4.5.05

Falecimento do co-fundador da greenpeace

O jornalista canadiano Bob Hunter, co-fundador da organização ecologista internacional Greenpeace, morreu hoje aos 63 anos, vítima de doença prolongada.

Hunter era colunista de um jornal em 1971 quando ele e um grupo de 11 activistas de Vancouver decidiram viajar num velho barco de pesca, ao qual chamaram “The Greenpeace”, para Amchitka (Alasca), local onde os Estados Unidos estavam a realizar testes nucleares.

A embarcação foi detida pelas autoridades norte-americanas mesmo antes de chegar a Amchitka mas a tentativa de deter os testes ganhou ampla atenção dos media, gerando protestos no Canadá e Estados Unidos e que levou 5 meses depois ao cancelamento dos ensaios necleares nas ilhas Aleutianas, no Alasca

Hunter tornou-se o primeiro presidente da Greenpeace. “Talvez mais do que ninguém, Hunter inventou a Greenpeace”, declarou hoje a organização em comunicado.
O seu conhecimento dos media e o sentido de humor foram cruciais para a sobrevivência inicial da organização, considerou Patrick Moore, outro co-fundador.


Hunter também foi o autor do nome The Rainbow Warrior que baptizou o navio da organização, e é também um conceito trazido da mitologia dos índios, que acham que um dia as raças do mundo vão-se unir como um guerreiro arco-íris para defender a Terra.

Os perigos dos transgénicos

No http://ondas2.blogs.sapo.pt/ do passado dia 3 de Maio de 2005 aparece uma lista sucinta dos perigos que representam os transgénicos, texto elaborado por Kurt Cobb, do Resource Insights, e que está traduzida para português.
A ler. Para que conste.

Resistir à publicidade


No http://bioterra.blogspot.com/ do passado dia 29/4/ 2005 apareceu um texto do primeiro jornalista ecologista português, Afonso Cautela, escrito há mais de 30 anos intitulado " Resistir à publicidade".
Imperdível. A ler, pois.

A Memória do Elefante(Porto, 1971-1974): uma publicação de contra-cultura


A Memória do Elefante publicou-se no Porto a partir de 1971 . De periodicidade mensal, mas bastante irregular,caracterizou-se por uma abordagem transgressora e frequentemente polémica de temas culturais da altura. Publicou diversas entrevistas e textos de análise sobre o movimento da nova canção portuguesa. Foram publicados 13 números.

Os seus principais responsáveis eram João Afonso, Joaquim Lobo, Pedro Nunes e Mário Jorge Morais.
(Existiu também o suplemento "O ELEFANTE" )


Tratava-se de um jornal de Música Popular, Jazz, Rádio, com origem na cidade do Porto, que saiu entre 1971 e 1974, com direcção de Joaquim Lobo, Editor Jorge de Morais, Relações Públicas João Afonso Almeida, Supervisão de Pedro Nunes, colaboração de António José Fonseca, Mário Gonçalves, Octávio da Fonseca e Silva, Jorge Lima Barreto, Pedro Proença, António Barredo Oliveira, Renato Silva, ...
Do editorial de um dos seus números retiramos o seguinte excerto:

"A Memória do Elefante tem sido e continua a ser por enquanto, um trabalho quase só de amadores não remunerados cuja acção procura concretizar um ideal de crítica. Estamos alheios aos jogos de interesses que orientam, subrepticiamente ou não, muitos representantes da nossa informação profissional (orgulhosamente). Os nossos redactores não têm obrigação de, como último recurso de incapacidade, encher umas quantas folhas de papel com as futilidades mais incríveis da vida mundana de personalidades pseudo-importantes do nosso putrefacto meio artístico, precisamente as personalidades «progressistas» (ah! ah!) que conduzem à recuperação da contra-cultura. A Memória do Elefante não é de, nem para escatófagos (...)"
[A Memória do Elefante, nº 11, Janeiro de 1974]

Fazer a Festa (6 a 15 de Maio), Festival de Teatro

De 6 a 15 de Maio vai-se realizar a 24ª edição do "FAZER A FESTA - Festival Internacional de Teatro", a decorrer nos jardins do Palácio de Cristal, numa organização do TEATRO ART' IMAGEM.

A PROGRAMAÇÃO é bastante diversificada e encontra-se no site http://www.teatroartimagem.org.

Para portadores de cartão estudante ou jovem, o preço do bilhete é de três euros!

Testemunho dos jovens de Hiroshima (II)



Testemunho de Kiyoko Tanaka, rapariga, estava na 3ª classe em 1945


Foi no dia 6 de Agosto de 1945 que caiu a inesquecível bomba atómica. Mesmo agora tremo quando pensão naquele tempo. Não fui evacuada com a minha classe e por essa razão estudava numa secção descentralizada da escola próxima. Nesse dia, saí para brincar com as minhas amigas do bairro. Quando surgiu o clarão eu estava debaixo da casa onde brincávamos. « Se ficar aqui assim, sem nada fazer, não sei o que acontecerá!» Enquanto pensava isto notei que, em certo ponto, havia uma fenda. De rastos, fui até lá, e deslocando algumas tábuas para o ado consegui escapar-me. Uma vez no exterior vi, para meu espanto, que não fora só esta casa onde brincava mas todas as casas onde a vista alcançava tinham desabado e estavam a arder. Quando vi isto preparei-me para chorar mas pensei: «Chorar não modificará as coisas», e decidi ir para casa. Quando por fim cheguei a casa, a Mãe tinha posto o bebé de um ano no cimo de uma pilha de trouxas e trazia furiosamente as coisas para a rua. O bebé estava inconsciente, talvez devido à surpresa.
A mãe ficou contente quando me viu:
«Vem, afastemo-nos daqui. Queimar-nos-emos até morrer se continuar a fazer isto durante muito tempo»
E pondo as trouxas às costas e o bebé nos braços, partiu acompanhada por mim.
Vimos uma pessoa com uma grande lasca de madeira espetada num olho – suponho que talvez ele não conseguisse ver – e errava por ali, como um cego. Sem saber exactamente aonde íamos, seguimos todos os outros que fugiam.
No caminho para a colina de Hiji vimos pessoas saltar para dentro de tanques de água porque as suas queimaduras as atormentavam.
Outros estavam sentados na berma da estrada, dizendo a toda a gente que passava:«Por favor, deite-me água em cima», ou, « Dê-me água, por favor». Algumas delas bebiam aágua suja da beira da estrada.
Enquanto subíamos a colia de Hiji vimos uma grande árvore que ardia a partir-se ao meio. Quando chegamos ao cimo da colina e olhámos para baixo notámos que as cercanias eram todas um mar de chamas. E no cimo da colina, aqui e ali, pessoas queimadas e feridas estavam estendidas no chão, gemendo, ou mexiam-se agitadas, em redor.
Depois disto, descemos para Danbara. Danbara não ardia, mas praticamente todas as casas tinham desabado, e a única que ainda se encontrava de pé estava quase toda desconjuntada. Na soleira da porta viam-se sandálias, e algumas pessoas que passavam puseram-nas nos pés e continuavam o seu caminho.
Um pouco mais além um homem gritava através de um megafone; dizia que todos os que estivessem feridos se deviam dirigir para Ninoxima. Decidimos partir para ali e metemo-nos num barco, no rio.
Diante da mãe estava sentada uma jovem com a minha idade. Todo o seu corpo estava cobertto de queimaduras e feridas, e sangrava.
Parecia ter muitas dores e chamava sem cessar a mãe. Esta virou-se de súbito para a minha mãe e disse: «Senhora, a sua filha está aqui?»
A mãe respondeu afirmativamente e ela deu-lhe alguma coisa para as mãos.
Era uma lancheira com o almoço que a mãe preparaa e lhe dera naquela manhã quando a jovem partira para a escola.
«Não queres comê-lo, tu?», perguntou a minha mãe à jovem.
«Vou morrer. Dê-o à sua filha.»
Aceitei. Começamos a descer o rio quando o barco chegou ao mar a pequena soltou o último suspiro e morreu.
Senti-me terrivelmente triste por ela. A mãe e eu chorámos juntas.
Quando chegámos dirigimo-nos imediatamente para o posto médico. Encontrámo-lo cheio de pessoas queimadas e feridas. Entre elas havia algumas que tinham enlouquecido devido às dores e corriam em redor dos doentes.
Como ficaria feliz se todas estas pessoas não tivessem sido queimadas nem feridas e fossem vivas agora, e também se aquela criança do barco não tivesse sido queimada e sobreviesse.



Texto escrito em 1951, por Koyko Tanaka

Reproduzido do livro « Testemunho dos Jovens de Hiroxima», ed. Portugália, 1965, tradução portuguesa do original «Children of the A-Bomb, the testamento f the boys and girls of Hiroshima»