paul – Hombres

Vieira, António – Improvisações sobre a ideia de Deus
.
.
Contacto:
&etc,
Edições Culturais do Subterrâneo,Lda
Rua da Emenda, 30, sub 3, 1200-170 Lisboa
Tel. 21 347 19 55

Re-localizar a Economia


Pela Soberania Alimentar

A ideia de alimentos de alimentos frescos e locais é um sonho que une tanto os defensores da segurança alimentar e do meio ambiente como os entusiastas da «slow food» e dos pequenos agricultores.

Apoiar e reconstruir os sistemas de produção locais com o objectivo de levar, para os mercados, alimentos frescos, directamente dos produtores para os consumidores locais…é, sem dúvida, uma maneira de fomentar o desenvolvimento quer no âmbito de uma comunidade quer à escala regional no contexto do mercado global do Norte e do Sul.
Com efeito, produzir e promover os produtos locais pode ajudar a atenuar e aliviar problemas como a mudança climática global e a pobreza rural. Construir tais sistemas de mercado exige uma nova forma de abordar a indústria e as instituições que a fomentam.

Comércio e Mudança Climática


Defender os produtos locais pressupõe rever e reexaminar a teoria económica, que se encontra tão fortemente arraigada, sobre as vantagens da competitividade, e que se baseia na ideia de que cada região deveria especializar-se em produzir só o que pode produzir mais barato ou ao menor custo, e negociar com as outras regiões tudo aquilo que carece e que necessita de adquirir. Acontece que os cálculos económicos tradicionais não levam em linha de conta os verdadeiros custos ambientais desse tipo de comércio. Mais concretamente, os custos ambientais do transporte de mercadorias em distâncias longas é muitíssimo maior do que julgava até agora, e que têm, de resto, um impacte evidente nas mudanças climáticas.
A maioria dos alimentos viajam centenas senão mesmo milhares de quilómetros, desde o produtor até ao nosso prato, e a infra-estrutura de transportes que é utilizada para essa finalidade consome combustíveis fósseis que geram gazes com efeito de estufa e que contribuem para as mudanças do clima. Estas mudanças estão a fazer subir a temperatura dos mares, a conduzir à inundação das zonas costeiras, e potencialmente, pode levar à perda de colheitas, assim como ser a causa de extinções maciças, e levar ao reforço de factores meteorológicos destrutivos como os furacões. Ora todas essas alterações têm profundas implicações para a agricultura e a população. Ainda que seja difícil prever todas as consequências dos danos provocados pelas emissões destes gazes com efeito de estufa, a verdade é que eles são indesmentíveis e importa inclui-los nos custos energéticos das transacções mercantis do comércio mundial.
Ajustar os preços para baixar os custos energéticos, ou cobrar «pequenos impostos ambientais» às empresas não são indicadores nem muito menos soluções fiáveis para o alto preço social e ecológico que representa o constante aumento do comércio na actual economia global. O consumo de produtos locais pode constituir, assim, uma enorme benefício para o meio ambiente. Um exemplo concreto basta para ilustrar a diferença que haveria com uma tal opção: em 1920, o Estado do Iowa, nos Estados Unidos, produzia uma grande variedade de frutas e verduras, mas na actualidade a maior parte desses produtos que são consumidos nesse Estado vêm de outras regiões. Ora, se os habitantes do Estado do Iowa optassem por consumir uns 10% mais da produção local, estima-se que se poderia poupar até 7,9 milhões de toneladas anuais de emissões de dióxido de carbono.

Exemplos


A organização ambientalista japonesa Daichi-o-Mamoru concluiu que, se as famílias japonesas consumissem produtos locais em vez de produtos importados, o impacto seria equivalente a reduzir-se em 20% da energia doméstica; o mesmo resultado se chegaria se em vez de se consumirem os produtos de soja, importados dos Estados Unidos, se optasse pelos produtos de soja cultivados no Japão.
Sendo certo que a importação de alguns produtos é inevitável, como é o caso do café, proveniente de países tropicais, e que se tornou um bem essencial nos países frios, a verdade é que existe uma infindável quantidade de produtos que podem ser localmente produzidos, já para não falar de muitos outros cuja existência é altamente discutível porque mostram ser antieconómicos e anti-ecológicos e que são até sucedâneos de outros, já existentes.
Por exemplo: o ketchup Heinz que se consome na Califórnia é feito de tomates cultivados na Califórnia que são enviados para o Canadá a fim de serem processados e embalados e são, de seguida, reenviados novamente para a Califórnia. Outro exemplo: o porto de Nova Iorque exportou 431.000 dólares de amêndoas para a Itália, e importou 397.000 dólares de amêndoas da Itália para o mercado interno norte-americano. Ora este tipo de comércio revela-se completamente desnecessário e mostra até que ponto estamos a hipotecar a herança que iremos deixar para as gerações futuras.

A ruína dos comércios locais

Para os que pensam que a falta de alimentos produz a fome no mundo há que dizer-lhes que actualmente se regista uma superprodução mundial no que se refere a bens básicos, o que tem, aliás, uma repercussão negativa nos pequenos e médios agricultores, já que ao haver um excesso de produção, os preços baixam, e com eles os rendimentos dos produtores rurais.
O excesso de produção pode também ser mostrado se repararmos que o preço dos produtos importados é menor do que aquele que é gasto para os produzir. Não por acaso, os países em desenvolvimento denunciam frequentemente a injustiça em que se transformou o mercado global. Na verdade, e como resposta aos baixos preços, muitos dos agricultores dos países do primeiro mundo recebem subsídios, permitindo-lhes assim vender os seus produtos a um preço mais baixo do seu custo de produção. As leis do mercado permitem uma invasão de produtos que provocam a destruição das explorações dos agricultores não-subvencionados. Por exemplo: o arroz, que é um produto muito vulgar em todo o mundo, é exportado pelos Estados Unidos, e é vendido no mercado mundial a um preço entre 20 a 30% mais baixo que o seu custo de produção pelos agricultores norte-americanos, graças aos subsídios estatais por estes recebidos, destruindo assim qualquer leal concorrência entre os agricultores a nível mundial. Este facto levou em 2004 a Indonésia a proibir todas as importações de arroz, protegendo os agricultores indonésios, ao garantir a sua sobrevivência, uma vez que produziam arroz suficiente para alimentar toda a população do país.

Pobreza rural

Mas se os agricultores sofrem, será que, porventura, as camadas mais pobres da população beneficiam com isso? A realidade nua e crua é que a maioria das pessoas pobres no mundo vivem na agricultura, e 50% das pessoas que sofrem com as calamidades são pequenos agricultores. A superprodução global de alimentos é a principal causa para a constante diminuição dos rendimentos dos rurais e o empobrecimento crescente das áreas rurais. Note-se ainda que a pobreza rural provoca por sua vez a pobreza urbana, uma vez que a impossibilidade de sobrevivência dos camponeses força-os a migrar para as cidades, convertendo-se em mão-de-obra barata no mercado de trabalho.
Ora as políticas de desenvolvimento deveriam preocupar-se em aumentar os rendimentos dos pequenos agricultores, de forma a não forçá-los a abandonarem as sua regiões rurais.
Restabelecer o acesso dos pequenos agricultores aos mercados locais para que possam vender os seus produtos é um dos principais objectivos ( e propostas) da Via Campesina, uma rede de mais de 100 organizações de pequenos agricultores, espalhada por todo o mundo.
A expansão das grandes cadeias de hipermercados nas regiões, que sempre foram abastecidas por agricultores locais ou da região através dos circuitos tradicionais, está a prejudicar gravemente os pequenos agricultores e os produtos locais. De 1992 a 2002, os hipermercados aumentaram as suas vendas em 30% no mercado asiático ( excluindo a China) e em 45% no sul do continente africano. A agravar isto está a circunstância dos hipermercados estarem a ficar nas mãos de um número cada vez mais reduzido de grupos económicos empresariais.

A centralização


Tais grupos e cadeias de hipermercados tendem por sua vez a centralizar o abastecimento em determinados centros de distribuição, que compram a por junto a muito poucos produtores, quase sempre a grandes agricultores ou a grandes importadores, com claro prejuízo para os pequenos agricultores.
Além disso, o facto de se trazer produtos de longe, e de os comprar a grandes empresas produtoras, faz com que se assista a uma estandardização dos alimentos que prejudica a diversidade de sabores, a herança cultural de cada região, e até mesmo a qualidade da nossa nutrição. A concentração dos supermercados obriga os pequenos agricultores a baixar os preços para serem mais competitivos, obrigando ainda ao fecho e declínio do comércio local, que assim não contribui para a a circulação do dinheiro nem para o desenvolvimento da comunidade local.
Um estudo realizado em Chicago mostra que, em cada 100 dólares gastos em produtos de um estabelecimento local, 68 dólares mantêm-se na economia daquela área geográfica, enquanto que aí só ficarão 48 dólares, caso o comércio local seja realizado por intermédio de uma grande superfície. Outro dado interessante é saber que por cada metro quadrado ocupado por uma empresa local o seu impacto na economia da zona é de 179 dólares, ao passo que com uma grande superfície esse impacto diminui para os 105 dólares..
Outro estudo demonstrou que as grandes superfícies comerciais, como a Wal-Mart, reforça a pobreza nos municípios onde se instala, uma vez que absorve as ajudas estatais concedidas às famílias mais carenciadas
Se os seus trabalhadores ganhassem um salário justo e digno não ficariam dependentes dos bens alimentares, baratos e artificiais, que são vendidos na Wal-Mart, e poderiam ajudar os pequenos agricultores locais e o comércio local.

O comércio é um grande negócio

Promover os sistemas alimentares locais requer uma transformação das políticas e das instituições. As políticas que promovem o livre mercado e que o apresentam como a panaceia global para a erradicação da fome, da pobreza e das desigualdades, acabam por beneficiar somente as grandes empresas que não cessam em procurara novos mercados para obterem ainda mais lucros.
O Fundo monetário internacional (FMI) e o Banco Mundial defendem a rápida liberalização do mercado sem qualquer prova, bem pelo contrário, de que uma tal orientação ajude a retirar as populações da situação em que vivem.
As agências de crédito para exportação gastam mais de 100 biliões de dólares anuais em empréstimos que visam ajudar os países a importarem alimentos das grandes empresas dos países industrializados, aumentando assim a dívida daqueles países. Os países mais poderosos impõem as normas que muito bem lhes interessam nos acordos, tratados e nas organizações internacionais, impedindo assim que as nações e os países façam valer a sua soberania alimentar e favoreçam a produção local e os interesses dos cidadãos.
O governo dos Estados Unidos, devidamente assessorado por um grupo de «homens de negócios», demonstrou nos últimos anos a capacidade de um governo para criar uma guerra ( no Iraque) com a óbvia intenção de proteger o livre acesso das empresas norte-americanos aos recursos e aos mercados mundiais. São políticas deste género que explicam como é que uma empresa como a Cargill, uma mais maiores empresas de alimentação em todo o mundo, tenham apresentado lucros que ultrapassam os 1,3 biliões de dólares em 2003, quase 3 vezes mais que no ano 2000.

Movimento globais, alimentos locais

Os defensores da produção local estão aos poucos a unirem-se um pouco por toda a parte. Alguns munícipios da Pensilvânia ( USA) já adoptaram medidas no sentido de interditar a compra de propriedades rurais por parte das grandes empresas.
Também um número cada vez maior de cidadãos começam a consciencializarem-se sobre o assunto, e não esperam que os hipermercados invadam as suas vilas e cidades, preferindo começar a cultivar eles próprios os legumes em hortas urbanas, algumas delas de carácter comunitário ou de bairro, ou então optam deliberadamente por comprar no comércio tradicional.
Organizações como a Community Food Security Coalition desenvolvem determinados projectos para as escolas e hospitais com o objectivo de abastece-las em produtos alimentares frescos, produzidos pelos produtores locais.
Por seu turno, ambientalistas e grupos ecologistas estão a organizarem-se para fomentar o consumo de produtos locais. É o caso da BALLE (Business Aliance for Local Living Economics) que criou uma rede de pequenos agricultores a fim de promover o consumo de produtos locais, e da National Farm Colation que preconiza a revitalização das explorações familiares e da chamada agricultura familiar.

Texto de Kirsten Schwind,
in The Ecologist, nº 25 ( Abril, Maio, Junho de 2006), em castelhano

O que podes fazer:
-Compra no mercado produtos que tenham sido cultivados na tua área
-Pede na escola que consumam produtos da região
-Opõe-te e mostra a tua oposição aos Acordos coercivos impostos pelos arautos do neoliberalismo
-Ajuda a construir redes entre organizações locais e os agricultores de outros países de forma a juntos transformarem o sistema de mercado alimentar.



Consultar:

www.viacampesina.org

www.nffc.net

www.foodfirst.org

www.foodsecurity.org

A Wal-Mart é o melhor amigo da China!!!



Em 2005 o défice comercial dos Estados Unidos atingiu um recorde absoluto: 726 mil milhões de dólares. O que constitui um aumento de 17% relativamente ao ano de 2004.
O valor do défice comercial representa qualquer coisa como 5,8% do Produto Interior Bruto dos Estados Unidos da América, o que constitui também um recorde jamais atingido desde 1929.
O défice comercial deve-se principalmente à chamada factura petrolífera ( 229 mil milhões de dólares), assim como das importações provenientes da China ( 200 mil milhões, mais 25% do valor registado no ano anterior).

A Wal-Mart, a conhecida cadeia de distribuição norte-americana, aonde 8 em 10 norte-americanos se abastecem regularmente, abastece-se hoje em dia massivamente no mercado chinês, o que leva os seus críticos a consideraram a Wal-Mart – empresa de um poderoso grupo económico de origem americana e presente já em vários países, em todo o mundo – como o melhor amigo da China, uma vez que se calcula que 70% dos seus produtos contêm algum componente de origem chinesa, dado que em 2005 a mesma Wal-Mart adquiriu produtos chineses no valor de 18 mil milhões de dólares.

Esta política comercial da Wal-Mart – compras no mercado chinês - significa a deslocalização de um milhão de empregos americanos para a China!!!

Fonte:
www.walmartwatch.org