1.11.05

470 físicos contra a política militar norte-americana


Mais de 470 físicos norte-americanos, 7 dos quais laureados com o prémio Nobel, acabaram de assinar uma petição a mostrarem-se contra o projecto do Departamento da Defesa dos Estados Unidos que visa autorizar o recurso às armas nucleares contra os países não nuclearizados.
Esta alteração é vista como um preparativo para uma possível e futuro ataque ao Irão com armas nucleares.
Recorde-se que nos anos 1960 foi consagrada nos Estados Unidos a doutrina política segundo a qual o emprego da bomba atómica só se pode dar em resposta ao ataque de uma potência nuclear. Ora segundo reza o texto que pretende visar a nova orientação da doutrina militar dos Estados Unidos, o Exército dos Estados Unidos poderá desencadear uma ataque nuclear « a fim de favorecer o fim de um conflito armado, para garantir o sucesso de operações militares norte-americanas e internacionais, para prevenir toda a tentativa de emprego de armas de destruição maciça da parte do adversário ou para responder a uma ataque com armas de destruição maciça».
Segundo os signatários desta petição contra esta nova doutrina militar o governo norte-americano pretender ampliar as possibilidades de uso das armas nucleares, convencionais, químicas e biológicas, o que significa também a intenção governamental dos Estados Unidos de enterrar o tratado de não proliferação de armas nucleares.

Fonte:
http://www.infoscience.fr/breves/breves.php3?niv=1&Ref=1793

Anti-arte e a sua recuperação pelo mercado



As primeiras vanguardas, tais como o fauvismo, o expressionismo ou o cubismo, apesar de veicularem propostas revolucionárias, não conseguiram superar as categorias convencionais com que a Academia tradicionalmente divide e classifica as artes: pintura, poesia e escultura. Aqueles artistas vanguardistas do princípio do século XX não só continuaram a pintar quadros e esculpindo formas como ainda continuaram aferrados à ideia de estilo que caracterizou os seus respectivos movimentos.
Fugindo aos horrores da guerra, um grupo de poetas e artistas vanguardistas refugiaram-se, entretanto, em Zurique e concluíram então que a racionalidade do pensamento bem assim como o refinamento das artes não serviram para travar o massacre da guerra pelo que, em consequências, vieram a optar por uma arte irracional e provocadora. É assim que surge por volta de 1916 o dadaísmo, um movimento artístico que renega a pintura de cavalete, a poesia discursiva e a estatuária representativa para, em alternativa, proporem umas obras híbridas, nas quais o quotidiano e o fantástico se dão as mãos aos misturarem objectos, palavras, cores, sons, volumes e movimentos numa mesma obra, sem atender a regras. Mas ainda foram mais longe quando qualificaram os seus próprios actos e criações como de antiarte e, coerentemente, alguns deles renunciaram ao conceito de autoria sobre a qual repousava a visão romântica de arte.

Os ready made de Marcel Duchamp, os poemas optofonéticos de Raoul Hausmann, os «merz» de Kurt Schwitters, os collages de Max Ernst, as películas rítmicas de Hans Richter, os relevos biomórficos de Jan Arp , os mecanismos de Francis Picabia, as proclamações políticas de Johannes Baader, as «raiografias» de Man Ray, a música para mobilar de Eric Satie, as denuncias antimilitaristas de George Groszy e as fotomontagens de Hannah Hoch são ainda hoje fontes inesgotáveis de sugestões para a criação.
A enorme variedade de fenómenos artísticos que originaram as vanguardas entre 1905 e 1914, ano em os grupos dadaístas se dissolveram, constituiu o caldo de cultura de praticamente todas as tendências e comportamentos artísticos do século XX. De resto, o enorme potencial criativo que deram mostram ainda é fonte e génese de muitas correntes e atitudes, quando sobre o seu acervo e influência se aplicam os novos meios e tecnologias.
Assim, por exemplo, as propostas dadaístas não influenciaram apenas o surrealismo mas marcaram ainda o dripping de Jackson Pollock, a aleatoriedade sonora de John Cage, os objectos pop de Claes Oldenburg, as apropriações de Jeff Koons, a técnica de amontoamentos de Robert Rauschenberg e de Arman, os happenings do grupo Fluxus e as derivas da Internacional Situacionista, bem como a poesia fonética de Erns Jandel, que constituem algumas das amostras da grande herança artística que o dadaísmo deixou.
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Infelizmente a irreverência subversiva do dadaísmo tem vindo a perder-se senão mesmo a desaparecer. O humor, a paródia, a irracionalidade e o absurdo que tinham sido as armas contra a situação opressiva da época são hoje, desgraçadamente, meros recursos compositivos utilizados, sem qualquer sentido crítico, pelos artistas nas suas obras convertidas em meras banalidades.
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Perante a provocação e a surpresa de que se revestiam as criações dadaístas, muitas das actuais obras contemporâneas não deixam de gerar a quem as vê uma sensação de fastio, de já visto e de indiferença. Os antigos recursos subversivos dos dadaístas converteram-se nas mãos dos artistas do actual mercado em meros elementos decorativos que não param de lhes encher as carteiras

Uma outra cidade é possível



Uma cidade justa é aquela em que a justiça, a alimentação, a habitação, a educação, a saúde e a esperança estejam distribuída de maneira justa

Uma cidade bela é aquela em que a arte, a arquitectura e a paisagem estimulem a imaginação e o espírito

Uma cidade criativa é aquela em que o pensamento livre e o experimentalismo mobilizem o potencial criativo dos seus cidadãos e permitam uma resposta rápida às mudanças.

Uma cidade ecológica é aquela que minimize o seu impacte ecológico, aquela em que a paisagem e a parte construída estejam em equilíbrio, e em que os edifícios e as infraestruturas sejam seguros além de se mostrarem eficientes no uso dos recursos.

Uma cidade de fácil contacto e mobilidade, na qual se troque informação entre as pessoas como por via electrónica

Uma cidade compacta e policêntrica que proteja o campo, para que o principal sejam as comunidades e a sua integração nos bairros e que se maximize a proximidade.

Uma cidade diversa em que uma ampla gama de actividades se desenvolvam, criem animação, inspiração e fomentem uma intensa vida pública

Autor: H. Girard

A linguagem do poder descodificada


Quando eles dizem segurança, querem falar de repressão

Quando eles falam de modernização, querem dizer desorganização e desmantelamento social

Quando eles falam de reestruturação, estão a confessar o seu objectivo de desempregar alguém.

Quando eles se referem a uma redução de custos, querem referir-se a uma repartição de prejuízos.

Quando eles mencionam a confiança das famílias querem referir-se ao poder de compra

Quando eles escrevem operações cirúrgicas, deve-se entender por bombardeamentos massivos

Quando eles falam de Planos Sociais, referem-se a despedimentos colectivos

Quando eles falam de danos colaterais, referem-se a bombardeamentos a populações civis

Quando eles falam de abertura do capital, querem referir-se a uma privatização

Quando falam de comunicação, querem referir-se a propaganda.

Quando falam de flexibilidade, querem referir-se a trabalho precário.

Quando falam de recursos humanos, estão a pensar nos trabalhadores

Ver:
http://www.legrandsoir.info/article.php3?id_article=29

(continua…)

Catástrofe ecológica no Reno em 1 de Novembro de 1896

(o pior acidente ecológico na Europa depois de Tchernobil)

No dia 1 de Novembro de 1986, a água usada para combater um grande incêndio na fábrica Sandoz, na Suíça, empurrou produtos altamente tóxicos para o rio, matando por envenenamento todos os seres vivos no Alto Reno.

O incêndio que começou na noite de 1 de Novembro de 1986, na fábrica da Sandoz, em Basileia (Suíça), abalou a confiança da população europeia na indústria química. Em poucos minutos, os seis mil metros quadrados do depósito 956 foram consumidos pelas chamas. Mais de mil toneladas de insecticidas, substâncias à base de ureia e mercúrio transformaram-se em nuvens tóxicas incandescentes. Tambores de produtos químicos explodiram no ar como se fossem granadas.

O cenário era tão assustador que as autoridades de segurança pública, pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial, deram alarme geral na região de Basileia. Os moradores da vizinhança foram obrigados a fechar as janelas e permanecer dentro de casa. Quatrocentas mil pessoas estavam em perigo. Directamente ao lado do prédio em chamas, havia um depósito de sódio e fosfórico (cloreto de carbonila) - gás tóxico, utilizado como arma mortífera na Primeira Guerra Mundial.

Protestos da população

Milhares de suíços reagiram com manifestações contra a indústria química, responsável por 50% dos empregos em Basileia. Embora não houvesse mortos e feridos entre os seres humanos, a vítima fatal do acidente foi a natureza. A água usada para apagar o incêndio dissolveu e arrastou para o Reno 30 toneladas de produtos químicos, principalmente agrotóxicos venenosos.
Nos dias seguintes, morreram todos os seres vivos do rio, que abastece 20 milhões pessoas - de Basilaia a Rotterdam (Holanda) - com água potável. Entre Basileia e Karlsruhe (na Alemanha) foram encontradas mais de 150 mil enguias mortas. O rio ficou ecologicamente morto após a maior catástrofe já ocorrida no Alto Reno, e que é considerada a pior catástrofe ecológica depois do acidente com o reactor nuclear de Tchernobil.

A CNT faz hoje 95 anos


A CNT, central anarco-sindicalista espanhola, faz hoje 90 anos de existência. Foi no ano de 2010 que no dia 30 de Outubro e 1 de Novembro que se celebrou o Congresso fundacional da CNT, realizado no Salão das Belas Artes de Barcelona e no qual foi eleito José Negre como seu secretário-geral.

Recorde-se que no Estado espanhol já tinham sido constituídas várias organizações anarco-sindicalistas desde a criação em Londres em 1864 da Associação Internacional de Trabalhadores (AIT), a chamada I Internacional.
Com efeito, em 1870 aparece a Federación Regional Española (1870-1881); em 1881 é criada a Federación de Trabajadores de la Regional Española (1881-1888); de 1889 a 1896, surge o Pacto de Unión y Solidaridad de la Región Española; de 1900 a 1906, é a vez da Federación Regional de Sociedades de Resistencia de la Regional Española; em 1907, a Unión Local de Sociedades Obreras de Barcelona; de 1907 a 1910 existiu a Federación Solidaridad Obrera, primeiro a nível local (Barcelona), e depois regional (Cataluña); e é a partir daqui e a pedido de outras organizações operárias do Estado espanhol que foi convocado o Congresso de fundação da CNT, que se realizou em 30 Outubro e 1 de Novembro de 1910.